jornal Valor Econômico 14/07/2011 - Justin Baer (Financial Times)
O Citigroup está mais perto de manter seu braço de cartões "private label" (com a marca do lojista), revertendo o destino de um negócio de US$ 41 bilhões que o banco havia marcado para vender, na esteira da crise financeira. A informação foi revelada ontem por pessoas a par do assunto.
A divisão, que emite cartões de crédito em nome de grupos varejistas como a Sears e a Home Depot, foi transferida para a unidade Citi Holdings, de negócios, empréstimos e outros investimentos que não se enquadram mais na estratégia do banco.
A melhoria das condições de crédito e as incertezas persistentes sobre as perspectivas para outros negócios voltados para o consumidor, como o banco de varejo e os negócios com hipotecas, levaram os executivos do Citigroup a considerar a transferência do braço de private label da Citi Holdings para um posto ao lado das principais operações com cartões de crédito do banco, segundo as fontes.
O novo pensamento do Citigroup também reflete as dificuldades que o banco pode ter encontrado para vender o negócio inteiro de uma vez, já que há relutância do setor bancário em se envolver em grandes aquisições, além dos desafios de se financiar um negócio independente.
As fontes disseram que o Citigroup pretende, primeiro, se desfazer da OneMain Financial, a unidade de empréstimos ao consumidor, e vender ou manter ativos adicionais abrigados na Citi Holdings, antes de chegar a uma decisão sobre a unidade de cartões private label.
O negócio encolheu junto com o resto da Citi Holdings. A divisão tinha US$ 41,3 bilhões em empréstimos no fim do primeiro trimestre, uma queda de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. As perdas líquidas de crédito diminuíram 18% a US$ 1,1 bilhão nesse mesmo intervalo.
"Apesar do aumento significativo dos créditos em liquidação durante a recessão, os empréstimos no cartão de crédito continuam sendo uma das classes de ativos mais lucrativas financeiramente dentro do portfólio de um banco", escreveram esta semana analistas da Keefe, Bruyette & Woods em uma nota a clientes.
Mesmo assim, executivos do Citigroup vêm relutando em mudar de rumo, atentos ao fato de que as autoridades reguladoras poderiam criticar qualquer esforço para desfazer decisões tomadas pelo banco para conter os prejuízos e os riscos. O governo americano injetou US$ 45 bilhões no banco durante a crise para evitar um colapso.
"Por mais que tenhamos feito para melhorar o portfólio como um todo, a conservação dele ainda significaria que precisamos primeiro nos convencer de que o negócio de cartões de crédito de parceiros no varejo vai na verdade se enquadrar na estratégia do Citicorp", disse em abril John Gerspach, diretor financeiro do Citi, numa conferência telefônica com analistas. "E isso é uma decisão que não tomamos até agora."
Uma porta-voz do Citi não quis comentar o assunto ontem. O Citi emitiu mais de 33 mil cartões de grupos varejistas parceiros, perdendo apenas para a General Electric, segundo a Nilson Report. O Citi vendeu US$ 1,6 bilhão dos ativos administrados da divisão para a GE no ano passado.
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