3 de nov. de 2010

CARTÃO DE CRÉDITO PODE SALVAR NO APERTO

jornal Diário do Grande ABC 03/11/2010 - Pedro Souza

Armadilha para quem perde o controle das contas e os juros mais altos entre as modalidades de empréstimo. O cartão de crédito é ferramenta de liquidação de débitos que exige cuidados e boa administração para não entrar em roubada e pagar o custo do rotativo, que atingiu em média 10,69% ao mês em setembro. Por outro lado, ele oferece benefícios variados que podem salvar o consumidor do momento de aperto.

Opções com taxas adicionais, ou não, asseguram o portador contra perda e roubo. Os mais arrojados oferecem cobertura gratuita contra acidente pessoal, morte ou invalidez do titular. As indenizações são variadas, mas na maioria das vezes superam os R$ 5.000.

Com autorização prévia, e sem custo adicional, os clientes também são amparados em caso de problemas com os veículos. Os serviços vão desde o simples reboque à oficina mecânica ou viagens de volta para casa até que o automóvel fique pronto.

Cada banco oferece seus próprios tipos de cartões, que geralmente trabalham com as bandeiras Mastercard, Visa e American Express. Para se ter ideia, apenas dentro de uma instituição financeira há mais de 70 opções de tarjetas.

A superintendente do Citi na área de cartões, Simone Katz, explica que em mercado tão concorrido, os clientes acabam recebendo benefícios comuns entre todos os bancos. "E quem oferecer algo a mais se destaca", diz.

Ela comenta que, para a instituição financeira, várias estratégias estão incluídas na oferta dos benefícios dos cartões. Tendo em vista que dentro deste leque está a visibilidade da marca e a atração de clientes ao banco.

ANUIDADE - Na maioria das vezes, os mais abastados são contemplados com alternativas de maior número de benefícios. No HSBC, por exemplo, há cartões gratuitos para clientes com renda mínima mensal de R$ 7.000.

Mas nem sempre o público de alto poder aquisitivo fica sem custo. É o caso do cartão Citi AA Black, para consumidores com renda mínima mensal de R$ 20 mil e investimento no banco a partir de R$ 300 mil. O valor anual é de R$ 600, porém dá acesso a mais cinco plásticos sem a cobrança.

Quando o salário do usuário é baixo, as anuidades estão presentes. Na Caixa Econômica Federal, quem comprovar renda de no mínimo R$ 400 terá anuidade de R$ 60. É o custo da oportunidade de pagar os produtos alguns dias depois da compra.

Pesquisando, é possível encontrar cartões que não cobram valor anual nos primeiros 12 meses de utilização. Após este período, não há como escapar.

No BB (Banco do Brasil), os estudantes têm acesso à tarjeta sem a primeira anuidade. Eles são beneficiados ainda com o custo de manutenção menor que de outros plásticos. São R$ 4 por 12 meses.

COMODIDADE - Além de introduzirem os consumidores ao mundo virtual, realizando transações em sites de compras, os cartões de crédito são moeda em viagens internacionais. Depois de liberados nos bancos, os plásticos tiram a preocupação do turista de procurar casas de câmbio. Os saques ocorrem direto em caixas eletrônicos ligados às bandeiras - Visa, Mastercard e American Express, por exemplo.
Desconto na compra de carros chega a até R$ 20 mil

Acumular pontos também é função dos plásticos. Quanto mais o consumidor utilizar o cartão para seus pagamentos, maior a pontuação. Essas bonificações podem ser trocadas por desconto de até R$ 20 mil na compra de um carro Mitsubishi.

O ItaúUnibanco é responsável pela promoção. Mas nada é de graça, muito menos quando os gastos com os cartões para receber o desconto no veículo devem beirar os R$ 400 mil em até dois anos.

VIAGEM - Algumas instituições oferecem trocas de pontos por passagens aéreas. Outras colocam à disposição produtos em hipermercados ou descontos em serviços mecânicos.

Todos os nove cartões do BB, quando habilitados, acumulam pontos na função de débito, sendo que a cada US$ 2 gastos, um ponto ganho. No crédito, é U$ 1 para um ponto.

Para os defensores da natureza, também há tarjetas cujo percentual dos gastos vai para organizações de defesa ao meio ambiente.

Negócios com o plástico vão subir 143% em 2015

O montante em transações com cartões, em 12 meses, vai engordar 143% nos próximos cinco anos. A previsão é da Abecs (Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviço), que estima movimento de R$ 1,3 trilhão em 2015.

Para chegar à conclusão, pesquisa da instituição apontou a evolução dos cartões nos últimos dez anos. Enquanto em 2000 foram movimentados R$ 65,7 bilhões, a expectativa é que 2010 encerre com R$ 534,7 bilhões. A década terá avanço de mais de 700%.

Mais adiante, a entidade espera que em 2018, os cartões de crédito e débito representem 40% das formas de pagamentos utilizadas em todo o País. Apenas os pagamentos à vista em dinheiro espécie ficarão na frente, com 50% de participação. Último registro, em 2008, apontou que o percentual dos plásticos era de 22%, e o real em notas mantinha 60%.

Para a Abecs, as famílias terão ao fim deste ano, em média, 25% do seu consumo realizado com cartões.

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