11 de fev. de 2011

CIELO QUER LIDERANÇA POR MEIO DE PARCERIAS

jornal DCI 11/02/2011 - Flávia Milhassi e Agência Estado
Mesmo com a previsão de um crescimento menor este ano devido à entrada de novos players no setor, a Cielo pretende manter-se como a principal operadora de pagamentos eletrônicos no País. Para isso, a empresa apostará na busca de novas parcerias como a anunciada na terça-feira desta semana com o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes). O banco trará ao portfólio da empresa aproximadamente 1 milhão de cartões de crédito e débito em operação.

Ontem, a empresa comentou os resultados obtidos no ano passado. No acumulado de 2010, a Cielo registrou lucro líquido de R$ 1,831 bilhão, crescimento de 19,1% ao igual período de 2009. O montante arrecadado no quarto trimestre ficou em R$ 444,5 milhões - leve aumento de 0,6% frente ao registrado em 2009. Na comparação com o terceiro trimestre, a empresa amargou uma queda de 9%. Mas, mesmo com o desempenho menor no comparativo entre os trimestres, a Cielo mostrou-se mais sólida do que sua principal concorrente. A Redecard informou em balanço divulgado na última semana queda de 13,4% nos ganhos no quarto trimestre, com montante de R$ 348,7 milhões e, no acumulado do ano, também se manteve estável, com uma receita de R$ 1,4 bilhão em 12 meses.

A geração de caixa da Cielo medida pelo Ebitda - lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização - ficou em R$ 606,3 milhões no quarto trimestre de 2010, queda de 5,5% na comparação com igual trimestre de 2009. No ano passado, o resultado ficou em R$ 2,564 bilhões, um aumento de 13,1% ante o ano anterior. Já a margem Ebitda caiu no trimestre, refletindo o aumento da competição no setor desde a abertura do mercado de credenciamento, em julho do ano passado. Esse item fechou o quarto trimestre de 2010 em 58,4%, ante 66,3% em igual período do ano anterior.

Segundo o presidente Executivo Rômullo de Mello Dias, esse resultado mais enxuto já era esperado no quarto trimestre. "A competição maior pressionou esses resultados, já era esperada uma queda", explica.

Em conferência para acionistas e para a imprensa, Dias acredita em resultados significativos ao longo deste ano. "Tem mercado para todos. Tanto nós como nossos competidores continuaremos com bom desempenho", afirma o executivo.

Ainda de acordo com dados apresentados pela Cielo foi possível apontar um crescimento significativo do volume financeiro das transações com cartões de crédito. O segmento fechou o acumulado de 2010 com R$ 163,0 bilhões, expansão de 20,9% em relação a 2009. Do ponto de vista da receita, as transações de crédito cresceram 15,2%, alcançando R$ 2,318 bilhões. Os dados são consequência do aumento do consumo privado e do crescente uso da modalidade crédito como forma de pagamento.

As transações via débito automático em contas dos usuários apresentou movimentação financeira de R$ 98,7 bilhões nos doze meses de 2010. O montante significou um incremento de 24,7% nas operações em comparação com igual período de 2009. Esse crescimento representou aumento do volume das transações de débito, e como consequência impulsionou 23,1% a receita, que acumulou o montante de R$ 785,4 milhões no igual período de 2009. Ao todo, 1,108 bilhão de transações foi processado pelos terminais do grupo.

Segundo Dias, é possível expandir as transações via crédito - menores em comparação aos dados das transações de débito -, e a empresa estuda medidas para negociar com o mercado ações que ampliem esse serviço. "Para as transações via crédito há espaço para negociar. Acredito no potencial do produto", diz.

A razão do crescimento do faturamento da empresa foi a expansão do mercado de cartões de crédito, que teve alta de 20% nos volumes em 2010, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Outro fator foi a abertura do mercado de credenciamento. Desde julho, o contrato de exclusividade da Cielo com a Visa acabou e a empresa começou a prestar serviços para outras bandeiras, aumentando o total de transações em seus terminais (chamados de POS). A Cielo começou a capturar transações para MasterCard, American Express, Sorocred e Ticket. A Cielo fechou dezembro com 1,14 milhão de estabelecimentos comerciais credenciados, uma alta de 0,6% em comparação com o mesmo mês de 2009.

Os ganhos da Cielo em aluguel de equipamentos chegaram a R$ 1,17 bilhão, alta de 9,6% em comparação com 2009, enquanto que o volume financeiro de transações antecipadas (ARV) totalizou R$ 10,3 bilhões, o que representou 6,3% do volume total do crédito. Dias também informou que é possível haver novas quedas nas taxas cobradas pelas transações dos lojistas. A expectativa é de que no primeiro e no segundo trimestre de 2011 o indicador volte a apresentar baixa.

Segundo Dias, a queda tem sido puxada por renegociações com lojistas e com bancos. Cerca de 70% dos grandes clientes da credenciadora já renegociaram contratos e definiram os preços que vão ser praticados em cada transação. Mas o impacto de muitos deles ainda não apareceu no balanço apresentado.

"Quando fechamos a negociação com grandes contas, há um gap [ lacuna] entre o fechamento do contrato comercial e a efetiva migração do volume das transações para a nova taxa", disse o presidente da Cielo.

Dividendos

A Cielo distribuirá aos acionistas R$ 838,261 milhões, dos quais R$ 7,236 milhões são a título de juros sobre capital próprio, e R$ 831,025 milhões, de dividendos.

Os valores a serem pagos por ação foram estimados pela empresa e poderão ser modificados em razão da alienação de ações de tesouraria para atender ao exercício de opções de compra de ações da companhia. O valor por ação ON referente aos dividendos é estimado em R$ 0,610916385; o montante bruto por ação referente aos juros sobre capital próprio é de R$ 0,005319526 e líquido de Imposto de Renda, R$ 0,004521597.

De acordo com o grupo, o pagamento será realizado em 31 de março, com base na posição acionária de 14 de março de 2011. As ações da companhia serão negociadas "ex-direitos" a partir de 15 de março de 2011.

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