13 de dez. de 2011

ENTREVISTA CEO: FERNANDO MARQUES DE SOUZA, DIRETOR-GERAL DA CYBERSOURCE NO BRASIL

jornal O Estado de S. Paulo 04/12/2011 – Cláudio Marques

“Com pressão não se chega aos melhores resultados”

Com apenas 39 anos de idade, mas com grande experiência nos ramos ligados a meios de pagamentos e tecnologia, Fernando Marques de Souza acaba de assumir um grande desafio: comandar a instalação e a operação da Cyber Source no Brasil. Comprada em abril de 2010 pelo grupo Visa, a empresa atua no fornecimento de soluções de pagamentos eletrônicos, controle de risco e segurança de pagamentos para estabelecimentos comerciais online. No Brasil, também vai fornecer um serviço que permitirá o uso de cartão de crédito internacional de outros países em transações feitas pela internet com empresas locais. Formado em engenharia, Souza começou como trainee na Asea BB, passou pela Lucent Tecnologies e Verysign até a ida para a CyberSource.

• Por que você?
Bom, minha experiência nos últimos dez anos tem sido em multinacionais de tecnologia. Os meus últimos quatro anos e meio foram como diretor regional para a Amércia Latina na
VerySign, que é uma companhia global na área de segurança digital que também lida com a área de fraudes - um negócio muito próximo do que a Cyber Source faz. E antes disso, eu estive cinco anos num grupo francês chamado Gemalto, de smart cards, dirigindo a operação na América Latina. Também foi uma experiência na indústria de pagamentos, o que tem muito a ver com o que a Visa e a Cyber Source fazem. Então a escolha tem a ver com a minha experiência nos serviços que a Cybersource faz.

• Só experiência basta?
Eu acho que também contam os resultados da carreira. Minha experiência sempre de começar a liderar um negócio no seu início, expandi-lo e levá-lo ao sucesso num horizonte de dois, três anos, que é exatamente o que a Cyber está buscando neste momento. É uma empresa muito reconhecido no comércio eletrônico dos Estados Unidos e outros países. No Brasil ela está chegando e penso que meu histórico de resultados é exatamente o que a Cyber está buscando.

• Você estudou no Brasil?
Sou engenheiro eletrônico formado pela Universidade Federal de Itajubá, em 1995. Depois, em 2005-2006, fiz MBA na FIAUSP com extensões em Cambridge (Inglaterra), Universidade de Lyon (França)e na Universidade de Xangai (China).

• Liderar é gerir pessoas?
Minha responsabilidade é dirigir todo o negócio. Neste momento, por exemplo, estamos contratando no Brasil toda a equipe da CyberSource, para as áreas comercial, técnica, de suporte ao cliente, marketing, essa equipe que vai trabalhar comigo. Estamos em fase final. E o maior investimento que a empresa está fazendo neste momento no Brasil.

• Você participa diretamente do processo?
Ativamente. São três pilares que tenho em minha carreira, como pessoa, mas que influenciam na gestão dos negócios. O primeiro tem a ver com integridade. Sou uma pessoa guiada por princípios e não por circunstâncias. Isso, para mim, tem a ver com lealdade, lidar com a verdade. Então, acho importante a equipe ter esses valores, porque, afinal, é a reputação, não só do profissional, mas da Cyber Source, da Visa. Então, eu participo ativamente dos processos de seleção, primeiro de tudo para verificar princípios que os profissionais têm. Segundo, eu creio muito que não adianta ter só uma visão estratégica, saber os diferenciais e como a empresa pode ser bem sucedida, se não tiver capacidade de executar. Então, aí vêm as decisões do dia a dia, que às vezes não são fáceis de tomar, mas é preciso tomá-las para executar. E o terceiro pilar são as pessoas. Se não há uma equipe sentindo que está aprendendo, está executando o seu trabalho, se desenvolvendo, é muito difícil você ter um time vencedor. Todos nós lidamos com frustrações em nossas profissões, é normal que você tenha uma equipe que às vezes sofra frustrações, mas a maior parte do tempo ela tem que estar se divertindo, aproveitando, aprendendo no seu trabalho, é isso que forma um time vencedor. E eu prezo muito por isso.

• Então, não deve haver aquele clima constante de tensão...
Um dos papéis do líder é segurar a tensão. Precisamos saber filtrar as pressões que às vezes recebemos dos investidores e dos líderes que estão acima de nós. Mas, ao mesmo tempo, para cobrarmos os resultados é preciso dar ferramentas. Certamente, eu acredito que não é na base da pressão que os melhores resultados são atingidos.

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