13 de dez. de 2011

COOPERATIVAS QUEREM ATINGIR 10% DO MERCADO FINANCEIRO

jornal DCI 06/12/2011 – Marcelle Gutierrez

As cooperativas de crédito possuem expressiva importância para a inclusão financeira, já que provêm crédito a baixo custo e de forma mais acessível do que os bancos. Entretanto, representam apenas 2% de participação no Sistema Financeiro Nacional (SFN). Diante de um crescimento anual de cerca de 35% nos últimos anos, a meta do setor é de atingir 10% de forma sustentável e se igualar a outros países, como França e Alemanha, que possuem cerca de 40% do crédito originado no cooperativismo.

Até outubro, o saldo de empréstimos realizados às pessoas físicas por meio das cooperativas chega a R$ 30,065 bilhões, de acordo com o Banco Central, um acréscimo de 1,69% ante setembro, quando ficou em R$ 29,564 bilhões, e de 24% na comparação com outubro de 2010.

Já a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), detalha que os ativos acumulados nos primeiros seis meses de 2011 chegam a R$ 78 bilhões, com patrimônio de R$ 14,5 bilhões e depósitos de R$ 35 bilhões. Os empréstimos totalizam R$ 33 bilhões.

O gestor de crédito da OCB, Silvio Giusti, explica que o crescimento dos últimos anos tem sido na faixa de 30%, mas que para 2012 a projeção é superior por conta da instabilidade econômica mundial. "Em 2008, durante a crise financeira, houve um degrau de crescimento, o que pode se repetir em 2012. Os bancos tradicionais têm cuidado com a instabilidade internacional, pois tem exposição aos ativos. Já as cooperativas não têm essa exposição e mantêm a oferta".

As cooperativas de crédito podem funcionar de forma segmentada, como de funcionários públicos, empresários rurais, etc,ou de livre admissão, que aceitam diversos associados, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Em 2010, o Banco Central, por meio do Conselho Monetário Nacional, aplicou a resolução 3859, que obriga estas cooperativas a segregar funções administrativas e permite a livre atuação, que antes só podia ocorrer em municípios com até 2 milhões de habitantes. Segundo Giusti, este foi mais um importante passo na estruturação e crescimento do segmento, além do investimento de R$ 20 milhões já aplicados na capacitação de profissionais e aumento da rede de atuação, para 4,7 mil pontos de atendimento.

"Com a união de todos estes fatores que temos o sonho de atingir 10% do Sistema Financeiro Nacional. O desejo é ter no Brasil o cooperativismo que vemos em outros países, com baixas taxas de juros que regulam o spread bancário, como na França e Alemanha. Temos aqui uma concentração de mercado nos cinco maiores bancos e estrutura que não colabora para um crescimento socioeconômico", diz o gestor de crédito da OCB, que relembra que o brasileiro obtém empréstimos pelas linhas com maiores taxas de juros, como cheque especial, por não ter conhecimento. A taxa média de juros nas cooperativas gira em torno de 4,5% ao mês, enquanto nas instituições financeiras supera 10% a.m, revela a OCB.

Hoje há no Brasil 1,37 mil cooperativas, que funcionam com 5,1 milhões de associados e 56 mil empregados. Até outubro de 2011, 313 novos postos de atendimento (PACs) foram inaugurados. A presença ocorre em 45% dos municípios brasileiros, sendo que mais de 400 do total está em locais de baixa densidade demográfica, com média de 20 habitantes por km² e que contam exclusivamente com a cooperativa. O diretor de desenvolvimento organizacional do Sicoob Confederação, Abelardo D. de Melo Sobrinho, concorda com a meta de expansão. "O crescimento em 2010 foi de 35%, enquanto os bancos evoluíram 17%. O cooperativismo cresce mais". O Sicoob é composto por 576 cooperativas singulares, 15 centrais de crédito, uma confederação e um banco.

Para o diretor, o princípio básico das cooperativas de crédito está em prover a inclusão financeira e concorrência. "O associado é o capitalizador, poupador e tomador do empréstimo. Além disso, não objetiva o lucro", diz Melo Sobrinho, que ainda acrescenta a importância do atendimento diferenciado. "No Rio Grande do Sul, o cooperativismo é forte por conta do atendimento e o banco que chega em certas cidades tem que adaptar o spread ao já aplicado pela cooperativa".

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