jornal O Estado de S. Paulo 20/06/2008 - Renée Pereira
A compra da corretora de valores Intra, anunciada ontem pelo Citi, é um passo importante na estratégia do banco americano de reforçar a área de varejo no Brasil. "Em 2006, tínhamos lançado uma corretora com foco em investidores institucionais. Faltava a plataforma voltada para pessoa física, que agora teremos na Intra", afirmou o presidente do Citi Brasil, Gustavo Marin.
Com a aquisição, o banco terá acesso a uma base de clientes cadastrados da ordem de 25 mil investidores, dos quais 5 mil atuam diariamente no mercado em operações que beiram R$ 400 milhões. Esse é o mesmo volume negociado pela corretora do Citi com investidores institucionais. O que significa que o volume de negócios do banco vai dobrar.
Além disso, com a estrutura do Citi, a expectativa é conseguir dobrar o número de clientes da Intra em dois ou três anos. Outro benefício da compra da Intra é que o Citi poderá usar a base de clientes da corretora para vender seus produtos, como cartão de crédito.
O valor da aquisição não foi revelado. Sabe-se apenas que a corretora tem cerca de R$ 1,2 bilhão em ativos de clientes, 220 funcionários e colaboradores e 13 filiais e escritórios espalhados pelo País. O negócio não envolve as ações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), destacaram os ex-sócios da Intra, que devem continuar atuando como conselheiros na corretora.
MERCADO ESTRATÉGICO
Marin destacou que a aquisição se encaixa perfeitamente na estratégia de desenvolvimento perseguida pelo Citigroup no mundo, que é vender "ativos não estratégicos para gerar capital e investir em mercados estratégicos, como o Brasil, cujos negócios crescem 20% a 30% ao ano". No ano passado, a filial do maior banco privado do mundo conseguiu reverter o prejuízo de R$ 50 milhões em 2006, e obteve lucro de R$ 1,72 bilhão, cerca de US$ 1 bilhão. No mundo, o grupo teve ganho de US$ 3,6 bilhões em 2007. Um dos negócios que têm contribuído para o desempenho robusto do banco é a financeira (CitiFinacial), lançada em 2003, voltada para as classes C e D.
Esse foi o primeiro passo do Citi para reforçar a área de varejo, já que, até então, era conhecido como o banco da classe média alta. No ano passado, a instituição fechou o ano com 130 lojas da financeira e 123 agências em todo o País. "Vamos continuar expandindo nos operações para fora do eixo das capitais Rio-São Paulo. Temos identificado uma série de praças para ampliar nossa rede de distribuição", afirmou o presidente do Citi no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário