29 de nov. de 2010

EMPRESA DE CARTÃO IGNORA PACOTE E PREVÊ ALTA

jornal DCI 29/11/2010 - Flávia Milhassi

Mesmo com todas as mudanças feitas na última semana pelo Banco Central (BC) e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que aumentou a taxa de pagamento mínimo para 15% e regulamentou algumas ações do setor de cartões, a tendência, segundo empresários do ramo, é que em 2011 haja crescimento do número de "dinheiros plásticos" que circulam no Brasil.

Para Marcelo Monteiro, consultor de mercado, o crescimento de 13% neste ano do setor, pode ser batido no próximo ano. "Há muito espaço aqui, no Brasil, para este tipo de negócio, e a chegada da bandeira Elo -pertencente à Cielo - mostra que o mercado está aquecido", explica o consultor. Ainda segundo Marcelo Monteiro, o mercado investiu R$ 2,3 bilhões na venda de cartões e pode ter até o final deste ano um montante de R$ 10 bilhões em lucros. Para 2011 é possível que o setor amplie a atuação nas vendas desses plásticos em quase R$ 3 bilhões. "Esses dados se referem apenas a cartões com bandeira como a Visa e a MasterCard, não estou contando com os private label, os cartões emitidos pelas redes varejistas", completa o consultor, em entrevista.

Segundo dados divulgados mensalmente pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), de janeiro a setembro deste ano o setor registrou mais de 628 milhões de cartões de crédito ativos no Brasil cujo número de transações ficou em 7,131 bilhões no período, o que totalizou mais de R$ 530 milhões em 2010, um crescimento de 20% em relação ao mesmo período de 2009. Em 2010, espera-se crescimento entre 17% e 19%.

Dentre as muitas possibilidades de expansão no mercado, pode-se destacar a venda de seguros via cartão. Pesquisa realizada pelo instituto Medida Certa e divulgada durante evento promovido pela CardMonitor mostra que o seguro contra perda ou roubo que cobre gastos efetuados por terceiros é o item mais procurado pelos clientes que utilizam cartões. A venda desta modalidade de serviços é maior na população considera A1, que tem maior poder aquisitivo. Da mostra feita com quase dois mil entrevistados, 54% possuem seguro, mas, segundo Ivan Daibert, do Medida Certa, é necessário modificar algumas coisas para que esses seguros continuem a ser vendidos no próximo ano. "Esse serviço precisa ser repaginado, ou perderá adeptos à medida que os cartões de chip se posicionam no mercado." O baixo índice percebido pela pesquisa nas classes C2 e D, mostra a fatia de mercado que deve ser explorada, como explica Ivan. "Isso é mais uma oportunidade de mercado, visto que as classes C e D possuem um 'plástico' de poucos recursos e podem se tornar alvo de ações na venda desses tipos de serviço", diz, e completa: "Os emissores têm uma grande oportunidade de vender mais aos que não têm; como exemplo posso citar o seguro residencial via cartão, quase 95% dos entrevistados não possuem esse serviço e esse nicho do mercado pode ser aproveitado pelas empresas emissoras."

Os serviços podem ser oferecidos a partir de R$ 1, e podem agregar funções como descontos em rede de drogarias, seguro contra acidentes, seguro contra terceiros. "Não tem limite para a oferta de serviços", enfatiza Ivan. O executivo informa que o mercado de cartões de crédito tem muito espaço no País para crescer, em especial com a criação de novas bandeiras regionais.

Além do mercado de serviços adicionais no dinheiro plástico, empresas como Cielo, MasterCard e Visa pretendem agregar em seu portfólio de serviços o já discutido mobile payment, que usará o celular para fazer transações de compra. Para Rômulo de Mello Dias, diretor presidente da Cielo - que conta atualmente com um milhão e oitocentos mil clientes e opera em torno de 2 mil transações por segundo -, esse pagamento via celular será a grande chave para o futuro dos cartões. "Essa tecnologia é o futuro dos cartões de crédito pela facilidade e comodidade do serviço: ele é altamente fundamental em nossa estratégia de posicionamento de mercado, mas não acabará com o plástico", explica o empresário. Além disso, a empresa fechou recentemente a compra de 50,1 % dos ativos da In for You- empresa especializada em recarga de celular -, que totalizaram um investimento de R$ 50 milhões e a parceria com a Oi Pago. Além desse nova tecnologia, a Cielo já adquiriu aplicativos para iPad, iPod e iPod Touch, tudo para facilitar e trazer mais comodidade aos seus clientes e manter-se em primeiro lugar no setor de cartões.

Outro importante vetor que ajudará o mercado de cartões é a ampliação da rede pré-paga, cartões de vale-alimentação e refeição, que a Cielo, em breve pretende atender a Sodexoho Pass.

Há quarenta anos no mercado, a Credicard também aproveita o bom cenário econômico para fazer a empresa ampliar seu número de clientes. Segundo Leonel Andrade, presidente da Credicard, é necessário aproveitar a nova fase do Brasil para ampliar os investimentos. "A carteira de crédito tem crescido e em breve surgirão novos emissores no mercado, novas bandeiras e novos adquirentes", explica.

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