11 de fev. de 2011

JURO SOBE E CRÉDITO CAI COM AÇÃO DO BC

jornal O Estado de S.Paulo 11/02/2011 - Fabio Graner

Refletindo o impacto das medidas anunciadas pelo Banco Central em dezembro, o crédito para consumidores (pessoas físicas) já está bem mais caro, com prazos mais curtos e em menor quantidade.

De acordo com dados divulgados ontem pelo BC, a taxa de juros média nas operações de crédito pessoal, uma das principais modalidades oferecidas às famílias, disparou, atingindo a marca de 49,4% ao ano em janeiro. Em 6 de dezembro do ano passado, primeiro dia de vigência das regras que tinham por objetivo conter o ímpeto do crédito ao consumo, a taxa média estava em 40,3% ao ano.

A média diária de concessões de crédito pessoal caiu quase 20%, para R$ 571 milhões. E o prazo médio, que era de quase cinco anos (cerca de 1.700 dias), caiu para pouco mais de três anos e meio (em torno de 1.300 dias).

As medidas de BC também atingiram os financiamentos de veículos: juros em alta (especialmente nos bancos não vinculados a montadoras, cuja taxa média subiu quase cinco pontos porcentuais, para 27,7% ao ano), concessões em queda significativa (também com destaque aos bancos tradicionais, que reduziram em 45% os financiamentos concedidos) e prazos encurtados (em torno de 1.050 dias ou quase três anos).

No início de dezembro, o BC, visando conter "certos excessos do mercado de crédito", impôs uma reserva maior de dinheiro pelos bancos quando concederem empréstimos para consumidores com prazo acima de dois anos. No caso de automóveis, essa reserva varia conforme a entrada que o comprador do veículo der. Além disso, o BC elevou o recolhimento compulsório dos bancos, tirando da economia cerca de R$ 65 bilhões.

Juros. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, que aproveitou a divulgação do boletim regional do BC, em Salvador, para apresentar os dados parciais sobre o crédito em janeiro, afirmou que as medidas ‘macroprudenciais’ funcionaram "adequadamente".

Apesar disso, ele disse que as ações complementam, mas não substituem a alta de juros, por isso o BC já começou a subir a taxa básica (Selic) em janeiro. Hamilton explicou que a principal diferença entre as medidas macroprudenciais e a "ação convencional" de política monetária é que a primeira é limitada, atua no crédito, enquanto os juros, além de afetarem o crédito, também afetam a economia ao induzir as pessoas a trocar o consumo por aplicações financeiras e ao induzir as expectativas para a economia. "O alcance da ação convencional é mais abrangente", disse.

Questionado sobre se a fase de uso de medidas macroprudenciais no esforço de controle da inflação já estava encerrado, Hamilton evitou responder, limitando-se a usar o mantra: "não comentamos sobre decisões futuras. Só sobre o passado".

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