20 de jul. de 2010

REDECARD TEM MARGEM MENOR NO 1º TRIMESTRE

O aumento da modalidade parcelada sem juros nas transações de crédito mexeu sensivelmente com a rentabilidade da Redecard no primeiro trimestre do ano. Conforme as demonstrações financeiras, divulgadas na sexta-feira, a margem líquida caiu de 44,5% para 43,7% quando comparada ao mesmo intervalo do ano passado, ainda assim mantendo-se em níveis elevados. No período, o lucro líquido aumentou 11,2%, para R$ 352,6 milhões, enquanto o resultado operacional (o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, lajida) chegou a R$ 565 milhões, alta de 11,6%.

Segundo o presidente da Redecard, Roberto Medeiros, o parcelado sem juros já representa 60% das transações com cartões de crédito, em comparação às fatias que vinham, trimestre a trimestre, subindo, de 45% para 50% e 57% num intervalo de um ano e meio. O efeito disso tem sido a redução gradual da taxa de desconto (líquida de intercâmbio, a parcela que cabe aos emissores), que passou de 1,60% para 1,51%, 1,46% e 1,40% ao longo dos trimestres.

A contrapartida é que, como no parcelado sem juros é o lojista que banca o prazo do cliente, isso acaba se revertendo em operações de pré-pagamentos, um dos carros-chefes nas receitas da Redecard. No primeiro trimestre, o volume de antecipações chegou a R$ 6,8 bilhões, representando 25,5% do total de transações com crédito no período, que alcançou R$ 39,8 bilhões. Nos três primeiros meses de 2009, essa proporção era de 24,8%.

Já na Cielo (ex-Visanet), há pouco mais de um ano com essa operação na rua, a antecipação de recebíveis representou 5,8% do bolo de crédito no primeiro trimestre (de R$ 58,8 bilhões), movimentando R$ 2,2 bilhões. Apesar de também vislumbrar o crescimento da modalidade de pagamento sem juros, o presidente da empresa, Rômulo Dias, diz não ver ainda nenhum impacto dessa dinâmica na rentabilidade do negócio. Dos volumes capturados em crédito, metade é parcelada sem nenhum encargo financeiro. "Com a substituição do cheque pré-datado pelas transações eletrônicas para financiar compras e num momento de expansão do crédito e aumento das vendas de varejo acima do PIB, é de se esperar que essa forma de pagamento ganhe representatividade."

A Cielo fechou o primeiro trimestre com margem líquida de 43,2%, 2,2 pontos percentuais acima do mesmo período de 2009. O lucro subiu 32,1%, a R$ 440,2 milhões, enquanto o lajida ajustado cresceu na mesma ordem de grandeza, para R$ 713,6 milhões.

No caso da Redecard, foi a receita bruta com aluguel de equipamentos (POS) que surpreendeu favoravelmente o desempenho, conforme observou a analista Mariana Taddeo, da Link Investimentos, em relatório. Houve avanço de 5,4% no trimestre e de 12,7% em 12 meses, para R$ 206,5 milhões. No período, a credenciadora instalou 80,5 mil novas máquinas, aumentando a base de POS para 1,014 milhão. Ao mesmo tempo, a Cielo ampliou esse número em apenas 0,7%, para 1,64 milhão, o que sugere que a Redecard pode estar cobrando taxas menores dos estabelecimentos. As receitas da Cielo com aluguel de equipamentos avançaram 4,5% no trimestre e 14,9% em 12 meses, para R$ 294,5 milhões.

(jornal Valor Econômico 03/05/2010 - Adriana Cotias)

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