12 de jan. de 2011

MERCADO ADOTA CAUTELA COM CIELO E REDECARD

jornal DCI 12/01/2011 - Flávia Milhassi

A movimentação no mercado de cartões já começa a afetar as duas maiores empresas do setor. Na última semana, as ações das maiores operadores de cartões de crédito - Cielo e Redecard, detentoras de 90% do mercado - tiveram altos e baixos, mas o pior resultado ficou com as ações de Cielo, que foram rebaixadas de "compra" para "neutro" pelo banco de investimentos Goldman Sachs.

Um dos motivos foi a mudança do diretor Financeiro da empresa. Por motivos pessoais, Marcos Grodetzky renunciou ao cargo recentemente, e a responsabilidade ficou por conta Clóvis Poggetti Júnior. Além dessa troca de diretores, logo no início deste ano, houve uma redução significativa nas taxas cobradas dos lojistas nas transações via cartão.

Para o analista de mercado Pedro Galdi, da SLW Corretora, o decadente desempenho dessas empresas nos pregões da Bovespa deve-se em especial à entrada de novos concorrentes no mercado e a declarações do presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, de que o quarto trimestre seria mais fraco para o setor.

"Essas ações foram penalizadas por uma série de notícias. A Redecard, que apresentou terceiro trimestre abaixo do esperado, despesas com a disputa de mercado, a entrada de novas concorrentes aqui no Brasil. Essas informações mostraram ao mercado que o setor pode ter maus resultados neste ano", explica o analista.

O preço-alvo dos papéis da Cielo em 12 meses apresentou redução de 13%, para R$ 15. A Redecard manteve sua recomendação em "neutro" e seu preço teve desvalorização de 10%, para R$ 23,30. Segundo o especialista, ainda não é possível identificar ou definir o preço que esses papéis podem atingir este ano, mas o setor, estruturado, mostra que ainda há possibilidade de crescimento dessas empresas.

"O mercado tem um potencial de crescimento fantástico, pois pode-se perceber a substituição do dinheiro pelo uso do cartão", comenta Galdi. Nos dois dias de operação da Bovespa nesta semana, as ações da Cielo acumulam baixa de quase 1%, cotadas a R$ 13,04. A Redecard acompanhou a queda e fechou o pregão de ontem em queda de 0,39%, com ações negociadas a R$ 20,12.

As empresas CSU Cardsystem e Valid (ex-ABNote) foram negociadas em alta. A primeira fechou o dia negociada a R$ 6,08, enquanto a Valid fechou o dia com suas ações a R$ 20,90.

Em um quadro comparativo a 2010, fica evidente a desvalorização de ambas as empresas. Em janeiro do ano passado, a Redecard abriu o pregão do ano tendo seus papéis negociados a R$ 28,94. No pregão do dia 30 de dezembro essas ações valiam R$ 21,05, uma desvalorização de 27,2%.

No caso da Cielo, a queda das ações foi menos intensa do que a das de sua principal concorrente. Em janeiro de 2010, as ações da empresa estavam cotadas a R$ 15,32, e no último pregão do ano foram negociadas a R$ 13,45, o que corresponde a uma queda de 13,34%.

Esses resultados não levam em consideração o pagamento de dividendos pelas empresas, que são descontados do preço das ações no ato do pagamento.

Ainda segundo o analista de mercado da SLW, Pedro Galdi, o crescimento do Brasil este ano, embora menor do que o do ano passado, ajudará a melhora do desempenho das empresas de cartão de crédito.

"As empresas brasileiras podem crescer muito neste ano, apesar da forte concorrência. As projeções foram revistas devido à intervenção do governo e a mudanças de taxas, mas o setor poderá, sim, crescer mais", diz Galdi.

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