25 de jul. de 2010

ANTECIPAÇÃO DE RECEBÍVEIS TEM NOVO MODELO

jornal Valor Econômico 12/07/2010 - Adriana Cotias

Bancos, credenciadoras de cartões e bandeiras correram contra o tempo para costurar, num intervalo de pouco mais de dois meses, um modelo de gestão de garantias que assegurasse a continuidade do financiamento bancário baseado no fluxo de pagamentos com cartões de crédito. Desde o dia 1º, quando os estabelecimentos comerciais passaram a ter liberdade para receber suas vendas com Visa e MasterCard numa única maquininha (POS), era necessário uma solução coordenada para que a linha de antecipação de recebíveis, um mercado de mais de R$ 20 bilhões, não entrasse em xeque.

Isso porque até aqui cabia à Cielo garantir que toda a movimentação financeira com os cartões Visa fosse creditada a favor do lojista numa determinada conta corrente (domicílio bancário) indicada pelo estabelecimento. O mesmo valia para os plásticos MasterCard, capturados pela Redecard. Os volumes que transitam nessas contas é que servem de referência para os empréstimos bancários garantidos pelo fluxo recebido com cartões. Se o dinheiro depositado estivesse comprometido com alguma operação de crédito concedido ao lojista, a amortização era automática, o que permitia taxas de juros mais baixas também.

Como os bancos liberam recursos baseados em recebíveis futuros, que ainda não existem (a performar), o risco, com o fim da exclusividade, era que o lojista mudasse de rede no meio de caminho. A partir de agora, porém, a manutenção do domicílio bancário passa a ser realizada por bandeira e não mais por uma ou outra credenciadora. "Havia o risco de descontinuidade das operações de antecipação, sem esse tipo de garantia o lojista é que ia sofrer", diz o diretor da área de produtos de financiamentos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian.

Para fazer esse meio de campo, a Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) criou o Serviço de Controle de Garantias (SCG). O sistema vai assegurar que o fluxo financeiro do estabelecimento comercial dado em garantia de um empréstimo seja depositado na conta da instituição credora, independentemente da credenciadora que processou a transação. Num primeiro momento, a ideia é que a CIP só informe se determinado CNPJ tem ou não "trava". Nas próximas semanas, o setor ainda vai definir se os controles poderão ser feitos ainda por agência ou código do banco, diz o diretor da Associação Brasileira das Empresas de Cartões e Serviços (Abecs) Rômulo Dias.

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