O Citigroup, maior banco norte-americano em ativos, está reorganizando o comando em postos-chave da atividade da instituição no Brasil. Gustavo Marin, presidente e CEO, continua à frente das operações, cargo que assumiu em 2006. Mas o segmento de varejo, tratado internamente pelo banco como "consumer", sai das mãos de Gilberto Caldart para as de Hugo Anversa, que acumulará a presidência do negócio com suas antigas funções como responsável pela área de "middle market". Do Credicard Citi sai também o seu principal executivo, Hector Nevarez. Leonel Andrade, presidente da CitiFinancial, também acumulará as funções. O superintendente-executivo de recursos humanos e assuntos corporativos do Citi Brasil, Henrique Szapiro, informa que a dança das cadeiras trata-se apenas de um movimento natural de uma empresa multinacional. São executivos de carreira internacional que, diz, em algum momento retomam essa rota.
No entanto, executivos com larga experiência no mercado, mas que preferem não se identificar, afirmam que a reestruturação na gestão já era um desejo de Marin desde que assumiu o comando da subsidiária, por causa, principalmente, da diferença de estilo entre ele e os executivos na busca por resultados. Ao que tudo indica, apesar da relutância da matriz, a reorganização é mesmo uma vitória para Marin. "O Gustavo Marin venceu", afirma um dirigente de uma organização concorrente. Szapiro, respondendo por Marin, diz que isso não existe. "Faz parte do desenvolvimento da carreira de nossos profissionais", afirma ele, ressaltando a importante participação tanto de Caldart como de Nevarez na estratégia de expansão do grupo no Brasil, implementada desde 2006 e que levou o Citi a um lucro de R$ 1,7 bilhão no ano passado, enquanto a corporação passava, e ainda passa, por baixas contábeis e prejuízos em decorrência da crise do subprime.
Caldart, segundo Szapiro, é prata da casa e está entre os mais cobiçados profissionais de carreira do conglomerado. O executivo informa que o Citi Brasil, em seus 93 anos de existência, tem sido referência na formação e envia um grande número de profissionais para fora, ficando atrás apenas da matriz. "Os executivos daqui chamam a atenção da organização por seus resultados e sucesso. Antes isso era tradicional, hoje é uma coqueluche." Atualmente, são 170 os executivos formados no Brasil que atuam nas mais diversas subsidiárias do Citigroup.
A companhia, contudo, ainda não definiu novos cargos e praças para Caldart e Nevarez. Szapiro afirma que Nevarez, de origem porto-riquenha, deverá até o final do ano ajudar na transição do comando, já que, por questões familiares, não poderá sair do País até lá. Com mais de 20 anos de empresa, ele é um expert na área de cartões e muito "disputado por outras subsidiárias", diz. "O Citi é o maior emissor de cartões de crédito do mundo. E ele em 2006 veio para isso, para tocar o processo de cisão após a compra da Credicard, em 2005", diz Szapiro, observando que Andrade, ex-presidente da Losango e contratado há menos de dois anos para incrementar os negócios do CitiFinancial, agora vai alçar vôos mais altos pelo trabalho que vem fazendo. "Há importantes sinergias nessas duas áreas, de cartão e financeira, e isso vai nos ajudar no novo ciclo do Credicard, que tem tidos resultados excepcionais, embora abaixo de quando adquirimos, mas bastante próximo." A companhia hoje está entre as cinco maiores emissoras de cartão do País, com quase 6 milhões de plásticos.
"Andrade é uma pessoa reconhecida e muito respeitada no ramo. Conhece bem o produto e poderá dar uma cara brasileira aos cartões do Citi", afirma Luís Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da Austin Rating, agência classificadora de risco de crédito, explicando que o executivo é um ganho qualitativo para a estratégia de crescimento do grupo no Brasil. "Essa reformulação mostra que algo não estava funcionando ou que o Citi quer que funcione melhor ainda. O grupo vem se posicionando bem no Brasil, está crescendo fisicamente, fazendo aquisições, o que mostra que tem interesse de longo prazo no mercado."
Szapiro informa que a intenção é justamente essa. "Com os novos executivos não se deve esperar mudanças radicais e sim a rentabilização da expansão do negócio, conforme os planos já desenhados." Ressaltou ainda que há mudanças em outros níveis, mas descarta demissões. "Em menos de dois anos, dobramos o números de funcionários para mais de 7 mil. Desde 2006, o grupo abriu 54 agências do Citibank e 84 do CitiFinancial. Na semana passada, anunciou a aquisição da corretora Intra, negócio avaliado em cerca de R$ 200 milhões.
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