5 de nov. de 2010

REDES DE VAREJO DEVEM CRIAR SUAS PRÓPRIAS CREDENCIADORAS

jornal DCI 05/11/2010 - Fernando Teixeira

Compartilhamento de terminais, bancos pequenos e médios coletando pagamentos de cartão e de outros meios eletrônicos e grandes bancos processando operações parecem ser o futuro do setor de adquirência no Brasil. Até mesmo redes de varejo devem criar seus meios de recebimento eletrônico.

"O mercado de credenciamento deve rumar para empresas de nicho. Já existem projetos para criar adquirentes em redes de postos de combustível e de supermercados", revelou o presidente da Partner Consultoria, Álvaro Musa, que acredita em menores taxas para o varejo e novos atores no mercado.

Musa entende que varejo e bancos de todos os portes tendem cada vez mais a fazer alianças para processar operações e diminuir "grandes gastos". "O mercado deve crescer muito, pois tem espaço para credenciadoras tradicionais ou não. O foco das adquirentes deve ser crescer onde a presença é menor, como nas periferias e na baixa renda."

Ele analisa que as empresas existentes devem suprimir margens por causa do fim do monopólio. "Eles acirram a concorrência entre si. No médio prazo, as taxas devem ser parecidas com as praticadas no mercado internacional. Contudo, a lucratividade virá do maior volume compensado pelas empresas." Opinião partilhada pelo presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias. "É razoável esperar redução gradual nas taxas por conta das negociações." Entre o segundo trimestre e o terceiro, a taxa ajustada do período recuou de 1,24% para 1,21%, considerando a média para os cartões de crédito e de débito.

A credenciadora deve focar seus esforços para capturar prioritariamente pagamentos de grandes bandeiras, mas, em segundo plano, bandeiras regionais também entram no portfólio da empresa. "Fizemos parcerias com Caixa Econômica Federal e banco Safra, com as bandeiras Amex, Sorocred e Ticket, e com a mineira

Policard. Temos acordo com 5 dos 7 maiores bancos do País."

Dias relata que o importante para o varejo é trazer vendas. "Depois de trabalhar com bandeiras grandes, virão as pequenas. Ano passado nosso faturamento foi de R$ 214 bilhões, sendo R$ 145 bilhões vindos da MasterCard e R$ 25 bilhões da Amex. O restante vem das pequenas. Algumas com faturamento de R$ 300 milhões por ano", exemplifica o presidente.

Ele destaca que novos acordos devem ser fechados até 2011.

Mello Dias analisou ainda a possibilidade de novos entrantes no mercado de pagamentos eletrônicos. "Hoje a entrada do Santander/ Get Net não é tão percebida, mas eles terão um papel importante nesta indústria. Muito se especula a respeito de mais um ator no mercado. Depende dos bancos de rede para acontecer."

Segundo ele, no Brasil existem cerca de 7 bancos para atender 3 credenciadoras. Pouco diferente do que acontece nos EUA, onde os 8 maiores bancos atendem 10 adquirentes. "O mercado já mudou. A gente não se diferencia apenas com serviços, pois hoje todo mundo faz antecipação de recebíveis. Falamos de máquinas comunitárias, como correspondentes bancários e serviços para os lojistas com fidelização de clientes", lembrou.

Resultados

A Cielo encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 488,1 milhões, alta de 23% perante os R$ 396,7 milhões registrados no mesmo intervalo de 2009. O valor ficou ligeiramente abaixo do número preliminar divulgado pela empresa em 28 de outubro, que era de R$ 488,5 milhões.

O resultado refletiu o crescimento de todas as linhas de receita da companhia, cujas fontes são decorrentes da captura, transmissão, processamento e liquidação financeira de transações com cartões de crédito e de débito, além das receitas com aluguel dos terminais de POS e de antecipação de recebíveis aos estabelecimentos comerciais afiliados.

A receita líquida de antecipação de recebíveis cresceu 23% em relação ao mesmo período de 2009 e 8,4% em comparação ao segundo trimestre deste ano, atingindo R$ 1,137 bilhão. "O desempenho do comércio varejista, cujo volume de vendas cresceu 10,4% em relação ao mesmo mês de 2009 e 2% sobre julho deste ano. Além do melhor índice de emprego no País, refletem no balanço", destacou Mello Dias.

O volume financeiro de transações aumentou 24,1% em relação ao ano passado, para R$ 67,3 bilhões; em relação ao trimestre anterior deste ano, o crescimento foi de 9,2%.

No decorrer do trimestre a Cielo capturou 1,038 bilhão de transações, um crescimento de 20,6% em relação ao terceiro trimestre do ano passado e de 7,5% sobre o segundo trimestre.

A Cielo anunciou a formação de uma joint venture com a Oi, em setembro de 2010. Este movimento faz parte de uma iniciativa muito maior, convertendo a nova empresa em especialista em adquirência de pagamentos móveis e integrando esforços do mercado financeiro, operadoras de telefonia e da Cielo, formando um modelo único.

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