3 de nov. de 2010

PERIFERIA AINDA RESISTE A CARTÃO

jornal Diário do Comércio 03/11/2010 - Neide Martingo

Que os cartões (de débito e crédito) estão cada vez mais presentes na vida dos consumidores e são o futuro das relações comerciais no Brasil e no mundo, ninguém duvida. Mas, apesar de toda a disseminação e ao contrário do que ocorre em outros países, o fato é que o uso do plástico ainda não chegou às transações de menor valor feitas no dia a dia dos brasileiros. Esforços não faltaram por parte das operadoras de cartão para atrair o público das classes C, D e E, mas parece que elas se esqueceram de convencer também os pequenos comerciantes a aceitarem o pagamento com os plásticos.

Afinal, de que adianta o consumidor possuir o cartão se não pode utilizá-lo onde costuma fazer as suas compras?

Uma série de fatores ainda dificulta a popularização do meio de pagamento. Encabeça essa lista o pagamento de aluguel pela utilização dos equipamentos de processamento – o que, dependendo do preço das mercadorias comercializadas, pode tornar os plásticos menos atraentes para o comerciante. Além disso, há a própria atuação das operadoras de cartões, que se concentraram, nos últimos anos, apenas em atrair os consumidores.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, a predominância do uso de cartões em transações de maior valor é um fato em 11 capitais brasileiras, ao passo que a compra de produtos de preços menores geralmente é feita por meio de dinheiro vivo. O estudo mostra que 63% dos consumidores utilizam os plásticos para pagar roupas e calçados, e 53%, para comprar passagens aéreas. E 56% dos entrevistados optam por essa modalidade de pagamento ao se hospedar em hotéis e pousadas.

Já o dinheiro é a opção escolhida para a aquisição de jornais e revistas (89% dos entrevistados), pagamento de mensalidades escolares (87%) e de serviços médicos (87%).

"Muitos desses estabelecimentos não aceitam cartão como forma de pagamento", afirmou o diretor do Datafolha, Luis Gomes Alves, revelando assim o obstáculo para a disseminação dos plásticos. Dessa forma, a vontade das empresas de difundir na população o hábito de utilizar cartões em qualquer pagamento – inclusive do cafezinho, de frutas e legumes das feiras livres, ou de cosméticos vendidos em domicílio – ainda estaria distante da realidade brasileira.

Expansão – A pesquisa do Datafolha mostra ainda que 71% das pessoas que têm acima de 18 anos possuem algum meio eletrônico de pagamento atualmente. Além de cartões de crédito e de débito, essa modalidade também inclui os plásticos que emitidos por lojas, chamados de private label. Em 2009, o índice era de 67%.

Para Alves, o crescimento foi estimulado pela participação das classes C, D e E, beneficiadas pela melhora da renda e do mercado de trabalho. No entanto, o diretor do Datafolha acrescentou que ainda há bastante espaço para crescer neste segmento.

O levantamento indica que 83% das pessoas que pertencem às classes A e B têm um plástico. Já nas classes D e E, o número cai para 41%.

Nenhum comentário: