14 de jan. de 2011

AÇÃO DA TEMPO CAI 10% APÓS RENÚNCIA DE PRESIDENTE

jornal Valor Econômico 14/01/2011 - Ana Paula Ragazzi

Desde que, na segunda-feira, a Tempo Assist comunicou ao mercado a renúncia de seu diretor-presidente, as ações da empresa de planos de saúde e odontológicos acumularam queda de 12% em três pregões.

Ontem, a 15 minutos do fim do pregão, a ação caía 3,9%, mas fechou com recuperação, em alta de 2%, a R$ 4,50. A perda da semana se reduziu para 10%.

A empresa informou que Carlos Rodrigo Formigari deixou o cargo por decisão pessoal.

O executivo assumiu o posto em abril de 2009 com o compromisso de aprimorar os processos e a governança corporativa. Sua gestão era bem vista pelo mercado.

A avaliação era que o presidente anterior, José Bonchristiano, viabilizou aquisições e o crescimento da empresa, mas não obteve o mesmo sucesso no momento de consolidar as atividades. Já Formigari, vindo da área de cartões do Unibanco, era visto como um profissional com foco em execução operacional. Quando assumiu, a cotação da Tempo estava ao redor de R$ 2,80.

O Valor apurou que a insatisfação de Formigari cresceu nos últimos meses por conta da condução do processo de tentativa de venda da empresa. Em outubro de 2010, a Tempo informou que BTG Pactual e UBS a assessoravam na avaliação e prospecção de oportunidades de "combinação de negócios, investimentos e desinvestimentos para seus diversos segmentos de negócios".

O fato relevante foi divulgado após reportagem do Valor informar que a empresa procurava comprador para 100% de seu capital e atraía seis interessados: a operadora de planos de saúde Amil; as seguradoras Bradesco Saúde, Mapfre e SulAmérica; a corretora de saúde Qualicorp e a United Healthcare, empresa de saúde dos Estados Unidos.

No entanto, a gestão da Tempo estava completamente fora desse processo de venda total ou parcial da empresa. Toda a negociação sempre foi tocada pela GP Investimentos, maior acionista individual da Tempo, com fatia de 20,8%, e pelo antigo diretor-presidente e atual presidente do conselho de administração, José Bonchristiano, que é irmão de Antonio Bonchristiano, um dos sócios da GP.

O Valor apurou que nenhuma transação foi fechada até o momento porque os interessados desistiram, descontentes com a quantidade de informações que eram oferecidas para se avaliar os negócios à venda.

Descontente por estar liderando uma empresa em processo de venda sobre o qual não possuía informações, Formigari decidiu aceitar o convite de seu antigo empregador e retornar para a área de cartões do Itaú Unibanco. Com a saída da empresa, o executivo deixou para trás, inclusive, o exercício de seu plano de opções de ações, que responde por 40% de sua remuneração.

Procurada pelo Valor, a GP não concedeu entrevista e Formigari não foi localizado.

José Luis Magalhães Salazar, diretor financeiro da Tempo e que passou a acumular a presidência, afirmou que o que tem a dizer é apenas o que está nos comunicados já divulgados pela companhia. Ou seja, que a saída de Formigari se deveu a motivos pessoais e que a empresa é assessorada por BTG e UBS.

Salazar disse ainda que a saída do executivo não implicará nenhuma mudança na agenda da companhia. "O ano de 2010 foi de arrumação da casa, ajuste de processos, redução de custos e de tornar a empresa mais transparente", diz. Em 2011, segundo ele, o foco será na expansão. "A empresa está pronta para se tornar mais agressiva em sua estratégia de crescimento. Saímos de uma agenda interna para uma visão externa." (Colaborou Beth Koike)

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