4 de nov. de 2010

CIELO PREVÊ QUEDA DE TAXAS

portal Monitor Mercantil 04/11/2010

A administradora de cartões de crédito Cielo trabalha com a perspectiva de queda das taxas cobradas dos lojistas pelas transações com cartões de crédito e do aluguel cobrado pelos terminais que fazem a captura das transações. O presidente da companhia, Rômulo de Mello Dias (foto), destacou que as renegociações de contratos, já têm demonstrado esta tendência, como pôde ser verificado entre julho e setembro deste ano.

- É razoável esperar redução gradual por conta das negociações - disse, durante teleconferência com a imprensa para comentar o resultado do terceiro trimestre da empresa. Entre o segundo trimestre para o terceiro, a taxa ajustada do período recuou de 1,24% para 1,21%, considerando a média para os cartões de crédito e débito.

Mesmo assim, Dias destacou que o cenário ainda é promissor para a indústria de cartões de crédito. Durante a apresentação, ele explicou que o cenário macroeconômico beneficia não somente o aumento da penetração dos cartões como meio pagamento, mas também pela expectativa de crescimento do acesso da população brasileira a serviços bancários, o que deve naturalmente impulsionar o uso de serviços financeiros. Em 2009, apenas 22,5% das transações no varejo foram feitas com cartões. Os dados mais recentes, referentes ao segundo trimestre, mostram que este percentual já é de 23,1% ou 1,53 ponto percentual acima do mesmo período no ano anterior.

Para se beneficiar deste cenário, a estratégia da Cielo é privilegiar as grandes bandeiras, que tem um número maior de pessoas físicas usuárias e realizar novas parcerias com instituições financeiras de maior porte.

- Isso não significa que não vamos dar importância para as bandeiras menores. Novos acordos com bandeiras de menor porte estão sendo costurados - ponderou Dias. Recentemente, a companhia anunciou um acordo em setembro com a Policard, empresa mineira focada em cartões de benefícios.

Com relação às parcerias com as instituições financeiras, Dias lembrou que a Cielo fechou contrato de credenciamento de lojistas com o Banco Safra.

- Dos sete maiores bancos do país, já temos acordo com cinco - afirmou.

Além do Safra, a Cielo tem contratos similares com o Bradesco, Banco do Brasil, HSBC, Caixa Econômica Federal, além do Safra. Nos três primeiros bancos, a Cielo é credenciadora preferencial. Nestas parcerias, além do credenciamento, a Cielo também atua com as operações de antecipação de recebíveis. No terceiro trimestre, a receita com esse serviço somou R$ 113,3 milhões, crescimento de 127,8% em relação ao mesmo período de 2009 e 16,7% em relação ao segundo trimestre de 2010. Nos últimos 12 meses, a Cielo fez 360 mil credenciamentos de estabelecimentos comerciais. A maior parte foi realizada através dos bancos.

A Cielo também anunciou, ao final do terceiro trimestre a formação de uma joint venture com a operadora de telefonia Oi. A nova empresa será especialista em adquirência de pagamentos móveis. A nova oferta completa as possibilidades de utilização do celular como meio de pagamento, seja na função de cartão, seja na função de POS. Segundo o relatório da Cielo para o mercado, a operação visa fomentar a adoção de pagamentos móveis no País e permitirá que a Cielo aumente sua penetração em segmentos hoje ainda inexplorados, principalmente pela questão de comodidade e mobilidade como, por exemplo, vendas porta a porta, serviços de entrega, táxis, feirantes e profissionais liberais.

A Cielo também passa a participar diretamente ou por meio da joint venture da adquirência de todas as transações realizadas utilizando celulares Oi na função de cartão. A joint-venture inicia operações com 75 mil estabelecimentos já cadastrados e 250 mil usuários, um legado da iniciativa Oi Paggo, e passa a contar imediatamente com a maior rede de adquirência do País. A Cielo contribuiu com R$ 2 milhões para formação do capital de giro da joint venture e não há plano de investimentos relevante, uma vez que as empresas controladoras já possuem as competências e estrutura necessárias para operar esta atividade.

Resultados - No terceiro trimestre, a Cielo capturou 1,038 bilhão de transações, um crescimento de 20,6% em relação ao mesmo período de 2009. O volume financeiro de transações totalizou R$ 67,3 bilhões, representando um acréscimo de 24,1% quando comparado aos R$ 54,2 bilhões no mesmo período em 2009 e de 9,2% em relação ao segundo trimestre deste ano. Diante do crescimento das transações, a Cielo registrou lucro recorde neste terceiro trimestre. O resultado líquido da companhia somou R$ 488,1 milhões, alta de 23% perante os R$ 396,7 milhões registrados no mesmo intervalo do ano passado. O valor ficou ligeiramente abaixo do número preliminar divulgado pela empresa em 28 de outubro, que era de R$ 488,5 milhões.

A receita líquida ajustada, que inclui a antecipação de recebíveis, totalizou R$ 1,137 bilhão, com ampliação de 23%. Houve o incremento das receitas de comissões e de transações com crédito e débito. Na comparação com o terceiro trimestre de 2009, a Cielo registrou aumento de 21,6%, para R$ 812,8 milhões, no faturamento com as comissões. Já a receita de transações com cartão de crédito avançou 18,8%, para R$ 608,6 milhões, e a receita de transações com cartão de débito aumentou 30,9%, para R$ 204,2 milhões.

O Ebitda ajustado, que exclui os ganhos líquidos nas operações de antecipação de recebíveis da administradora de cartões, subiu 20,9% perante o intervalo julho-setembro de 2009, totalizando R$ 760,6 milhões. A margem Ebitda ajustada da Cielo ficou em 66,9%, uma redução de 1,1 ponto percentual em comparação ao mesmo período de 2009.

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