24 de jul. de 2010

APESAR DOS JUROS, CRESCE O CRÉDITO COM CARTÃO

jornal Brasil Econômico 24/06/2010 - Thais Folego

Entre as linhas de crédito oferecidas à pessoa física, o cartão de crédito vem sendo cada vez mais usado como instrumento de consumo, além de meio de pagamento. Entre as modalidades de crédito de recursos, ele figura no terceiro lugar, atrás do consignado e do financiamento de veículos, segundo dados do Banco Central sobre o estoque de crédito divulgado ontem.

"Só recentemente o cartão de crédito vem sendo usado pelo público, apesar das altas taxas de juros", diz Alvaro Musa, diretor-presidente da Partner Consult. Segundo ele, com o aumento do volume no cartão, porém, as taxas devem cair, também pela pressão do governo sobre essa indústria. "Depois substituir o crédito direto ao consumidor, o cartão deve ficar com parte do consignado e do cheque especial."

O saldo de crédito à pessoa física no mês de maio foi de R$ 604,655 bilhões, sendo R$ 502,255 bilhões de recursos livres (que o banco pode emprestar como quiser) e R$ 102,4 bilhões de financiamento imobiliário, proveniente de recursos direcionados, que a instituição é obrigada por lei a emprestar para um determinado fim, como agrícola ou habitacional.

No saldo de recursos livres, o volume de crédito mostrou um crescimento de 17% em relação ao mesmo período do ano passado. O crédito consignado e o financiamento de veículos são disparados as linhas mais populares, com mais de 20% de participação cada um.

"Junto com o financiamento imobiliário com recursos direcionados, o consignado e o financiamento de veículos são créditos de longo prazo e, por isso, tendem a ser um volume grande do estoque", explica Musa.

Para o consultor, ainda há espaço para o consignado crescer, mas a tendência é que uma parte dele seja substituída pelo cartão. "O consignado foi um instrumento muito bem colocado pelo governo que permitiu a uma parcela da população participar do processo de consumo antes do uso do cartão", diz Musa.

O crédito imobiliário apresentou ritmo de crescimento acelerado, de 51°/e em relação a maio de 2009, em grande parte pelos estímulos do governo. "O preço dos imóveis, porém, se valorizou muito. Assim, mesmo com o subsidio nas taxas de juros, os consumidores estão comprando imóveis muito caros", observa Celso Grisi, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP e presidente do Instituto Fractal.

Segundo ele, o governo deve começar a contingenciar esse crédito, "que está mais financiando o lucro de poucos, e não a habitação de muitos".

Cartão

O crescimento do saldo no cartão de crédito deve continuar crescendo, agora, no volume de compras feito por meio do plástico, não mais pela quantidade de pessoas de posse do cartão. Isso porque o número de cartões que circulam no país já bate a casa dos 586 milhões. Para se ter uma idéia, há 15 anos eles eram apenas 15 milhões.

O crédito que mais cresce no cartão é justamente a parte sem juros: o parcelado sem taxas e o "grace period" (período entre a compra e o vencimento da fatura), que constitui 67,64% do saldo no cartão.

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