21 de jul. de 2010

REDECARD REGISTRA VOLUME RECORDE DE ANTECIPAÇÃO DE RECEBÍVEIS

A Redecard, que processa as transações dos cartões MasterCard, entre outras bandeiras, registrou o maior volume já movimentado pelo produto de antecipação de recebíveis durante o primeiro trimestre: R$ 6,8 bilhões, o que representa 25,5% de todo o volume transacionado via cartões de crédito. O percentual de antecipação médio registrado trimestralmente costuma ser de 20% a 22%. Como nas transações, o portador do cartão. tem, em média, 30 dias para pagar, o lojista demora o mesmo tempo para receber a venda. Esse valor pode ser antecipado pela credenciadora ou por bancos, mediante o desconto de uma taxa. Foram antecipados aos lojistas.

Segundo Roberto Medeiros, presidente da Redecard, o resultado mostra a competitividade em termos de preço da empresa com relação aos concorrentes. Ele explica que, para o cliente de médio porte, o serviço é uma forma facilitada de acesso a capital de giro. Já para o grande, que tem de antecipar grandes volumes, o serviço da Redecard acaba sendo mais vantajoso que o dos bancos, pois nesse último é cobrado IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). "O produto é um importante instrumento de fidelização do cliente, o que é importante no cenário de maior competição nesse mercado", avalia Simone Freire, analista do Banco Geração Futuro de Investimentos.

No dia 1º de julho, termina a exclusividade que a Cielo (exVisaNet) tem para processar as transações da Visa. A partir daí, tanto as máquinas da Redecard quanto as da Cielo passarão a fazer transações de Visa e MasterCard. Dessa forma, o lojista poderá escolher por trabalhar com apenas uma das duas credenciadoras. Hoje, por conta da exclusividade da Visa, se quiser trabalhar com as duas bandeiras, o lojista tem de alugar as duas máquinas. Com isso, há quem fale que a receita das empresas com o aluguel das máquinas tende a cair ao longo do tempo, e também por conta da entrada de novos participantes nesse mercado, como o Santander em parceria com a GetNet.

Limites

Simone lembra, porém, que o volume de antecipação não deve crescer - em termos percentuais sobre o volume de crédito - muito mais do que 25%. "Na última conferência, o presidente da Redecard comentou que o objetivo é ficar nesse patamar, que não quer tirar espaço dos bancos", comenta a analista. Já na Cielo, onde o produto é novo (foi disponibilizado no final de 2008), há mais espaço para crescer, segundo ela. A Cielo antecipou R$ 2,1 bilhões no primeiro trimestre de 2010, 5,8% do volume total de crédito transacionado.

Ações sofrem pressão regulatória e competitiva

A indústria de cartões de crédito foi pega de surpresa na semana passada, quando em entrevista, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, disse que, além das taxas bancárias, o governo também estudava regular as taxas que as credenciadoras cobram dos lojistas. No dia 18, as ações da Cielo amargaram queda de 15,28% e as da Redecard,11,96%, enquanto o Ibovespa caiu 3,22%. Depois, o Ministério publicou uma nota amenizando as declarações, falando de "diálogo" com o setor e mudanças feitas de forma "bem amigável e acordada".

"O mercado foi pego de surpresa, pois voltou à tona a questão da regulação, quando o mercado estava caminhando para a autorregulação", comenta Simone Freire, analista da Geração Futuro. Segundo ela, os papéis das duas empresas sofrem pressões não só do risco regulatório, mas também do risco de maior competição na reconfiguração que está em processo a indústria. No primeiro trimestre, porém, as companhias mostraram bons resultados e redução de custos. 0 lucro líquido da Cielo no período foi 32,1% maior do que o primeiro trimestre de 2009 (R$ 440,2 milhões) e da Redecard, 11,2% (R$ 352,6 milhões). No ano até ontem, as ações de Cielo apresentam alta de 4,42% e as da Redecard, queda de 1,76%.

(jornal Brasil Econômico 28/05/2010 - Thais Foleqo)

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