15 de jun. de 2011

O MELHOR MODO DE RECEBER

jornal Diário do Comércio 14/06/2011 - Alice Sosnowski

Nos últimos dez anos o faturamento do comércio eletrônico brasileiro cresceu em média 40% ao ano. Em 2010, o segmento registrou R$ 14,8 bilhões gastos por 23 milhões de e-consumidores. Se por um lado o negócio promissor atrai os lojistas ao mundo virtual, por outro, escolher o melhor formato para as operações financeiras online ainda confunde quem deseja apostar nesta seara.

Pesquisas indicam que 80% das compras na internet são pagas com cartão de crédito. Como nestas transações não há a presença do portador, optar pela solução mais segura e adequada é estratégico para as empresas. E já são várias opções no Brasil. Desde os facilitadores de pagamento, que cuidam de toda a intermediação financeira, aos gateways, que atuam na integração tecnológica entre loja e instituições bancárias.

Segundo o coordenador do comitê de meios de pagamento da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara- e.net), Ricardo Dortas, os lojistas precisam avaliar qual a melhor solução de acordo com a estratégia do seu negócio.

Os facilitadores – ou intermediadores – reúnem formas de pagamento com cartão de crédito, débito online e boleto bancário em um único sistema. Inspirados no pioneiro PayPal, soluções como Pagseguro, Pagamento Digital, MoIP e Mercado Pago gerenciam tudo o que envolve a transação financeira. Consumidor e lojista não trocam informações diretamente e toda a operação é feita pelo facilitador, que recebe o pagamento e o repassa na conta do vendedor 14 dias depois, descontando tarifas por transação e comissão, que fica entre 1,9% e 6,4%. O serviço oferece ainda gestão de risco integrada, antecipação de pagamento parcelado e integração com diversas plataformas de e-commerce.

Outra característica dos intermediadores é o marketing associado à solução. No Pagamento Digital, o lojista figura com destaque no site de comparação de preços Buscapé e segundo Marcelo Theodoro, diretor da empresa, a loja recebe até seis vezes mais fluxo de navegação qualificada. "É um benefício participar do ecossistema Buscapé, que atinge até 60 milhões de acessos por mês e traz compradores em potencial para a loja", explica.

Foi este apelo que convenceu Hernando dos Santos, proprietário da Homeseg (http://www.homeseg.com.br), loja especializada em câmeras digitais, a utilizar o Pagamento Digital. Segundo Santos, as vendas cresceram mais do que o dobro depois que a solução foi adotada. "Figuramos no ambiente Buscapé, que aumentou em muito nossa visibilidade", afirma. Para o proprietário da loja, a opção de terceirizar o pagamento trouxe outras vantagens, como maior segurança contra fraudes feitas com as ferramentas de gerenciamento de risco.

Todo controle ao lojista

Outra solução no mercado de pagamentos é o gateway, que provê a infraestrutura tecnológica para vendas pela internet. Na prática, ele uniformiza a comunicação entre bancos e lojista, mas é o estabelecimento quem domina o processo e o risco da venda. Nos gateways, o valor do pagamento entra diretamente na conta do lojista, que precisa firmar acordos comerciais com o banco e as administradoras de cartão de crédito, como Cielo, Redecard e Santander GetNet. Para isso, é necessário ser pessoa jurídica e as taxas e prazo de recebimento são variáveis de acordo com a negociação. O gerenciamento de risco da venda precisa ser feito diretamente pela loja, que pode também contratar ferramentas antifraude de empresas especializadas, como ClearSale, por exemplo.

Braspag, Ipagare, CobreDireto são exemplos de gateways oferecidos no mercado, que atendem grandes varejistas, mas também pequenos e médios lojistas. A vantagem deste sistema é que o vendedor tem acesso a todas as informações de compra: as que foram processadas, as que deram problema e por quê. "Ter o controle do carrinho é essencial para melhorar processos e aumentar a conversão no comércio eletrônico", afirma Daniel Bento, CEO da Braspag.

Para os especialistas, além do volume de vendas, tíquete médio e necessidade de liquidez, a estratégia do negócio é a variável mais importante para escolher a melhor opção de pagamento. Pode ser uma pequena loja que necessita de total controle das vendas e o gateway se firma como a solução adequada. Ou uma loja de grande porte que quer focar no produto vendido e não se preocupar com a operação financeira, optando pelos facilitadores.

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