24 de jul. de 2010

POS ÚNICO TRAZ ECONOMIA DE R$ 1,2 BI

jornal Valor Econômico 25/06/2010 - Cesar Felício
O comércio varejista espera uma guerra de preços entre as operadoras de cartão de crédito a partir do próximo mês, quando entra em vigor a possibilidade de trocar as atuais leitoras de cartões por uma máquina de leitura múltipla (os chamados POS). Segundo o presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Roberto Alfeu, apenas com a unificação dos equipamentos eletrônicos haverá uma economia no comércio varejista de R$ 1,2 bilhão ao ano.

"O custo anual de aluguel dos equipamentos hoje consome cerca de R$ 4 bilhões. A máquina sem fio, hoje comum em estabelecimentos como restaurantes, custa em torno de R$ 130 ao mês. A fixa, mais usada em lojas, tem um custo mensal médio de R$ 85. Considerando que a tendência será a unificação em torno da máquina sem fio, a queda da receita com aluguel de máquinas deve ficar em torno de 30%", afirma Alfeu.

No caso da taxa de administração, cobrada dos lojistas por operação realizada, já há registros de empresas oferecendo 20% de desconto para varejistas de porte médio em São Paulo. Em Minas Gerais, Alfeu afirma que as propostas de desconto oscilam entre 5% e 6%. "É natural que os maiores descontos aconteçam em São Paulo, em função do volume de transações. Não haverá um padrão linear de desconto. A tendência é que cada operadora faça uma negociação diferenciada por cliente, conforme a receita que o comerciante poderá gerar", comentou.

Alfeu calcula que anualmente as operadoras arrecadem R$ 15 bilhões com a cobrança das taxas, que variam hoje de 2% a 8% sobre a transação, conforme o estabelecimento. O percentual usual é 4%. "As operadoras ainda estão reticentes em propor grandes descontos, mas quando entrar a GetNet este processo deve acelerar", afirmou, referindo-se ao empreendimento do Banco Santander. Atualmente há um virtual duopólio entre os grupos Cielo e Redecard.

Alfeu prefere não fazer projeções sobre o ganho que o comerciante teria em uma eventual guerra de preços. "A taxa nos Estados Unidos, onde a máquina múltipla é o modelo, não passa de 2%. Mas não há casos de países que fizeram recentemente a transição de um sistema para o outro", afirma.

Alfeu afirma que a imensa maioria dos estabelecimentos comerciais contam com pelo menos duas máquinas. Atualmente o Brasil conta com cerca de 5,8 milhões de pessoas jurídicas e 3,5 milhões de máquinas de cartão de crédito.

"Quanto maior a possibilidade de concorrência, maiores são as perdas para o comerciante que não trabalhar com mais de uma operadora hoje em dia. No comércio de rua, esta perda é da ordem de 30% do faturamento. Em locais de grande concentração comercial, como shopping centers, a redução média é de 40%", disse. Mas o dirigente avalia que o processo de unificação dos equipamentos irá demorar anos.

"É uma questão cultural. O comerciante ou dono de restaurante não vai se mover apenas pela redução do custo do aluguel das máquinas, mas também das ofertas de desconto nas taxas de administração. E esta informação chegará lentamente na base dos pequenos varejistas. Entre os grandes, a unificação deverá ocorrer da noite para o dia", afirmou.

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