21 de jul. de 2010

SANTANDER PRESERVA A VANTAGEM DE ESCALA

Há apenas 13 anos em atividade no Brasil, quando considerado o período em que, de fato, opera como banco comercial, o Santander exibe um desempenho que faz jus àquilo que se convencionou chamar de fome de campeão. No período, foram 12 aquisições e uma bilionária oferta inicial de ações, feita em outubro de 2009, que transformaram o banco de capital espanhol na terceira maior instituição financeira privada do país. Com o setor bancário já bastante consolidado, agora o Santander se concentra em capturar as vantagens da escala conquistada. "Até 2013, queremos ser o melhor e mais eficiente banco do Brasil, e dar o maior retorno para o acionista", afirmou Fabio Barbosa, presidente do Santander Brasil, em recente entrevista ao Valor.

Carlos Lopes Galán, diretor financeiro e de relação com investidores do Santander, diz esperar um crescimento da oferta de empréstimos do banco igual ou superior à média de mercado no decorrer do ano. Boa parte da aposta se concentra nas operações de cartão de crédito. Até 2012, o objetivo é ter 150 mil novas contas, 300 mil estabelecimentos comerciais credenciados e R$ 5 bilhões em empréstimos, além de uma participação de 10% no volume de transações do mercado de cartões.

Também em cartões, o Santander saiu recentemente do capital da Cielo (antiga VisaNet) e lançou-se como um novo competidor nesse mercado, em parceria com a empresa de tecnologia GetNet. A ideia é amealhar empresas de pequeno e médio porte para a base de clientes do banco por meio do credenciamento de varejistas. Dentro desse conceito, foi lançado o Santander Conta Integrada, produto que oferece ao cliente vantagens como, em uma mesma conta corrente, receber os créditos tanto da bandeira Mastercard, da qual o banco já tem licença, como da Visa. A conta pode também ser isenta de tarifas caso o volume mínimo de transações da empresa seja de R$ 3 mil por mês com o uso da máquina. A meta é aumentar em 35% o número de clientes nesse segmento, hoje de 500 mil empresas, nos próximos três anos.

Como parte da estratégia de expansão das operações, os planos do Santander incluem a abertura de 150 a 180 agências em 2010, de um total de 600 em quatro anos. Depois de reforçar a atuação na região Sudeste, a etapa seguinte será a ampliação da presença no Nordeste, onde a participação de mercado do banco é de 7%. O Nordeste, que vem puxando a oferta de crédito no país, deve receber pelo menos 40 novas agências do Santander em dois anos. Em três, a meta do banco é dobrar o número de postos de atendimento no Norte e Nordeste do Brasil. Atualmente, eles são cerca de 130.

O processo de integração das operações brasileiras do holandês ABN Amro , compradas em outubro de 2007, está entrando na reta final. Em julho, o verde e amarelo da marca Real nas agências ABN Amro dará lugar ao vermelho do Santander. Até setembro, a unificação das redes, incluindo o call center, deve completar o trabalho.

Espera-se, com isso, que o Santander encurte a distância que o separa de Itaú Unibanco e Bradesco. Os resultados da integração já começam a ser sentidos, com a economia de custos mostrando progresso significativo. No primeiro semestre deste ano, os ganhos de sinergia superaram a previsão inicial de R$ 1 bilhão e somaram R$ 1,3 bilhão. As despesas administrativas e com pessoal apresentaram redução de 3% em relação a março do ano passado. Para se ter ideia da relevância das operações brasileiras, elas já representam 21% do resultado do grupo.

Quando analisados os índices de desempenho financeiro do Santander, percebe-se que há bastante trabalho a ser feito pela frente. O crescimento da carteira de crédito nos 12 meses encerrados em março, por exemplo, foi de apenas 3,6%. No segmento de pequenas e médias empresas, o comportamento foi negativo, com queda de 6,7% do saldo. Em teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre de 2010, Galán afirmou que os números começaram a mostrar recuperação em março.

(jornal Valor Econômico 20/05/2010 - Aline Lima)

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