27 de jul. de 2010

EMPRESAS DE CARTÃO OPTAM POR SEGMENTAÇÃO

jornal DCI 22/07/2010 - Fernando Teixeira

Segmentação parece ser a palavra de ordem no mercado de cartões de crédito e débito. De um lado, a Caixa Econômica Federal (CEF) deve focar o segmento de baixa renda. Do outro, uma das maiores operadoras de cartão, a MasterCard buscará o cliente de alta renda, por exemplo.

Ao DCI, o presidente da MasterCard Brasil e Cone Sul, Gilberto Caldart, destacou que há muito espaço para empresas de meios de pagamento crescerem no mercado nacional. "O crescimento do setor nos últimos 5 anos foi de 18% a 20%. O movimento deve ser duradouro, porque ainda existem muitos segmentos em que a aceitação de cartões é limitada, como pagamentos de baixo valor", analisou.

A estimativa é de que existam 130 milhões de cartões da bandeira em uso na América Latina e no Caribe. Hoje, o Brasil está entre as cinco maiores operações da empresa. O executivo destacou que o Brasil tem um grande potencial de crescimento para este mercado. "Temos no País aumento de crédito para o consumo, expansão de renda e salário." Para conquistar o público de alta renda, a empresa aposta em patrocínio de eventos, como a temporada de inverno de Campos do Jordão. Ao todo, entre inovação e desenvolvimento de ações de marketing , a bandeira prevê gastos de 20% a 25% mais altos que no ano passado.

O executivo contou que cresceu o segmento renda superior no País, mas não revelou os números. De acordo com ele, segmentação é algo que será usado para atender a demanda das instituições emissoras. "No segmento alta-renda oferecemos produtos como os cartões gold, platinum e o black. Assim nos adequamos aos serviços dos bancos."

No começo de 2011, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) deve soltar um estudo sobre o segmento de private banking - pessoas com mais de R$ 1 milhão para aplicar. A estimativa é de que o potencial de clientes seja de 200 mil.

Caldart, no entanto, não descarta o cliente massificado. "Temos dezenas de programas de cartões co-branded [cartão de loja em parceria com bandeiras], que muitas vezes é o primeiro instrumento de bancarização das pessoas."

A embandeiradora de cartões também fixa a marca fazendo parceria com empresas de brinquedos, como a Estrela, que na semana passada lançou o Super Banco Imobiliário. O jogo tem cartão MasterCard, ao invés do tradicional dinheiro. "Também é uma forma de fidelizar a marca."

Outra iniciativa foi criar o PayPass, que é uma forma de pagamento que não requer a passagem do cartão no leitor da tarja magnética para compras de até R$ 50. A modalidade está presente em 32 países, com quase 70 milhões de dispositivos emitidos.

O surgimento de novas bandeiras no mercado, como a Elo, não preocupa o executivo. "Temos operações em mais de 200 países e isto gera competição local e internacional com todos meios de pagamento. Quanto mais concorrência há, mais o mercado precisa focar melhores taxas, competitividade, produtos e opções. É bom para o mercado."

Concorrência

Outro tema que não preocupa o executivo é o fato de as credenciadoras de cartões terem de aceitar mais bandeiras nas "maquininhas", os POS (sigla do inglês point of service). "Não significa perda de mercado", ressaltou.

O executivo disse que a competição gera equilíbrio. "Preferimos o mercado aberto, tanto que em 2009 começamos a operação com o Santander como adquirente e com a Cielo, a partir de julho. Podemos ter mais."

Outro ponto positivo da competição entre bandeiras de crédito e entre credenciadoras, na visão de Caldart, é que mais estabelecimentos dentro do Brasil podem usar cartões. "Por conta da unificação dos POS, os comércios podem ficar com apenas uma máquininha. Será necessário repassar para outros pontos."

Ele destaca na análise que mais pessoas das classes C e D utilizam meios de pagamento alternativos a dinheiro e cheque. "A estratégia da MasterCard é de fidelizar o cliente em todo tipo de segmento. Uma delas é o programa Surpreenda, no qual se acumulam pontos que se trocam por prêmios. É uma forma de fidelizar o cliente."

Quando o assunto é aquisição de outras bandeiras ou de empresas de processamento, o executivo, apenas diz que "mundialmente a empresa olha para o mercado: é uma questão de oportunidades para crescer e é um processo natural."

Caixa

O presidente da Caixapar e vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica Federal, Márcio Percival Alves Pinto, revelou que o banco já define a estratégia para buscar mais clientes.

Bancarização é uma das estratégias do grupo. Alguns estudos mostram que em até 10 anos o número de pessoas que têm conta em banco no Brasil pode dobrar. "Queremos trabalhar com o segmento de baixa renda."

De acordo com Percival, diferentemente do que se noticiou na mídia, não necessariamente o banco comprará uma grande bandeira nacional de cartões.

Recentemente, a presidente do banco, Maria Fernanda Coelho, foi questionada sobre a compra da Hipercard, bandeira popular pertencente ao Itaú. "É, sem dúvida, muito importante no nordeste. Temos mais no norte."

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