27 de jul. de 2010

ADVOCACIA É UMA DAS ÚLTIMAS TRINCHEIRAS DOS CARTÕES DE CRÉDITO

jornal Brasil Econômico 22/07/2010 - Thais Folego

A meta da indústria de cartões de crédito é chegar a cada vez mais lugares, tanto em número de pessoas com o plástico na mão, quanto em quantidade de estabelecimentos que aceitam esse meio de pagamento. Em algumas atividades, porém, há barreiras de mobilidade e custo e, em outros, há vetos. Esse último era o caso dos advogados. Havia uma interpretação do Código de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de que a utilização do cartão se constituía numa prática "mercantilistas", o que é vetado pelo Código.

Há um mês, porém, o Tribunal de Ética da OAB São Paulo autorizou a cobrança dos honorários por meio de cartão de crédito e débito, desde que "não comprometa a confiança e a confidencialidade que devem instruir a relação entre o cliente e seu advogado".

O entendimento foi o de que o cartão é apenas mais uma forma de pagamento, assim como o cheque e o boleto bancário, os dois meios atualmente mais usados para o pagamento de honorários, explica Carlos José dos Santos Silva, presidente da Turma de Deotologia do Tribunal de Ética da OAB-SP.

Espaço para crescer

Esse é um mercado potencial grande no Brasil. São cerca de 650 mil advogados associados à OAB, sendo 300 mil só em São Paulo. Na avaliação do advogado Paulo Roberto Andrade , sócio do escritório Tranchesi Ortiz, Andrade e Zamariola, a medida irá beneficiar principalmente os pequenos e médios escritórios de advocacia, que têm a maioria dos clientes entre pessoas físicas, que pagam suas contas com cheque e dinheiro.

"É uma facilidade que o advogado passará a oferecer para o seu cliente, com a possibilidade de parcelar o pagamento", comenta Andrade. Além disso, o uso do cheque também os deixam muito sujeitos à inadimplência de cheques sem fundos, problema que não existe com o cartão, lembra Silva, da OAB. "Já as grandes sociedades atendem mais empresas e costumam ter estruturas de cobrança, feitas por meio de boleto."

São diversos os nichos que tradicionalmente não aceitam meios eletrônicos de pagamento em que o mercado de cartões têm tentando entrar. Os principais são os de saúde, educação e distribuição. Neste último, há um problema de mobilidade e custo, em que é inviável o uso da máquina que captura as transações (chamada de POS). Para driblar os inconvenientes operacionais, a indústria criou formas de pagamentos por meio do celular. A da Redecard se chama Foneshop, com custos por transação, o que dispensa o custo do aluguel do POS.

O setor em que o esforço mais tem dado resultado é o de saúde. Segundo dados da Redecard, o número de estabelecimentos credenciados na área cresceu 76,5% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, com destaque para a afiliação de dentistas, com avanço de 47%.

Já o número de estabelecimentos credenciados na área de educação no primeiro trimestre foi 50% maior do que no mesmo período do ano passado. O volume financeiro transacionado foi 47% superior.

E hoje é possível até parcelar a entrada do apartamento no cartão. A iniciativa foi da construtora Tecnisa, que fechou parceria com a Redecard recentemente.

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