15 de fev. de 2011

ECT SE PREPARA PARA LANÇAR CARTÃO DE CRÉDITO PRÓPRIO

portal Monitor Mercantil 15/02/2011 – Agência Estado

A Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) está se preparando para lançar um cartão de crédito próprio. A estatal aproveitará a licitação do Banco Postal para entrar em um dos segmentos mais lucrativos do Brasil, com a marca dos Correios e independente da instituição financeira que vencer a licitação para a prestação dos serviços de correspondente bancário.

Outra aposta da ECT é um cartão pré-pago especial, que funcionará como uma espécie de poupança ou cheque de viagem (traveller check), em que o usuário deposita determinado valor no cartão e vai gastando na hora de fazer compras, em uma operação de débito. A estratégia da estatal de atuar nas duas frentes tem um só objetivo: aumentar a rentabilidade dos serviços bancários prestados em suas agências.

No segmento de cartão de crédito, por exemplo, atualmente o serviço é ofertado no Banco Postal, mas a empresa só é remunerada uma única vez pelo preenchimento da proposta pelo cliente, pois é um mero prestador de serviços para o Bradesco.

Ao administrar um cartão próprio, porém, os Correios passam a ter participação em todas as operações, desde a emissão do cartão, passando pelos juros estratosféricos que chegam a ultrapassar 10% por mês e também em todas as operações de uso do cartão em compras.

Já o cartão pré-pago será um trunfo do Banco Postal em pequenos municípios, em que a agência dos Correios é a única opção bancária disponível. Nessas localidades, em vez de o cliente ter de sacar todo o dinheiro do salário de uma só vez ou ter de ir ao banco várias vezes durante o mês, o usuário poderá creditar a quantia desejada no cartão pré-pago e usar o valor desejado aos poucos.

Os dois projetos estavam em gestação nos Correios há cerca de quatro anos, mas só agora se chegou a um consenso. Por essa razão, esses produtos foram incluídos no edital de licitação, que está em processo de consulta pública e será alvo de audiência pública no dia 25 de fevereiro.

O lançamento desses dois produtos ainda depende de autorização do Banco Central. A expectativa dos Correios é que a licitação seja concluída até junho. O contrato com o Bradesco termina em 31 de dezembro. Procurados, os Correios informaram que só se manifestarão depois da audiência pública, marcada para o dia 25, que debaterá o assunto.

Atualmente, a exclusividade de uso do Banco Postal está nas mãos do Bradesco, que pagou R$ 200 milhões em 2001 pelo serviço. Além disso, a instituição financeira ainda desembolsa algo em torno de R$ 360 milhões ao ano por participação dos Correios na quantidade de transações realizadas nas agências do Banco Postal. O faturamento mínimo estimado para o Bradesco nesse segmento é de R$ 1 bilhão. Por outro lado, os Correios têm um custo de apenas R$ 10 milhões a R$ 20 milhões para levar para os cofres da estatal uma receita, no mínimo, 15 vezes maior ao custo.

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