20 de jan. de 2011

COM ALTA DA SELIC, BRASIL COMPLETA UM ANO NA LIDERANÇA DE JUROS REAIS

portal Folha Online

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de elevar a taxa básica de juros do país em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, fez com que o Brasil completasse um ano na liderança do ranking dos países com maiores juros reais do planeta.

O Brasil ocupa a primeira posição do ranking desde janeiro de 2010, quando ultrapassou o segundo colocado à época, a Indonésia, após a quarta manutenção consecutiva da Selic.

Com a alta, os juros reais foram a 5,5% ao ano. Na segunda posição aparece a Austrália, com taxa real de 1,9%, quase três vezes menos que a taxa brasileira. Na terceira posição está a África do Sul, com 1,8%. O ranking é elaborado por Jason Vieira, analista internacional do Cruzeiro do Sul, e Thiago Davino, gerente financeiro da Weisul Agrícola, com 40 das maiores economias do planeta.

Da taxa básica, foi descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.

De acordo com os analistas, a inflação de commodities alterou algumas projeções de inflação pelo mundo, o que gerou mudanças nas colocações do ranking. Além disso, o aumento da inflação também pode levar a novas altas na taxa de juros brasileira.

"O recente aumento dos índices de inflação tende a levar a um posicionamento mais retracionista de política monetária do Banco Central em 2011 e a perspectiva de continuidade do crescimento econômico renova a possibilidade de elevações de juros no Brasil", afirmaram.

Os analistas afirmam que, para que o Brasil deixasse a primeira colocação no ranking, seria necessário um corte de 3,5 pontos percentuais na taxa Selic, para 7,25% ao ano. Assim, o país chegaria a um juro real de 1,7%, ocupando a terceira posição.

Enquanto o Brasil reforça sua liderança na lista, mais da metade dos países citados registram juro real negativo. Tanto que a taxa média geral dos países analisados ficou em -0,8%. Os últimos lugares do ranking são ocupados por Venezuela (-7,4%), Grécia (-4,0%%) e Cingapura (-3,6%).

A liderança do Brasil ajuda o país a registrar uma expressiva entrada de capital externo, que ocorre porque os títulos de renda fixa emitidos no país pagam mais que seus pares internacionais. Por conta disso, o governo anunciou no segundo semestre algumas medidas para conter a valorização do real no mercado, que prejudica exportadores e amplia as importações no país.

Outros países com juros nominais altos detêm projeções inflacionárias mais fortes, e, portanto, perdem posições no ranking.

Veja o ranking dos dez países com os maiores juros reais:

1º Brasil 5,5%
2º Austrália 1,9%
3º África do Sul 1,8%
4º Hungria 1,0%
5º Filipinas 1,0%
6º Polônia 0,8%
7º Malásia 0,7%
8º China 0,7%
9º Taiwan 0,4%
10º Chile 0,3%

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