25 de jul. de 2011

WALMART PREPARA-SE PARA DOBRAR SEU COMÉRCIO ELETRÔNICO

jornal Brasil Econômico 22/07/2011 – Cintia Esteves

Em 2007, Flávio Dias chegou ao Walmart com a missão de desenvolver o comércio eletrônico da companhia. Quatro anos depois, o jovem executivo, de 34 anos, prepara-se para dobrar a operação que, por enquanto, conta com dois centros de distribuição no estado de São Paulo, um em Jandira e outro em Cajamar. Dias faz mistério quanto aos próximos passos da operação, mas o BRASIL ECONÔMICO apurou que a companhia está montando um depósito de 25 mil metros quadrados em Confins, Minas Gerais. O espaço concentrará produtos de grande porte, como geladeiras e, apesar da distância de São Paulo, onde a varejista concentra boa parte de suas vendas, proporcionará um significativo ganho fiscal aoWalmart.

Atualmente, duas são as empresas responsáveis por todos os passos da operação de seus centros de distribuição dedicados ao comércio eletrônico. Mas está nos planos da companhia romper com estes parceiros e trazer a gestão para dentro de casa. “Vamos ter benefício financeiro,mas a principal motivação é aumentar a produtividade, pois teremos nossos próprios funcionários trabalhando na operação. No segundo semestre vamos dobrar nossa capacidade de armazenamento ”, afirma Dias, que atualmente ocupa a direção geral de e-commerce doWalmart. Somente com o novo depósito, o gasto da varejista será de R$ 1 milhão por mês, embora o executivo prefira não confirmar a informação.

Na visão de Dias, a operação dos centros de distribuição é a única parte do negócio que merece ser gerenciada internamente. “Não compensa, por exemplo, trazer o call center para dentro doWalmart. Já a área de tecnologia funciona em um sistema híbrido, com funcionários nossos e empresas terceirizadas”, afirma. Atualmente, o varejista trabalha com70 mil produtos distribuídos em 21 categorias.Quando o comércio eletrônico entrou no ar, em outubro de 2008, eram 11 categorias e 10 mil produtos. Itens de papelaria estão entre as mais recentes novidades incluídas no mix da varejista, que estuda a venda on-line de remédios.

Desafios

No final do ano passado, o comércio eletrônico, de uma maneira geral, passou por dificuldades. Falta de estrutura das transportadoras, implantação do sistema de nota fiscal eletrônica, além de um forte aumento nas vendas levaram algumas varejistas a atrasar a entrega dos produtos.

Para driblar a deficiência das transportadoras, oWalmart pretende ampliar as parcerias. “Em vez de trabalharmos com as quatro maiores empresas, que prestam serviços para quase todo o mercado, vamos procurar mais opções”, afirma. Apesar das dificuldades, o comércio eletrônico brasileiro não para de crescer. O Walmart espera vendas 60% maiores em 2011 em relação ao ano passado. A previsão é que o segmento fature R$ 20 bilhões nesse ano, alta nominal de 30% na comparação com 2010, de acordo com a E-bit, empresa especializada em informações de e-commerce. Somente o primeiro semestre deve ser responsável por uma receita de quase R$ 9 bilhões. Caso a cifra se confirme - a E-bit ainda está apurando os dados - o total vendido no período será superior a receita de todo o ano de 2008, cerca de R$ 8,2 bilhões. Em2010, eletrodomésticos e livros estiveram entre as categorias mais vendidas.

Varejista estuda vender medicamento pela web

OWalmart tem planos de levar suas farmácias BomPreço e Big para o comércio eletrônico. “Este projeto está em estudo, mas ainda não temos uma data para iniciá-lo”, diz Flávio Dias, diretor-geral de e-commerce da companhia. A varejista iniciou suas vendas pela internet em outubro de 2008 no endereço www.walmart.com.br e hoje atua em21 categorias, entre elas, eletroeletrônicos, móveis e livros. A venda de alimentos, por enquanto, acontece somente nas cidades de Porto Alegre e Curitiba, nos sites dos supermercados Nacional e Mercadorama.

As duas bandeiras, que pertenciam ao grupo Sonae, já atuavam no comércio eletrônico quando foram adquiridas pelo Walmart em 2005, mas somente há um ano e meio elas passaram para a gestão de Dias. “Estamos fazendo modernizações com objetivo de expandir a atuação destas duas marcas na venda on-line de alimentos”, afirma Dias, sem revelar mais detalhes.

Para o executivo, a experiência de Mercadorama e Nacional na internet têm servido como aprendizado ao Walmart. “É uma operação diferenciada, pois trabalha com produtos perecíveis e congelados”, diz. No Brasil, o Walmart é o terceiro no ranking supermercadista com faturamento de R$ 22,3 bilhões em 2010. A companhia tem 11,1% de participação de mercado atrás de Carrefour com 14,4% e Pão de Açúcar, com 17,9%, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Em 2011, o plano de expansão prevê a abertura de 80 lojas, que consumirão R$ 1,2 bilhão. Amaior parte das inaugurações será de lojas Todo Dia, de vizinhança, e Maxxi, de atacarejo (formato que mistura atacado a varejo).

Segundo o presidente da companhia, Marcos Samaha, a modalidade escolhida para crescer no país é orgânica, ou seja, por meio de abertura de lojas. Aquisições podem vir a acontecer no futuro, mas não estão no foco da companhia neste momento, afirma o executivo.

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