21 de jul. de 2010

BRASPAG FAZ OFENSIVA PARA CONQUISTAR VAREJO

A Braspag, empresa de serviços financeiros do Grupo Silvio Santos, pretende ampliar a gama de soluções de pagamento e serviços financeiros para comércio eletrônico (e-commerce). Para conquistar mais clientes e oferecer mais serviços, como maior segurança na compra on-line, a empresa não descarta abrir capital, no médio prazo. Outra novidade é a abertura de um escritório fora da América do Sul.

O próximo mês será de "fundamental importância para o crescimento da empresa", relatou, ao DCI, o gerente de Serviços Financeiros da empresa, Marcos de Freitas. De acordo com ele, em 15 dias o braço da empresa de Silvio Santos consolidará a operação de e-commerce do Cartão Multicheque (o cartão private label do Ponto Frio).

Mais do que isto, a Braspag espera abocanhar as operações das outras bandeiras do Grupo Pão de Açúcar e também das Casas Bahia, que ainda adotam soluções próprias.

Freitas acredita que os maiores concorrentes são exatamente estas soluções próprias. Segundo o executivo, uma das ferramentas para chamar clientes é garantir segurança nas transações com cartão. "O comportamento-padrão da fraude se caracteriza por utilizar o cartão roubado mais de quatro vezes por dia. Como temos uma base grande de clientes, podemos monitorar isto, e a rede vendedora toma a decisão."

Quanto a abrir capital, o executivo não descartou a hipótese. "A operação da Braspag é relativamente simples, pois depende de representantes comerciais e de um sistema de operações. Ainda não precisamos abrir o capital." Contudo, as ambições do grupo são integrar venda de produtos mais sofisticados e, no médio prazo, se capitalizar. Uma das novidades que o executivo espera anunciar em poucos meses é a abertura de uma operação física em outro país, provavelmente fora da América do Sul.

O market share está estimado em 75% no Brasil, e a empresa pretende crescer mais de 33% este ano. A intenção da Braspag é movimentar R$ 500 milhões este ano.

Hoje, a cartela de clientes, se somados os diretos e os indiretos, beira 1.110 estabelecimentos. Entre eles, estão Carrefour, Netshoes, IBM, EmiratesAirlines, Ticket (Grupo Accor), Decolar. com, Polishop, Certisign, Grupo Posadas (Hotéis Caesar Park), Se rasa e CompraFacil.com.

Outro atrativo, mais voltado para clientes de médio porte, é a cobrança de uma taxa fixa dos clientes, não uma porcentagem. "Temos preços por faixas de operação: quanto maior o volume, menos o nosso cliente paga."

Pesquisa da consultoria e-bit afirma que o comércio eletrônico deve obter uma receita de 13,6 bilhões de reais em 2010, cerca de 30% a mais que no ano passado. "Quando oferecemos produtos como Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e Compra Segurada, o relacionamento fica mais barato para o cliente."

Uma das empresas a aderir aos serviços foi a Dell Informática, caso em que o PanAmericano Seguros, que também integra o grupo Silvio Santos, garante a inadimplência de até cinco parcelas. "A operação está muito forte e o modelo é muito novo no Brasil. A compra segurada deve alcançar 40% do faturamento da Braspag", ressaltou o executivo.

De acordo com o executivo, outro produto, o CDC Online, traz vantagem para a empresa e para o consumidor. No caso do varejista virtual, a possibilidade de o usuário elevar o e-tiquete médio de compra se torna maior. O risco de inadimplência da loja virtual é zero, uma vez que a responsabilidade é da instituição financeira que liberou o crédito", explica.

Cartão de crédito

Freitas relata que, em mercados como o dos EUA, as taxas cobradas nas transações com cartão não chegam a 2%; no Brasil a porcentagem chega a 3,5% e demora 30 dias apagar o emissor. "O grande varejista consegue trabalhar melhor, apresentar mais volume', afirma.

Segundo o gerente financeiro, os varejos de menor porte evitam aceitar transações com débito com valores menores para conseguirem caixa. "Não importa se a compra custou cinco reais ou mil reais: a taxa é a mesma."

No mundo virtual, de acordo com ele, acontece algo similar. Uma compra paga no boleto bancário pode ter um desconto na casa de 5%. 'A loja recebe o dinheiro de uma só vez, não tem a taxa de desconto na transação nem precisa antecipar caixa", destacou.

Estorno

O modelo de negócios da Braspag também almeja abocanhar o mercado que trabalha com muito estorno de pagamentos como a venda de passagens aéreas. De acordo com Freitas, o processo normal de devolução de dinheiro demanda que a empresa tenha um call center ou uma operação on-line somente para isto.

No caso, a empresa do Grupo Silvio Santos oferece um banco de dados dos vários tipos de transação. "O cliente entra no site e nos informa o que quer estornar. Pode ser urna assinatura, uma passagem. Temos a capacidade de guardar os dados com segurança", ressalta.

Negociação

O Grupo Silvio Santos concluiu no ano passado a aquisição da Braspag. O valor da transação foi de R$ 25 milhões e abrange 100% das ações da empresa.

Com atuação no mercado nacional desde 2005 e filiais em países como México, Colômbia, Chile e Argentina, a Braspag foi adquirida pelo Grupo Silvio Santos em 2009. A companhia possui dois data centers. A base dos bancos de dados fica nos EUA, nos estados de Missouri e Pensilvânia.

Ano passado, o presidente do Grupo Silvio Santos, Sebastião Sandoval, afirmou que a aquisição fazia parte da estratégia de grupo de diversificar seus negócios na internet. "O mercado on-line é um dos que mais crescem. Já estávamos operando com o PanAmericano Viagens, mas agora ampliamos nossa presença no mercado virtual, passando a atender inclusive clientes corporativos."

Outro aspecto importante do negócio é o grande potencial de sinergia entre a Braspag e as empresas do Grupo Silvio Santos.

O suporte em pagamentos on-line poderá ser aplicado nos negócios de Hydrogen (varejo de cosméticos), Jequiti (cosméticos porta a porta), Lojas do Baú (deve operar no e-commerce, em breve), PanAmericano Viagens, cartões de crédito, entre outros negócios do Grupo Silvio Santos.

(jornal DCI 31/05/2010 – Fernando Teixeira)

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