11 de nov. de 2010

SETOR DE CARTÕES DO PANAMERICANO RECEBE R$ 400 MI

portal R7 11/11/2010

O rombo causado por erros no balanço do Banco Panamericano também atingiu o setor de cartões de crédito. Em torno de R$ 400 milhões do total de R$ 2,5 bilhões emprestados para sanar as contas do banco serão direcionados para esta área, segundo o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Sem revelar quais os problemas detectados nos cartões, Meirelles afirmou que o BC vai manter a investigação para determinar as causas dos problemas contábeis detectados no braço financeiro do Grupo Silvio Santos.

- Cartão de crédito não é fiscalizado pelo Banco Central. Não temos informações específicas sobre isso. O que é objeto direto de supervisão do BC é o banco em si.

Em entrevista nesta quinta-feira (11), o presidente do BC afirmou que o MPF (Ministério Público Federal) decidiu investigar a fraude que obrigou o empresário Silvio Santos a fazer um aporte de R$ 2,5 bilhões para cobrir o rombo provocado nas contas da instituição.

O BC investiga a instituição desde o fim de setembro. Segundo Meirelles, os procuradores foram informados dos problemas envolvendo o Panamericano assim que perceberam que havia indícios de fraude nos balanços contábeis.

- Num primeiro momento, frente à ocorrência de algum problema ou indício de irregularidade, o que o BC faz é uma comunicação ao MPF e coloca à disposição todo o processo administrativo. Caso o MPF decida abrir um procedimento ou propor uma ação penal, o BC, aí sim, tem o dever, e o faz, de prestar assistência no sentido de propiciar todos os dados.

O presidente do BC disse que Silvio Santos, dono do grupo que controla o banco, pode ter de vender sua participação no Panamericano para bancar a dívida.

- Ele entregou em garantia ao empréstimo todo o seu patrimônio empresarial, inclusive sua participação no controle do banco. Então é plausível pensar que, para viabilizar recursos para pagamento do empréstimo, uma das medidas possa ser a venda da participação acionaria no banco.

Para Meirelles, a grande conclusão importante “é que foi solucionado um problema sem uso de um centavo de dinheiro público do governo federal”, o que já caracteriza “um final feliz para o episódio”.

O empresário Silvio Santos deu suas 44 companhias e marcas como garantia de pagamento dos R$ 2,5 bilhões emprestados. A avaliação é de que o Grupo SS valha em torno de R$ 2,7 bilhões, incluindo a rede SBT.

Balanço errado

Os problemas no Panamericano surgiram quando o Grupo Silvio Santos pediu o empréstimo bilionário, na terça-feira (9). Quem deu o dinheiro foi um fundo chamado FGC (Fundo Garantidor de Crédito), montado a partir de contribuições de todos as instituições financeiras que atuam do país.

Como garantia de pagamento, Silvio Santos colocou suas 44 empresas e marcas à disposição, entre elas o SBT. O conglomerado é avaliado em R$ 2,7 bilhões. O BC investiga quem cometeu os erros nos balanços e por qual motivo.

Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo informou nesta quinta-feira que o Panamericano vendia carteiras de crédito para outros bancos - entre eles Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC -, mas não dava baixa no balanço.

Funcionava assim: como o banco não levantava os recursos para empréstimos por meio dos depósitos feitos por correntistas, ele vendia parte de suas carteiras, que são como um “pacote” de empréstimos que têm um prazo para ser totalmente devolvido. O banco quer o dinheiro no menor tempo possível, então, o caminho era “vender” o prazo.

Imagine que ele tem um pacote de empréstimos que vale R$ 10, mas que será devolvido em R$ 1 por ano (em 10 anos, portanto). Para ter o dinheiro já, ele vende tudo por R$ 5 agora, embolsa esse dinheiro, e quem comprou vai assumir o risco de esperar os outros R$ 5 serem pagos.

O que ocorreu foi que parte dessas carteiras, mesmo já repassada adiante, continuava entre os ativos do banco, sendo consideradas como “prontas para ser vendidas”. Mas elas não pertenciam mais ao banco.

É como um carro que o proprietário quer vender, negocia com o novo dono, pega o dinheiro, mas continua usando o carro e negociando este veículo com outros, sem se desfazer dele.

O Banco Central suspeita que esta prática foi usada para melhorar os bônus dos executivos e pode estar ocorrendo desde 2006.

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