13 de dez. de 2011

CARTÃO GOODYEAR RESOLVE FALTA DE CRÉDITO PARA REVENDEDORES

jornal DCI 07/12/2011 - Ernani Fagundes

A tesouraria brasileira da fabricante de pneus GoodYear encontrou uma solução criativa para dar crédito aos seus pequenos e médios revendedores ao criar o cartão private label Business Card. "Estamos migrando todas as contas a prazo para o cartão", declarou o tesoureiro da Good Year, Aleksandro Oliveira, após palestra na Conferência Anual Eurofinance sobre Gestão de Tesouraria Internacional, realizado ontem, em São Paulo.

Segundo Oliveira, a solução deu tão certo que já responde por 30% da operação da companhia americana no Brasil, que possui faturamento mensal de R$ 300 milhões. "A ideia surgiu ao descartamos outras opções de recebimento de recebíveis, como o FIDC que exige uma estrutura de pelo menos R$ 50 milhões", contou o executivo.

O private label administrado pela Ourinvest já emitiu 200 cartões, cerca de 40% dos clientes revendedores da companhia. "O risco é do administrador, mas ele tem acesso a todo o histórico de crédito do distribuidor, o que facilita estabelecer os limites de crédito", detalha Oliveira.

Entre as vantagens para o cliente do Business Card está o prazo de pagamento, entre 30 e 40 dias, o uso exclusivo na rede Good Year para controlar as faturas, e a possibilidade do revendedor parcelar em até 12 vezes, com juros de 3% a 4% ao ano mais Selic. "O acordo com a Ourivest prevê essa taxa, e a GoodYear recebe em D+1", esclarece Oliveira.

Ele citou, que somente no caso de fornecedores de pneus para aviões é que o prazo é em D+15. "É um prazo excepcional, já conversei com o comercial, mas não consigo entender porque no caso das aeronaves, D+15 é considerado como pagamento à vista", exemplificou o tesoureiro.

Entre as estratégias de marketing para oferecer o private label aos distribuidores, a companhia exibe apenas a marca da GoodYear no cartão. "Muitos fornecedores nem se lembram que tem um administrador, e usamos a fatura para divulgar promoções e novos produtos", conta.

Na previsão do tesoureiro, a GoodYear Brasil deve crescer entre 4% e 5% em 2011, com um faturamento anual superior a R$ 3 bilhões. No mundo, a companhia americana fatura US$ 20 bilhões por ano em 185 países e possui 72 mil funcionários.

No Brasil, a companhia americana conta com duas unidades fabris, uma em Americana e outra em Santa Bárbara, no interior de São Paulo, além de 4 centros de montagens nas montadoras. Ao todo a subsidiária possui 3,4 mil colaboradores e comercializa 12 milhões de pneus por ano.

Outro caso apresentado no evento da Eurofinance foi o trabalho de tesouraria da Amil Assistência Médica após a fusão com a Medial Saúde. Em dezembro de 2009, a união das duas companhias reunia 135 mil funcionários, e com o processo de sinergia implantado reduziu-se para 106 mil funcionários em outubro de 2010. "Demitir não tem problema nenhum, mas damos o feedback antes para manter o time motivado", afirmou Marcio Mazzei, diretor financeiro da Amil.

"Tentamos romper a barreira de resistência do processo sendo muito transparentes", completou o gerente-financeiro da Amil, Marcos Lomonaco.

Ao final, o processo de sinergia resultou no crescimento da receita em 47% da companhia, como uma economia de 26% na folha de pagamento e de 21% nas despesas administrativas. Em 2011, a Amil deve fechar o ano com crescimento em torno de 8% e faturamento de R$ 6,75 bilhões. "Para 2012, estamos abrindo 4 filiais na região Nordeste e ampliar a pirâmide no segmento de pequenas e médias empresas", disse ao DCI, o diretor-financeiro Marcio Mazzei.

Dificuldades

Nesse segundo dia da conferência, os tesoureiros das companhias brasileiras voltaram a criticar as dificuldades domésticas e as barreiras burocráticas nos demais países da América do Sul.

"Somos obrigados a ter um modelo híbrido no Brasil, na Argentina e na Venezuela, bem diferente da plataforma que a Fiat utiliza em outros países do mundo", afirma o diretor superintendente da Fiat Finanças, Gilson Carvalho. "Eu não consigo trazer fluxo [dinheiro] da Argentina para o Brasil, e nem mandar fluxo do Brasil para a Argentina", critica.

A Kodak Cone Sul também passa por situação semelhante em relação à Argentina. "O processo de Aduana até o aceite do banco leva de 14 a 21 dias nó melhor dos cenários", reclama o gerente de tesouraria para o Cone Sul da Kodak, Hugo Garbe, ao falar da operação de sua companhia, atuante no Brasil, Peru, Chile, Uruguai e Argentina.

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