10 de nov. de 2010

CSU MODIFICA GESTÃO PARA TENTAR CRESCER

jornal Valor Econômico 10/11/2010 - Graziella Valenti


Enfrentando desafios operacionais, a CSU Cardsystem está determinada a mudar a trajetória recente de seus números, indo além dos tradicionais ajustes de custos em busca de margens maiores.

As mudanças vão começar realmente de cima. A empresa está revendo a composição e a maneira de atuar do conselho de administração, com o objetivo de aproximar o órgão da gestão operacional do negócio. A companhia também promoverá uma modificação na organização executiva.

"Estamos trabalhando nisso há cerca de cinco meses", contou Marcos Leite, principal sócio controlador, presidente do conselho de administração e da diretoria-executiva. "O objetivo é preparar a administração para o crescimento."

A companhia, uma processadora independente de cartões e com atuação também em telemarketing (contact center), chegou na BM&Bovespa em maio de 2006 avaliada em R$ 775 milhões, e poucos meses depois chegou a valer cerca de R$ 900 milhões.

Atualmente, seu valor de mercado está em um terço dessa máxima - R$ 340 milhões no fechamento de ontem. Apesar do desempenho desde que chegou à bolsa, a recuperação foi vigorosa após a mínima alcançada durante a crise global, quando sua capitalização ficou perto de R$ 100 milhões.

As principais dificuldades encontradas pela companhia recentemente foram no segmento de teleatendimento. No ano de estreia, a companhia teve receita líquida de R$ 313,6 milhões e, no ano passado, de R$ 394,8 milhões. Em 2010, a receita líquida acumulada nos primeiros seis meses mostra queda de 1,7%, para R$ 196,4 milhões - e a rentabilidade da atividade também não avançou.

Hoje a companhia divulga, após o fechamento do mercado, o desempenho no terceiro trimestre.

A primeira modificação ocorreu no fim de outubro, com a chegada do ex-presidente do Citibank Brasil Álvaro de Souza ao conselho da empresa. "Esse é nosso primeiro passo para fortalecer esse órgão."

Com a chegada de Souza, o colegiado passou a contar com oito membro, sendo seis independentes. Há intenção de trazer ainda mais um nome no próximo mês, elevando a formação do conselho para nove participantes. No entanto, Leite não quis antecipar quem será. A ideia, contudo, é que sejam profissionais que possam contribuir com a estratégia e a gestão.

Souza, que também foi presidente do conselho da Credicard e hoje atua no conselho da companhia aérea Gol e no conselho fiscal da Ambev, poderá contribuir com sua experiência no mercado de cartões, pois viveu o processo de abertura do mercado e o fim da exclusividade nesse ramo nos Estados Unidos - processo semelhante ao que vive o Brasil atualmente com Redecard e Cielo perdendo a exclusividade de uso da marca.

Junto com Leite planejará a formação de comitês que possam colocar em marcha o plano de aproximação da gestão. Leite acredita que algumas medidas poderão ser tomadas num prazo de dois a três meses. "Não há uma fórmula única para melhorar a gestão. É preciso mapear as necessidades de cada empresa e criar um plano de ação", completou Souza. "Mas nada disso se faz da noite para o dia."

As modificações, contudo, irão além do conselho. Na parte executiva, da gestão do dia-a-dia do negócio, a administração será dividida em três áreas: teleatendimento, cartões e marketing. Historicamente, apesar de estar numa fase decrescente, o ramo de teleatendimento responde por quase metade da receita da empresa.

Para comandar essa área, a CSU contratou Luís Guilherme Prates, que atuava como vice-presidente comercial da Contax, que nasceu dentro do grupo Oi. Desde a semana passada, Prates está tomando pé do negócio, mas tem muito clara sua meta. "Recuperar o crescimento no segmento e a rentabilidade." Para isso, a empresa buscará novos clientes e tentará recuperar aqueles que foram perdidos nos últimos tempos.

A CSU tem quatro mil posições de atendimento e está entre as dez maiores do país. De acordo com Prates, a estrutura da empresa permite dobrar esse número rapidamente. A aposta do executivo é no retorno da terceirização dos serviços nessa área e em oportunidades especialmente nos setores de telecomunicações e financeiro.

A receita de Prates parece simples, não fosse pelas características do setor. Ele quer, além de conquistar novos clientes com indicadores de eficiência de atendimento, ampliar a margem ao reduzir o índice de troca de funcionários.

Para as demais áreas de negócio, Leite ainda não tem em vista os executivos. As mudanças virão mais à frente. Segundo ele, as modificações não visam seu afastamento, seja da diretoria ou do conselho, apesar de o novo regulamento do Novo Mercado exigir o fim da sobreposição desses cargos num prazo de três anos. Contudo, ele destaca que as atuais providências facilitarão essa passagem.

Um comentário:

Crespo disse...

Desejo muito boa sorte para o Prates! E pode contar com o meu Time e juntos faremos da CSU a maior empresa de cantact center...