BANCOS FINANCIAM MÓVEIS, ELETROS E COMPUTADORES DIRETO NAS LOJAS

jornal A Gazeta (ES) 24/06/2010 - Mikaella Campos

O consumidor pode parcelar em até 60 meses a compra de móveis, eletrodomésticos e material de construção sem precisar ir ao banco. Várias instituições financeiras têm parcerias com lojas para oferecer facilidades de pagamento, principalmente para o cliente de baixa renda.

A vantagem é a taxa de juros. Ela é bem mais baixa do que as tarifas cobradas nos crediários feitos por lojas, em parceria com financeiras. Enquanto o banco cobra a partir de 2,5% ao mês, os comércios chegam a aplicar um índice de até 6% ao mês.

A Caixa, inclusive, está atrás de parceiros para a sua nova modalidade de financiamento: o Crediário Caixa Fácil, que oferece taxa de juros a partir de 2,9% ao mês e prazo de até 24 meses para pagar.

"Vamos fechar negócios com outras 72 empresas da Grande Vitória e também do interior do Estado, que estão interessadas em aderir à linha de crédito", diz o gerente Regional de Negócios da Caixa, José Luiz Bastos Pretti Júnior.

Hoje, as lojas de móveis e eletrodomésticos Central de Financiamentos, que fica na Vila Rubim, Vitória, e Simonetti, situada no município de Montanha, no Norte do Estado, aceitam o serviço. O financiamento é feito na hora, sem qualquer burocracia.

"A pessoa tem um limite de crédito de até R$ 10 mil. E o parcelamento é seguro, rápido e acompanha bem o perfil do consumidor, que não consegue comprar nas grandes redes de lojas devido aos altos custos do financiamento. Nossas prestações são a partir de R$ 30", acrescenta.

O Banco do Brasil tem um crediário especial para seus correntistas. Os clientes podem acessar ao BB Crediário em qualquer loja que aceita o cartão de crédito Visa.

O consumidor pode financiar até R$ 50 mil em compras de móveis, de eletrodomésticos, de eletrônicos, de produtos de informática, além de cirurgias plásticas e serviços de saúde. O prazo para pagar é de até 60 meses.

"Os correntistas podem ver, em suas contas, para quais modalidades de financiamento têm crédito liberado. No caso do crediário, damos carência de 59 dias para o cliente começar a pagar", explica o gerente de Mercado de Pessoa Física, André Ricardo Nahas.

Comprar uma geladeira nova ficou mais fácil

Para comprar uma geladeira nova, o aposentado Sebastião Wenerck está de olho nas condições do crediário da Caixa. Seu interesse, na verdade, é pagar prestações bem pequenas para não comprometer a sua renda mensal. A opção pelo banco será por conta da facilidade para dividir em 24 vezes, com uma taxa de juros menor. "Muitos parcelamentos são feitos por financeiras, que têm juros muito altos. Por isso, prefiro um banco federal. Até porque o governo tem criado alternativas para que pessoas com alta ou baixa renda tenham a mesma oportunidade de consumo. A Caixa, por exemplo, tem várias opções de serviço para atender a todas as classes sociais", afirma. Apesar de saber que a compra no crediário tem juros, Sebastião explica que, no momento, será a melhor alternativa. "Preciso trocar de geladeira e para não ficar apertado vou dividir no crediário. Como sou aposentado, posso pagar por meio do crédito consignado", acrescenta. A loja Central de Financiamentos, além de aceitar o crediário da Caixa, também faz crédito consignado para pagamento das compras. Podem aproveitar o benefício servidores do Estado e de Vitória, além de aposentados do INSS.

Bancos querem baratear custo para cliente

Lojas com crediário ou cartões próprios chegam a cobrar 512% de juros ao ano do cliente. Caixa e Banco do Brasil, que estão entrando no ramo do crediário, querem estimular a competição. "Nosso interesse com o crediário é reduzir as taxas de juros. Boa parte das lojas oferece parcelamentos penosos e muitos consumidores não percebem o quanto são prejudicados", acrescenta José Luiz Pretti, da Caixa. O Banco do Brasil também pretende expandir sua linha de crediário. "O cliente, ao solicitar o crediário, faz um empréstimo similar ao CDC. O pagamento é feito em débito em conta corrente. E a taxa de juros é bem reduzida", explica André Nahas.

Crédito ficará mais barato no Banestes

A máquina do Banescard também vai funcionar na liberação de compras pelo crediário. A nova modalidade de financiamento deve ser lançada até o final do ano e terá condições atrativas.

O gerente da Banestes Financeiras, Carlos Alberto da Silva, explica que a intenção, com a proposta, é incrementar os negócios em até 60%.

