31 de jul. de 2011

DROGARIA SÃO PAULO ARMA REAÇÃO A DROGASIL E RAIA

jornal Brasil Econômico 29/07/2011 – Cintia Esteves

Ronaldo Carvalho, presidente do conselho da Drogaria São Paulo, é do tipo que gosta de reclamar. Leitor assíduo de diversos jornais e revistas, o empresário é presença constante nas seções de cartas para redação dos principais veículos de imprensa do país, maneira que escolheu para expor sua opinião sobre os mais variados assuntos, de guerra fiscal ao sistema de classificação das medalhas olímpicas. Esta espécie de hobby lhe rendeu a publicação de dois livros: “A arte de reclamar” e “Delito de Opinião”, onde estão reunidas as cartas escritas de 1974 a 2009, inclusive as que não foram publicadas.

No entanto, o empresário, que é filho de Thomaz Carvalho, fundador da Drogaria São Paulo, surpreende ao não fazer qualquer queixa sobre a fusão entre Drogasil e Droga Raia, transação que, se concluída, vai tirar a sua companhia da liderança do varejo farmacêutico. “Não só vai tirar como vai nos deixar muito longe do primeiro lugar”, diz Carvalho, fazendo referência ao faturamento de cerca de R$ 4 bilhões da nova líder ante uma receita de R$ 2,3 bilhões da Drogaria São Paulo.

Caminho

Para continuar no jogo, Carvalho deve resgatar o antigo sonho de abrir o capital, objetivo no qual vem trabalhando desde 1999, quando os balanços da empresa começaram a ser auditados. “Devemos chegar à bolsa de valores no final do ano que vem”, diz. Em 2010, a companhia comprou as 72 unidades do Drogão e atualmente possui 350 pontos de venda, metade da rede formada por Drogasil e Raia.

“Será muito difícil para a Drogaria São Paulo ganhar esta musculatura somente por meio da abertura de novas unidades. O jeito é realmente se capitalizar para fazer aquisições”, afirma Mauricio Morgado, professor do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV). A Drogaria São Paulo tem aberto uma média de 20 farmácias por ano. “Quando abrirmos o capital, este número vai ter de subir para, pelo menos, 50 inaugurações anuais”, diz Carvalho.

A rede de farmácias Pague Menos, com 400 unidades, é outra que em breve deve partir para forte expansão. A empresa já anunciou sua intenção de colocar ações no mercado. Para Nuno Fouto, coordenador de pesquisa do Programa de Administração de Varejo (Provar) da FIA/USP, a Panvel, com 270 lojas no Sul do país, é uma das redes que deve ser bastante assediada para novos movimentos de fusão e aquisição. “É uma empresa competente que conseguiu construir uma rede forte”, afirma.

Concorrentes de peso

Não são apenas as empresas focadas exclusivamente em farmácias que estão fortalecendo suas posições. As redes supermercadistas, aos poucos, conquistam posição significativa neste segmento. O grupo Pão de Açúcar iniciou uma reestruturação em suas drogarias. A companhia está aumentando a área de vendas das unidades, além de reforçar o sortimento de produtos, principalmente de beleza e perfumaria.

Segundo o grupo, nas cinco unidades onde as mudanças foram realizadas, as vendas aumentaram mais de 50%. Antes, as drogarias do grupo Pão de Açúcar ofereciam, em média, 7 mil itens. Com a expansão, esse número subirá para 9 mil. As transformações serão implementadas nas outras 147 lojas da rede no perído de dois anos. No Walmart também há novidades a caminho. Na semana passada, a companhia informou ao BRASIL ECONÔMICO que está desenvolvendo um projeto de comércio eletrônico para suas farmácias das bandeiras Big e BomPreço.

No primeiro semestre deste ano, o faturamento das 26 maiores redes de farmácias do país chegou a R$ 9,57 bilhões, alta de 19,61% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

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