21 de jul. de 2010

ESPAÇO ABERTO PARA CORRESPONDENTE CAMBIAL

A restrição para que as agências de turismo e os hotéis comprem e vendam moeda diretamente aos clientes, imposta pelo Banco Central (BC) desde o início do ano, deu vigor a um nicho de negócio para as corretoras de câmbio — o dos correspondentes cambiais. Semelhantes aos correspondentes bancários, os cambiais permitem elevar a capilaridade do mercado de moeda em espécie no país, sendo autorizados a intermediar operações de valor equivalente a US$ 3 mil. Podem, também, oferecer cartões pré-pagos em outras moedas e até pequenas remessas ao exterior. Há, no país, 392 correspondentes cambiais cadastrados.

Casas como o Grupo Fitta estão se dedicando com afinco à atividade, beneficiada pela resolução 3.568 do BC. A norma estabeleceu que, a partir de janeiro, só poderiam continuar operando moeda as agências de turismo que abrissem corretoras de câmbio ou que se tornassem correspondentes cambiais. "Tínhamos 70 correspondentes ao fim de 2008, que saltaram para 270 no ano passado. Agora, são cerca de 320", destaca o diretor de câmbio do grupo, Fabiano Rufato.

A resolução do BC ajuda a trazer formalidade para um segmento em que a atuação informal, lembra o executivo, é largamente disseminada. "Isso faz o mercado crescer", destaca o diretor da Fitta, de longe a instituição com maior número de correspondentes cambiais.

Para encarar o setor, a corretora de câmbio B&T desenvolveu um modelo que permite a instalação de um correspondente em cerca de 30 dias. Os primeiros saíram em outubro passado e, hoje, eles se aproximam dos 60. O foco está nas pequenas agências de turismo, preferencialmente fora do eixo Rio-São Paulo. "Queremos chegar a até 120 neste ano", ressalta o sócio-diretor da B&T, Túlio Ferreira dos Santos.

Alvo

O alvo das grandes corretoras de câmbio está voltado mais para as agências que nunca negociaram moeda do que para as antes autorizadas pelo BC. "As ex-credenciadas se acostumaram a trabalhar de forma diferente dos procedimentos que exigimos", afirma Rufato, da Fitta. Além disso, elas são poucas — 114 —, diante de todas as que existem no país. As filiadas à Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav) são 3 mil.

O investimento do estabelecimento para se tornar um correspondente é pequeno. "Não exigimos qualquer tipo de pagamento antecipado", ressalta Santos, da B&T. "Avaliamos a situação econômico-financeira da agência e a estrutura física, o que pode demandar algum investimento." Mesmo assim, os valores para elevar o grau de segurança do local — com a construção, por exemplo, de uma sala com vidros blindados — não ultrapassam R$ 20 mil.

Questões operacionais, como o transporte de moeda, ficam com a corretora, explica Rufato. Em regiões próximas de filiais da Fitta, não há qualquer dificuldade para transportadoras de valores levarem moeda em espécie aos correspondentes. "No interior, damos preferência aos cartões pré-pagos, que podemos enviar pelo correio."

No banco Confidence, mudança na lei estimula parcerias com agências

Sem planos de aderir ao sistema de correspondentes cambiais, o banco Confidence aposta na ampliação das parcerias com agências de turismo após a edição da resolução 3.568 do Banco Central. "Correspondentes envolvem questões de segurança e outros detalhes. Não achamos uma boa", diz o vice-presidente de Marketing da Confidence Câmbio, Paulo Della Volpe.

A estratégia de crescimento da empresa compreende dois modelos de parceria. No tipo mais simples, a agência de turismo é remunerada por indicar uma das 90 filiais do Confidence como uma alternativa para a compra de moeda, caso o cliente solicite. No mais sofisticado, em troca de uma remuneração que chega a ser o dobro da paga no primeiro, as agências — ou "partners" — têm atuação proativa, oferecendo de fato o produto câmbio ao turista. "A agência é remunerada por nós como é por qualquer outro serviço turístico que venda", explica Della Volpe. "Para as agências, é um sistema interessante, pois o turista quer a solução completa para viajar. É um acessório que faz diferença." No primeiro tipo de parceria, o banco possui cerca de cinco mil agências cadastradas. No de "partners", são entre 900 e mil — das quais aproximadamente 400 são filiais da CVC. Escala, neste modelo de negócio, passa a ser fundamental. "É um mercado em que os valores das transações são muito baixos. Em negócios deste tipo, as margens de lucro são pequenas” lembra Della Volpe.

O momento da economia do Brasil deve dinamizar o mercado de câmbio, ressalta o executivo "Não dá para negar que o câmbio é uma forma de controlar as finanças do país. Fazemos parte desse processo."

(jornal Brasil Econômico 14/05/2010 - Mariana Segala)

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