A modalidade de crédito será exclusiva para correntistas do banco. A vantagem será a taxa de juros diferenciada. A previsão é de que ela seja menor em até 40% do que o índice aplicado atualmente no crediário do banco.

Hoje, o Banestes tem 1,5 mil lojas integradas ao crediário. A atual linha de crédito do banco conta com juros a partir de 4,3% ao mês. O prazo de pagamento varia de seis a 24 meses. "Nossa taxa ainda é salgada devido à inadimplência. O serviço é acessado por qualquer pessoa e não só por clientes do banco. O crediário voltado para correntistas será ainda mais seguro", acrescenta. Além do Banescard, o Banestes também fará crediário por meio de cheque pré-datado e de boleto bancário.

Conheça as modalidades de pagamento

CREDIÁRIO CAIXA FÁCIL
O que pode financiar: móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, produtos de informática, turismo.
Prazo: até 24 meses.
Carência: o cliente tem uma carência de 63 dias para começar a pagar a primeira prestação.
Taxa de juros: a partir de 2,9% ao mês.
Valor máximo por categoria: R$ 10 mil.
O que é preciso: levar Carteira de Identidade, CPF, comprovantes de residência e de renda.

BB CREDIÁRIO
O que pode financiar: móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, serviços médicos e odontológicos, turismo, produtos de informática e prótese.
Prazo: até 60 meses.
Taxa de juros: 2,45% a 3,29% ao mês.
Valor máximo: R$ 50 mil.
O que é preciso: ser cliente do Banco do Brasil e ter cadastro pré-aprovado.

CREDIÁRIO BANESTES FINANCEIRA
O que pode financiar: móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, material de construção, produtos de informática, entre outros.
Prazo: de 6 a 24 meses.
Taxa de juros: a partir de 4,3% ao mês.
Carência: até 60 dias.

NOVO CREDIÁRIO DO BANESTES
O que é: uma linha de crédito para correntistas do Banestes que preferirem comprar no crediário.
Como vai funcionar: o crédito será autorizado pela máquina de cartão de crédito do Banescard. A modalidade ainda será implementada pelo banco até o final do ano.
Taxa de juros: deve ser reduzida, em média, em 40%. A atual é a partir de 4,3% ao mês e deve cair para a partir de 2,5% ao mês.
Prazo de pagamento: de seis a 24 meses.
O que poderá ser financiado: móveis, eletrodomésticos, material de construção.

CASAS BAHIA
O que pode financiar: Móveis, eletrodomésticos e informática.
Prazo: até 24 meses para pagar.
Taxa de juros: de 3,30% a 5,9% ao mês.

CREDIÁRIO ELETROCITY
O que pode financiar: eletrônicos, eletrodomésticos e equipamentos de informática.
Convênios: BB Crediário, Banestes, Losango, Dacasa, Credfibra e Cetelem.
Crediário próprio: cartão de crédito da Votorantim. A pessoa consegue parcelar sem juros até duas prestações a mais do que num cartão normal.

BANCOS REFORÇAM PARCERIA COM IMOBILIÁRIAS
jornal Folha de S. Paulo 27/06/2010 – Carolina Matos
Bancos e imobiliárias têm estreitado relações à caça de potenciais tomadores de crédito habitacional.

O HSBC construiu parcerias com cerca de cem empresas de intermediação de vendas de imóveis em 18 cidades do país.

São 50 profissionais do banco exclusivamente dedicados à análise e à liberação de financiamento aos clientes dessas imobiliárias.

"O atendimento é mais rápido", afirma Antônio Barbosa, diretor de crédito imobiliário do banco.

Já o Itaú tem uma empresa específica, chamada CrediPronto!, em parceria com a imobiliária Lopes, que também oferece "agilidade e taxa de juros diferenciada".

"É interessante para nós desenvolver esse tipo de trabalho porque o financiamento da moradia é, muitas vezes, a maior operação financeira da vida do cliente", afirma Luiz França, diretor de crédito imobiliário do Itaú.

"E o relacionamento com o banco passa a ser longo."

O Citi, que tem como foco clientes com uma renda mais alta, que buscam imóveis acima de R$ 500 mil, projeta dobrar a carteira de crédito imobiliário neste ano em relação à de 2009.

A instituição financeira, que se define como um "banco de nicho", optou por ter poucos parceiros no setor imobiliário (são menos de dez hoje) para "atender bem o público-alvo".

A mais recente parceria fechada pela instituição financeira foi com a Fernandez Mera. Desde setembro do ano passado, um profissional do Citi trabalha dentro da imobiliária.

"Isso facilita a venda com financiamento", diz Ricardo Carazzai, diretor de imóveis prontos da Fernandez Mera.

Segundo o executivo, até 2008 menos de 3% das negociações de imóveis acima de R$ 500 mil eram feitas com financiamento. Atualmente, são 25%.