21 de jul. de 2010

INSTITUIÇÕES QUEREM TER TODA A CADEIA DE CARTÕES

A receita dos maiores bancos emissores de cartões de crédito (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander) cresceu 13,8% no primeiro trimestre do ano. Nessa conta, entram somente os ganhos com prestação de serviços nos cartões, como taxas de anuidade, de saque, utilização do cartão no exterior, comercialização de produtos (como seguros) e a taxa cobrada do lojista em cada transação do cartão. A parte financeira, de risco de crédito e financiamento (rotativo) entram nas contas de receita com crédito das instituições.

No ano passado, a renda de cartão de crédito dos bancos foi de R$ 13,2 bilhões, crescimento de 14% em relação ao ano anterior. Esse volume representa 23% de toda a renda com prestação de serviços das instituições financeiras, ultrapassando a renda obtida com tarifas bancárias, que foram de R$ 11,3 bilhões, com queda de 20% em relação aos R$ 14,1 bilhões de 2008. Os dados são do Relatório de Estabilidade Financeira divulgado pelo Banco Central (BC) no início desta semana.

Regulação

O faturamento com tarifas bancárias caiu, pois o BC passou a regulá-las em 2008. O governo anunciou no final do mês passado que vai passar a regular também as taxas cobradas nos cartões, o que deve reduzir a receita dos bancos nessa área também. Mas isso não intimida as instituições, pois não é daí que provém o maior ganho deles no produto. O maior faturamento é resultado do financiamento no cartão de crédito, dos salgados juros na casa dos dois dígitos cobrados no rotativo - quando é quitada somente parte ou nenhum percentual da fatura. A questão dos juro não será regulada, já que o país vive em uma economia de mercado.

Além disso, os bancos estão apostando com força nos dois outros apoios do tripé da cadeia de cartões: credenciamento de estabelecimentos para aceitação do dinheiro de plástico e em bandeiras de cartões. E aí há dois grandes polos de concorrência: Por um lado, Banco do Brasil e Bradesco como acionistas da Cielo (credenciadora exclusiva da bandeira até julho deste ano), agora parceiras também na bandeira de débito nacional Elo, anunciada no final de abril. Do outro, o Itaú é o maior acionista da Redecard (que, entre outras bandeiras, é a maior credenciadora da MasterCard) .

Em voo solo, o Santander resolveu ampliar sua atuação no mercado de cartões em parceria com a GetNet para oferecer o serviço de credenciamento dentro de um pacote de serviços bancários para pessoa jurídica.

O banco da família Setúbal também possui a bandeira de cartões Hipercard, que veio da operação do Unibanco, e ontem anunciou parceria com a Redecard, que vai passar a captar as transações da bandeira. Antes, a Hipercard tinha sua própria rede de captura e 470 mil estabelecimentos comerciais credenciados para receber seus cartões, que agora podem ser aceitos em mais de 1,3 milhões de lojas pelo Brasil. “Esta parceria vai beneficiar os clientes do nosso cartão, que terão uma rede de aceitação muito maior, e também os lojistas que poderão diminuir seus custos e simplificar suas vendas com menos máquinas no seu balcão”, diz Ivo Vieitas, diretor executivo da Hipercard.

“Essa é uma resposta do Itaú para a iniciativa do Bradesco e do BB”, avalia Luis Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da Austin Rating. “Mas o Itaú não vai ficar por aí, novidades estão por vir”, dis Boanerges Ramos Freire, da Boanerges & Cia. Isto porque circula que o Itaú também trabalha na criação de uma bandeira nacional. Ou em mudanças no Hipercard, para torná-la uma bandeira aberta a outros emissores. “A Hipercard já é uma bandeira forte, com 13 milhões de cartões emitidos, e tem um potencial imenso se for aberta”,comenta Boanerges.

cartões
(jornal Brasil Econômico 14/05/2010 – Thais Folego)

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