jornal O Estado de S.Paulo 07/06/2011 - Fernando Scheller
O mercado de operadoras móveis virtuais - na sigla em inglês, MVNO – ganhou uma adição de peso no país: a Virgin, do bilionário britânico Richard Branson. O país é o foco número um das operações da companhia na América Latina, que será montada em parceria com a Tribe Mobile e consumirá investimentos de US$ 300 milhões, nos próximos cinco anos. Em entrevista ao Estado, o presidente da Tribe Mobile, Phil Wallace, disse que a atuação no Brasil só deve se concretizar em 2012 - primeiro, a empresa precisará obter as licenças na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e encontrar uma parceria que ofertará a infraestrutura de serviços. Pelas regras do segmento, só podem atuar no País empresas que firmarem contratos com as companhias que já atuam no mercado, como Vivo, TIM, Claro e Oi.
Por conta das negociações com parceiros e dos trâmites burocráticos, Wallace afirmou que provavelmente a operadora virtual da Virgin estreará em dois mercados menores da região ainda este ano. A ideia é chegar a oito países no ano que vem - incluindo o Brasil. "Bem que gostaríamos de estar no Brasil a tempo do Natal de 2011", disse o executivo. Segundo ele, entre 40% e 50% das receitas da Virgin na região deverão se concentrar no mercado brasileiro.
O orçamento de US$ 300 milhões que a nova operadora tem para investir na América Latina deverá ser aplicado principalmente em marketing e promoções para captar clientes. Como as operadoras virtuais alugam a infraestrutura das empresas tradicionais, seu custo se concentra principalmente em "seduzir" consumidores para uma proposta especial. "As operadoras móveis virtuais atuam em nichos específicos, aproveitando segmentos pouco atraentes para as grandes empresas."
Nichos. No caso da Virgin, uma das possibilidades é o foco no mercado jovem, de acordo com Wallace. "No exterior, temos nos concentrado nos consumidores de 13 a 28 anos. A marca Virgin é conhecida e tem o potencial de fornecer conteúdos adicionais ao celular", explica. Além da operadora móvel, a marca está presente também nos setores de aviação, hotéis e mídia.
O bilionário Branson, porém, não está sozinho na disputa pelo novo mercado. O investimento da Virgin vem na esteira do anúncio da Porto Seguro, que firmou parceria com a TIM para o serviço.
A ideia da seguradora é oferecer telefonia para sua base de clientes - o que se traduz em 3 milhões de consumidores em potencial. Um dos objetivos da Porto Seguro, que atuará em parceria com a Datora Telecom, é oferecer preços de 20% a 30% inferiores à média do mercado. A expectativa da empresa é que o serviço esteja disponível a partir do segundo semestre, fruto de investimentos entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões.
Tanto interesse pelas operadoras virtuais tem razão de ser, disse Phil Wallace. Em países desenvolvidos, as empresas de nicho representam até 15% do faturamento total do mercado de telefonia celular.
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