20 de jul. de 2010

CIELO E REDECARD BUSCAM CONTER O SANTANDER


As duas maiores adquirentes de cartões, a Cielo (ex-Visanet) e a Redecard, se preparam para a iminente concorrência do banco Santander, que pretende abocanhar entre 10% e 15% deste mercado até 2012. Outra meta do grupo espanhol é ter 150 mil novas contas originadas pelo processo de credenciamento e 300 mil estabelecimentos comerciais cadastrados em dois anos.

Outro ingrediente que deve apimentar a disputa é que, em julho, todos os terminais leitores de cartões (chamados de POS) poderão receber as principais bandeiras de pagamento: Master Card e Visa, além da novata Elo.  Para barrar o grupo espanhol, as duas principais adquirentes, Cielo e RedeCard, usarão de estratégias similares. Ambas querem crescer geograficamente e oferecer, aos lojistas, serviços como recarga de celular, por exemplo. Além de ampliar a presença em setores poucos explorados, como na educação, saúde, distribuição e construção civil.

O principal foco das adquirentes de cartões é o mercado varejista, que, em média, utiliza mais de uma máquina por estabelecimento. O mercado está aquecido, pois, nesta semana, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) refez as projeções de crescimento, que eram de 8,5% para mais de 10% de expansão. A entidade ressaltou que os números são frutos do aumentou da confiança do consumidor.

No caso do grupo espanhol, para conquistar os estabelecimentos comerciais e implantar as máquinas, o Santander, que se associou a GetNet, em março deste ano, promete ser agressivo. Vai oferecer até 100% de redução no pacote de tarifas da conta corrente para os estabelecimentos que registrarem captura de cartões de crédito e débito acima de R$ 3 mil por mês.

Na sexta-feira, a Cielo, maior rede adquirente de cartões de crédito e de débito do Brasil, anunciou lucro líquido de R$ 440,2 milhões no primeiro trimestre, uma alta de 32,1% sobre os R$ 333,2 milhões sobre 2009. O volume financeiro de transações totalizou R$ 58,8 bilhões de janeiro a março, um acréscimo de 23,2% sobre os R$ 47,7 bilhões no mesmo período em 2009.

O presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, acredita que a capilaridade de sua marca, estimada em 97,6% dos municípios brasileiros e com mais de 1,7 milhões estabelecimentos cadastrados, seja o diferencial para barrar o Santander. “Cada adquirente tem direito de várias bandeiras de pagamento. O que esperamos colocarmos mais de uma máquina por estabelecimento. Vamos incentivar a fidelidade do lojista também”, afirma.

O presidente aposta na criação de novos serviços como o AgroCard, que no trimestre cresceu 47,7%, atingindo R$ 435,0 milhões em volume financeiro de transações. “Estamos implantando máquinas compartilhadas, como fizemos no Hospital Albert Einstein, onde, até 20 médicos podem dividir a máquina e receber o dinheiro de forma direta”. Outra estratégia deve ser aceitar bandeiras regionais.

Já a maior concorrente, a Redecard apresentou lucro líquido de R$ 352,6 milhões no primeiro trimestre do ano, crescimento de 11,2% ante o mesmo período do ano passado. A empresa capturou R$ 39,8 bilhões em transações com cartões de crédito e débito nos três primeiros meses do ano; aumento de 23,1% sobre o registrado no mesmo período de 2009.

O diretor presidente da empresa, Roberto José de Medeiros afirmou que a Redecard continuará o processo de expansão geográfica e a exemplo da concorrente, focará novos mercados. “Nos primeiros três meses do ano, o setor odontológico cresceu 41% na Redecard, enquanto o de educação, apresentou alta de 47%.”

Elo

Outra disputa que deve acirrar o mercado de cartões, e a recém criada da bandeira Elo. A nova bandeira é fruto da junção Bradesco, que detém 50,01% da holding e o Banco do Brasil, 49,99%. O objetivo é atingir 15% do mercado de cartões em cinco anos. Com a junção de equipes dos dois bancos também são esperadas sinergias financeiras que podem chegar a uma economia de R$ 1 bilhão até 2015. Outra meta inicial da Elo é transferir participações societárias e negócios em valor superior a R$ 15 bilhões, incluindo a Cielo.

Sobre a possibilidade de facilitar a penetração da bandeira de crédito nos POS da Cielo, o presidente da marca, Rômulo de Mello Dias, disse apenas que “essa bandeira vai ser criada nos próximos 6 meses e temos uma proximidade maior e o objetivo é atingir percentual de 15%”.

A proximidade da bandeira com a adquirente de cartões é a de que Banco do Brasil e Bradesco detêm 28,65% de ações cada um do capital da Cielo. Dias não descartou que os bancos possam fazer uma nova oferta de ações para os 42,7% das ações restantes estão no mercado acionário (free float). As ações da Cielo, que estrearam na Bovespa em junho de 2009, a partir de maio, passam a integrar estes três índices da Bolsa: Ibovespa, IBrX-50 e IBrX-100. Os papéis da Cielo estreiam hoje no principal índice do mercado acionário brasileiro.

(jornal DCI 03/05/2010 - Fernando Teixeira)

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