24 de jul. de 2010

SISTEMA FINANCEIRO EMBARCA EM OPORTUNIDADE DE R$ 12 BI

jornal Brasil Econômico 16/06/2010 - Thais Folego
O fim da carta-frete e a regulamentação do pagamento do serviço por meio de instrumentos eletrônicos representa uma grande oportunidade para as instituições financeiras, já que transfere bilhões de reais que passavam à margem do sistema financeiro para contas bancárias e cartões pré-pagos. A expectativa é de que cerca de 20% dos R$ 60 bilhões anuais que o mercado de frete movimenta comece a transacionar pelos meios de pagamentos regulamentados já no primeiro ano, de acordo com estimativa da Pamcary, empresa de logística, corretagem de seguros e sistemas de TI especializada no mercado de transportes.

Não é de hoje que instituições financeiras estão de olho nesse setor, montando estratégias e produtos para abocanhar parte desse bolo. No entanto, por conta da falta de regulamentação, as iniciativas acabavam tendo pouco alcance. A lei que proíbe o uso da carta-frete para o pagamento das despesas de viagem e frete ao caminhoneiro, porém, deve impulsionar os dois lados: da oferta e da demanda. "Cinquenta por cento dos caminhoneiros não são bancarizados", diz Ricardo Miranda, presidente da Pamcary.

"A emenda de lei põe o banco nessa história, e faz com que as instituições financeiras se estruturem para atender esse volume de negócios", diz Kátia Weber, diretora de produtos da Visa do Brasil e responsável pela área de Soluções Comerciais. A Visa estruturou um produto especialmente para o transporte rodoviário no ano passado, chamado Visa Cargo. É um cartão pré-pago onde a transportadora carrega o valor do frete e das despesas de viagem, e o caminhoneiro pode usá-lo em todos os pontos que aceitam cartões da bandeira. Segundo Kátia, nenhum banco emite efetivamente o cartão ainda, mas há duas instituições em fase de desenvolvimento de sistemas para oferecer o produto e outros dois bancos estão em fase de negociação, e devem ter o Visa Cargo na prateleira em 2011.

Além do pré-pagamento, o chip do cartão suporta ainda a função crédito e Visa Pedágio. Kátia acredita, porém, que o crédito não deva decolar logo no começo. Essas três funções ficam separadas dentro do chip, para que o dinheiro destinado ao pagamento do pedágio não se misture com o do frete, por exemplo.

Pioneiro

Em parceria com a Pamcary, o Bradesco já oferece um cartão pré-pago para o setor desde 2006, que hospeda as funcionalidades de vale combustível, pedágio e pagamento do frete. Antes do Bradesco, a Pamcary oferecia desde 2003 o cartão com o Banco Simples.

A funcionalidade de crédito ainda não é oferecida no cartão do Bradesco. "Hoje temos um limite de crédito pré-aprovado para a transportadora, mas o cartão do caminhoneiro tem uma configuração de pré-pago, o que não nos impede de no futuro contemplar a função de crédito", diz o superintendente de Produtos da Bradesco Cartões, Márcio Parizotto.

Parizotto avalia que a legislação dá um "empurrão" na transferência do pagamento para meios eletrônicos, mas diz que isso já era um movimento inevitável para os dois lados. "A transportadora otimiza a gestão do frete e diminui as possibilidades de fraude. Já o caminhoneiro tem menor custo e maior liberdade para consumir onde quiser", diz o superintendente.

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