10 de fev. de 2011

RÔMULO DIAS, PRESIDENTE DA CIELO: "A PERDA JÁ ERA ESPERADA"

portal Exame 10/02/2011

O fim da exclusividade das bandeiras dos cartões de crédito pôde ser sentido pelas empresas no quarto trimestre de 2010, segundo Rômulo Dias, presidente da Cielo, que participou hoje (10/02) de audioconferências com analistas e jornalistas. Os dados do último trimestre também mostram que a Cielo perdeu participação no mercado (market share) para sua principal concorrente, a Redecard.

“Se, no terceiro trimestre, a Cielo conseguiu manter suas taxas de desconto relativamente estáveis, crescer volume e apresentar um bom resultado de pré-pagamento, nesse quarto trimestre de 2010 começamos a observar os efeitos do aumento da competitividade”, diz relatório da Link Investimentos assinado por Mariana Taddeo.

No período, o crescimento do volume de transações da Cielo foi inferior ao da Redecard, seu principal concorrente, indicando perda de market share. “A taxa de desconto (o que a empresa cobra pela prestação de serviço sobre a venda no débito) apresentou forte queda, mas ainda assim está acima da de Redecard. Sendo assim, o volume de transações foi menor, acarretando em perda de market share”, disse o relatório.

A perda de market share deve continuar nos próximos trimestres, segundo relatório dos analistas Regina Longo Sanchez, Thiago Bovolenta Batista e Alexandre Spada, do Itaú BBA. “Acreditamos que isso deve continuar como uma conseqüência do novo cenário competitivo que surgiu com o fim da exclusividade”, informa relatório.

A perda já era esperada, segundo Rômulo Dias. “Seria de se esperar que nós perdêssemos share, porque existem mais cartões Visa na praça do que Mastercard”, disse Dias. Os analistas Federico Rey-Marino e Francisco Pereyra, do Raymond James, fizeram a mesma ressalva, em relatório. “Muito embora o share seja importante para nós, isso não significa dizer que nós vamos privilegiar somente o preço na nossa estratégia de valor quando a gente vai conversar com os clientes”, disse Dias. Nenhum dos relatórios, e nem a Cielo, informaram qual a atuação fatia de mercado da empresa, ou o tamanho de seu recuo.

Além da perda de market share, a analista Luciana Leocadio, da Ativa Corretora, destacou a expansão de dois dígitos em receitas. Isso evidencia uma queda mais lenta das taxas líquidas de desconto e do aluguel de máquinas (POS) praticados pela empresa, compensadas por um bom desempenho em antecipação de recebíveis, segundo a analista. Por outro lado, ela destacou os altos custos, justificados pela Cielo pelos maiores investimentos após o fim da exclusividade das bandeiras e também com as operações da M4U e da Orizon.

O lucro líquido da Cielo no ano foi de 1,831 bilhão de reais – 19,1% maior que em 2009. O ebitda ajustado cresceu 19,4% e foi para 2,926 bilhões de reais. O volume financeiro de transações aumentou 22,3% em relação a 2009, fechando o ano em 262,0 bilhões de reais.

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