15 de jun. de 2008

NOVAS FERRAMENTAS PONDERAM RISCO E RECOMPENSA DO CRÉDITO

jornal Gazeta Mercantil 10/06/2008 - Ana Cristina Góes


O aumento de crédito disponível ao consumidor e o conseqüente crescimento na inadimplência favoreceu o desenvolvimento de novas ferramentas de avaliação de crédito no mercado.

Segundo o Banco Central, as concessões de crédito ao consumidor por meio de recursos livres atingiram R$ 52,642 bilhões em abril de 2008, um aumento de 11,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O indicador Serasa de Inadimplência Pessoa Física, de janeiro a abril deste ano, a inadimplência dos consumidores cresceu 6,7% na comparação com o mesmo período de 2007. Já os dados da Associação Comercial de São Paulo apontam que os registros recebidos no cadastro de inadimplentes do SCPC aumentaram 11,5%.

Se antes as ferramentas mais utilizadas faziam uma simples análise de dados, as novas ferramentas medem o risco em relação à recompensa para a instituição credora. Uma das ferramentas mais amplamente usadas é o score, um modelo estatístico que cruza parâ-metros de comportamento dados de capacidade de pagamento.

"O score analisa os hábitos de consumo da pessoa, como o que ela compra, com qual freqüência, como faz o pagamento, se o pagamento é feito em dia, com quantos dias de atraso é efetuado o pagamento com dados como a renda familiar e a região onde mora", explica a superintentende de produtos e serviços da Associação Comercial de São Paulo, Roseli Garcia, que realiza a palestra "Novas ferramentas de inteligência transformando a forma de conceder crédito no varejo" no 1Fórum Witrisk Risco e Recompensa, que acontece hoje em São Paulo.

A mais nova ferramenta de análise de crédito é o MIS, um modelo que gerencia o desempenho do cliente. "O MIS informa, após fazer a análise dos dados do mutuário, qual o risco que a instituição credora vai correr em relação ao benefício que ela terá com a concessão de crédito", explica Roseli.

Segundo Roseli, o MIS possibilita uma melhor gestão da carteira de empréstimo da instituição. "Quando uma empresa muda a sua política de crédito, ela consegue saber se, com a alteração que fez na carteira ela correrá mais risco ou não", completa.

O sócio-diretor da Partner Conhecimento, Alvaro Musa, acredita que com o aumento de crédito disponível ao consumidor as instituições financeiras e as emissoras de cartões devem ter consciência na hora de conceder o crédito.

"É um processo gradativo de aprendizado para todos se pensarmos que antes de 1995 não exista CDC (Crédito Direto ao Consumidor). A partir daquele ano, a estabilização da moeda e a domesticação da inflação tornaram possível o planejamento financeiro", afirma Musa, que apresenta no evento a palestra "Os bancos e financeiras e a sociedade - responsabilidades e tendências do mundo de crédito no varejo".

Sobre as taxas de juros praticados pelas instituições financeiras, Musa ressalta que, embora as taxas sejam altas em relação ao custo operacional das instituições, a taxa de inadimplência no Brasil também é muito mais alta do que o normal se comparada com outros países.

"Daí a importância do cadastro de bons pagadores, porque atualmente os bancos não sabem se você é bom pagador", finaliza.

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