10 de abr. de 2012

REDECARD PODE SAIR DO NOVO MERCADO MESMO SE OFERTA FRACASSAR


jornal Valor Econômico 15/03/2012 - Natalia Viri, Graziella Valenti e Ana Paula Ragazzi

O Novo Mercado está prestes a sofrer a uma baixa de R$ 24 bilhões, valor atual da Redecard na BM&FBovespa. O Itaú deixou claro que retira a empresa do segmento diferenciado de governança mesmo se não conseguir fechar o capital de sua controlada no setor de credenciamento de cartões.

Seria a primeira companhia a sair voluntariamente do Novo Mercado. Outras saídas ocorreram como resultado de fusões ou fechamentos de capital.

A informação estava no fato relevante que anunciou a oferta para fechamento de capital da Redecard, lançada pelo Itaú em 7 de fevereiro. Porém, não estava suficientemente claro que isso ocorreria com o sucesso ou não da oferta, o que foi esclarecido pelo edital da oferta, em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O preço ofertado é de R$ 35 por ação, quase 10% a mais da cotação do pregão anterior - quando a empresa alcançou a máxima histórica.

Ontem, os analistas de BTG Pactual, Credit Suisse e Deutsche Bank destacaram essa informação em relatórios. Os analistas do BTG, Marcelo Henriques e Eduardo Rosman, comentam que "a abordagem pode ser considerada incisiva, mas está em linha com o discurso da administração do Itaú".

Para o Credit Suisse, a saída do Novo Mercado poderia ser uma forma de o Itaú tentar fechar o capital no futuro mais facilmente, caso a atual operação não alcance esse objetivo. Contudo, o banco aposta no sucesso da proposta. Por fim, para o Deutsche, trata-se de mais um risco para os minoritários caso não aceitem a oferta, além das questões comerciais. Os especialistas do banco alemão acreditam que o valor que está mesa é justo.

A Redecard pode deixar a bolsa ou o Novo Mercado cinco anos após ter estreado no pregão paulista. Quando veio a mercado, a companhia foi avaliada em R$ 13,8 bilhões. Agora, vale 73% a mais.

Apesar da valorização do negócio na bolsa, o desembolso do Itaú na época da abertura de capital, caso quisesse comprar a participação de todos os demais sócios de então (Unibanco e Citibank), seria praticamente o mesmo que terá com a proposta atual. Em 2007, porém, ele tinha 32% e pagaria isso para levar os 68% restantes. Agora, o Itaú tem pouco mais de 50% - fatia alcançada com a fusão com o Unibanco.

A recepção dos investidores para a oferta está dividida. A fatia de descontentes gostaria que o Itaú dividisse com o mercado as sinergias que pode obter com a integração da Redecard as suas operações.

Entre os analistas, a percepção também se dividiu. Os especialistas do Santander e do HSBC recomendam aos investidores que não vendam suas ações pelo valor proposto pelo Itaú. Ambos têm preço-alvo de R$ 39 para as ações, nos próximos 12 meses.

Caso a oferta seja concretizada com sucesso, o Santander acredita que as sinergias da combinação fariam a Redecard valer o equivalente a R$ 50 por ação. No caso do HSBC, a integração da bandeira Hipercard, totalmente detida pelo Itaú, à Redecard poderia levar o valor do negócio a R$ 41 por ação.

É a partir dessas avaliações que alguns investidores veem espaço para uma negociação. Eles estão frustrados ainda com a postura do Itaú de enfatizar que o valor atual da Redecard tem relação com o fato de ele ser o controlador.

Em breve, será divulgado o laudo de avaliação da Redecard, pelo Rotschild. Caso o valor fique acima de R$ 35, o Itaú pode desistir da proposta.

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