9 de abr. de 2012

BEMATECH MIRA NEGÓCIOS EM PAÍSES DO LESTE EUROPEU


jornal DCI 06/03/2012 - Bruno de Oliveira

Após a expansão geográfica em mercados como Argentina, Chile, Colômbia e Estados Unidos, a brasileira Bematech, fornecedora de equipamentos e software para os setores varejista e hoteleiro, e rival da gigante americana Micros Systems, estuda propostas de negócios no Leste Europeu, mais precisamente na Ucrânia. "É uma região que terá de passar por mudanças significativas na estrutura de arrecadação fiscal no curto prazo, além de possuir uma demanda crescente por automação comercial no varejo, configurando em uma oportunidade importante para a empresa", disse Cleber Morais, presidente da Bematech. Hoje, a operação internacional da empresa responde por 8% do seu faturamento.

O executivo acredita que o mercado de varejo está se profissionalizando cada vez mais nos países emergentes do continente europeu. "Até mesmo as empresas de pequeno porte, seja na Hungria ou na Croácia, se vêem obrigados a procurar diferenciais que os tornem mais competitivos diante dos grandes conglomerados. Muitas vezes, as empresas encontram em novos softwares o diferencial que estavam procurando", explica Morais.

Para disputar este mercado com as grandes empresas de software do mercado global, como a alemã SAP e a norte-americana Oracle, a Bematech vai apostar em sua experiência no mercado brasileiro de pequenas e médias empresas varejistas. "Se analisar o mercado, vai perceber que estas empresas grandes vêm encontrando dificuldades para competir conosco nesta base segmentada na qual somos líderes no mercado brasileiro", conta o executivo.

Morais aponta que a Bematech possui cerca de 20% da fatia do mercado de tecnologia voltado para o varejo nacional, volume este que a torna líder do mercado no País. Em 2010, a empresa faturou cerca de R$ 326,4 milhões e, desde 2007, já investiu R$ 260 milhões em aquisições de sete empresas de software. A última foi a CMNet, desenvolvedora de sistemas para hotéis. Com a transação, a fabricante de sistemas de automação comercial passa a deter 100% do capital social da companhia, da qual já detinha 51% de participação desde 2009. Para adquirir os 49% restantes, a Bematech vai desembolsar R$ 50 milhões.

Sistemas

Sob a gestão de Morais desde abril de 2011, a companhia espera que em três anos o segmento de software seja responsável por metade da receita. No primeiro trimestre de 2011, o percentual do faturamento vindo da área de software e serviços foi de 23%, totalizando R$ 16 milhões, enquanto há um ano o percentual era de 14%. Segundo aponta Morais, o mercado de varejo está passando por uma fase de amadurecimento e se profissionalizando.

"A onda de consolidações tem acelerado a adoção de software pois estimula os concorrentes a usarem certos sistemas para tentar se diferenciar e enfrentar a concorrência dos grandes grupos varejistas" afirma Morais, que não descarta continuar fazendo aquisições para reforçar a área.

Além das compras, a empresa também investe em pesquisa para criar novos softwares que possibilitem o crescimento da receita na área. Uma das apostas da Bematech é o sistema que liga os iPads utilizados para captar o pedido dos clientes diretamente às cozinhas dos restaurantes, além de outras soluções para dispositivos móveis. O investimento total em desenvolvimento de produtos em 2010 foi de R$ 19 milhões.

Hardware

Apesar do crescimento da receita vinda da área de software, que foi de 13,7% no primeiro trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2010, o faturamento total da empresa em hardware não tem apresentado os mesmo índices positivos.

De janeiro a março, foi contabilizada uma queda de 14,4% sobre o ano anterior. Apesar dos resultados, o presidente da Bematech diz que os equipamentos ainda são importantes para a empresa, uma vez que estão embarcados nos serviços prestados.

"Quando o cliente adquire um serviço da empresa, geralmente ele compra também uma impressora fiscal, um leitor de código de barras, etc. Não somos mais uma empresa dependente da receita do hardware, mas ainda é algo muito importante nos números da empresa", diz Morais.

O lucro também foi negativo, com queda de 28,9% no período, números que mostram motivos para que a empresa invista na diminuição da dependência da companhia do setor de hardware para varejo. "O ano de 2011 foi um período de consolidação dos negócios da empresa depois das várias aquisições que realizamos. Esperamos que o desempenho seja melhor daqui pra frente", diz o executivo.

A empresa tem clientes como Leroy Merlin, Subway e O Boticário. A empresa concentra sua produção em fábricas na China e na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná.

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