29 de nov. de 2010

EUA: MUDANDO O JOGO NO CARTÃO

redação Serfinco 29/11/2010

Em entrevista ao site Pymnts.com, a diretora de serviços financeiros globais da Capgemini, Deborah Baxley, disse que 2010 é um momento de extraordinária mudança e revolução na indústria de cartões e pagamentos nos Estados Unidos. Para alguns, a regulamentação financeira ameaça destruir décadas de crescimento e rentabilidade. O país permanece como o último país industrializado a contar com cartões de tarja magnética, e isso o expõe a níveis sem precedentes de fraude. A indústria está em um impasse sobre a adoção de novas tecnologias, incluindo chip e celular.

Reforma financeira representa uma importante complicação

A aprovação do Consumer Protection Act de 2010, que regerá as taxas de interchange no cartão de débito, ganha importância diante de incertezas de como será aplicada a regulamentação.

Os bancos lutarão para compensar a perda de receitas, provavelmente mudando o foco para cartões de crédito e pré-pagos, impondo DDA (Demand Deposit Account) e outras taxas, juntamente com novos serviços de contas e amplos pacotes com preços fixos. O exemplo da Austrália ilustra as consequências de um controle nas taxas de intercâmbio, em que os benefícios aos consumidores não se concretizaram. Na outra ponta, comerciantes que vinham se beneficiando de custos mais baixos na aceitação de cartões de débito, com as novas regras podem dar uma guinada surpreendente, reconduzindo os consumidores ao uso de dinheiro e cheques.

Como podem os bancos responder?

Para Deborah Baxley, a solução seria a criação de um ponto de virada a partir da tecnologia NFC (Near Field Communication). Considerada a onda do futuro, a tecnologia patina na indústria norte-americana de pagamentos há anos. Bancos e operadoras de redes móveis (MNO) arrastam-se em conversações sobre modelos de negócios e acordos de receita. Operadoras relutam em adquirir aparelhos celulares com NFC e comerciantes temem transformar seus POSs em leitores contactless. Enquanto isso, fabricantes de celulares veem seus modelos com tecnologia NFC encalharem.

O exagero de preocupação com os acordos de partilha das receitas impede a inovação. Os participantes deveriam, ao contrário, focar na ‘expansão do bolo’ com o estímulo da inovação. Exemplos como a explosão das mensagens SMS e das vendas de música on-line mostram que uma única empresa visionária pode mudar a indústria. Vários players com milhões de seguidores fiéis têm essa oportunidade, incluindo Facebook, Apple e PayPal, cada um dos quais poderia desencadear um efeito viral. O banco que se associar a um parceiro capaz de mudar o jogo vai desfrutar da vantagem de ser o pioneiro nestes novos fluxos de receita.

O projeto de reforma financeira serve também de incentivo para os bancos investirem na prevenção à fraude. Durante décadas, os Estados Unidos caminharam em direção oposta, enquanto o resto do mundo vem implantando a tecnologia EMV. Mudanças nas fraude, custos, receitas e novas tecnologias fazem o momento atual como certo para os EUA reconsiderarem seus procedimentos. Justificativas passam por fatores como:

1. o país se tornou o elo mais fraco e um dos alvos mais prováveis de fraude de cartão
2. novos terminais POS já possuem padrões EMV embutidos, sem nenhum custo adicional, e o custo de cartões com chip representam menos de 1 dólar de diferença em comparação com um cartão de tarja magnética
3. emissores perderam quase US$ 79 MM em 2008, por problemas que seus portadores de cartão tiveram em viagens ao exterior
4. leitores de chip têm impulsionado os fabricantes para outras modalidades de pagamento, especialmente as formas por proximidade com tecnologia NFC

A diretora da consultoria entende que a implementação de padrões EMV seria aplaudida como um salto gigantesco na direção certa. Os bancos se beneficiariam com a queda das perdas por fraude e ganhariam ajustes nas taxas de intercâmbio, conforme definido pelo Fed.

Para ela, os bancos têm hoje uma oportunidade sem precedentes para refazer a indústria de cartões e construir um futuro no qual os pagamentos sejam mais seguros e convenientes, com oportunidades promissoras de novos negócios não contemplados hoje.

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