12 de set. de 2010

COMO A TECBAN SUPEROU A TEMPESTADE

portal Isto É Dinheiro 10/09/2010 - Márcio Kroehn

O nome TecBan, abreviação de Tecnologia Bancária, não é dos mais conhecidos. No entanto, é provável que todos os 100 milhões de brasileiros com contas em banco tenham usado os serviços da empresa pelo menos uma vez. A TecBan administra a rede Banco24Horas, que possui cerca de dez mil caixas automáticos em que é possível sacar dinheiro e pagar contas sem ter de encarar as tenebrosas filas nas agências.
Depois de ver seu mercado encolher por causa do processo de consolidação do sistema financeiro, a companhia mudou seu foco. A TecBan uniu-se aos antigos concorrentes e investiu R$ 2,5 bilhões ao ano desde 2006, segundo a DINHEIRO apurou, para ampliar a rede de atendimento.

Tantas mudanças foram uma resposta às alterações do mercado. Surgida há 28 anos, a TecBan nasceu como uma resposta dos bancos Unibanco, Nacional e Bamerindus à concorrência dos gigantes Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. Apenas os bancões tinham capacidade técnica e financeira para montar grandes redes de atendimento automatizadas.


Para não ficar em desvantagem, bancos pequenos e médios também se uniram à TecBan e passaram a fazer parte do grupo de controle. Quase três décadas depois, muitos desses bancos fundadores da companhia nem existem mais. “A consolidação do mercado financeiro criou os megabancos e vínhamos perdendo clientes”, diz Enrique Recasens, diretor de produtos e soluções da TecBan.

O Banco24Horas parecia fadado ao desaparecimento. Para evitar a tragédia, a TecBan se reinventou. “Em vez de concorrer com os grandes bancos, nós transformamos a nossa empresa numa rede complementar”, diz.

Desde 2006, os clientes de Bradesco, Itaú e Banco do Brasil começaram a poder utilizar os terminais da empresa. No caso do Itaú, o cliente que usa a rede da TecBan para sacar dinheiro paga uma tarifa adicional – o modelo de negócios da companhia prevê uma comissão a cada transação.

Em seguida, a companhia investiu pesadamente na ampliação do número de terminais e nas cidades atendidas. Os gastos com equipamentos, aperfeiçoamento tecnológico e expansão para novas praças foram acelerados. Entre 1982 e 2004, a empresa instalou três mil terminais de atendimento.

Entre 2004 e 2009, esse número triplicou para dez mil unidades. O número de cidades atingidas quase dobrou, para 440, e a meta é atingir 17 mil terminais até 2012. “Vamos aumentar, em média, quatro mil terminais por ano para ser a maior rede bancária externa mundial”, diz Recasens. Não será fácil. Para isso, terá de dobrar a rede após 2012, pois a Cardtronics, que atua no Reino Unido, México e nos EUA, tem 30 mil caixas eletrônicos.



Apesar de tanta ambição, o terreno continuará sendo difícil para a TecBan, pois os antigos concorrentes não estão parados. Bradesco, Santander e Banco do Brasil anunciaram no início do ano que vão compartilhar seus terminais de autoatendimento, o que criará uma rede de 11 mil máquinas – maior que a da TecBan hoje.

O negócio deveria ter saído do papel em julho passado, mas foi adiado para o quarto trimestre, em razão do provável interesse da Caixa Econômica Federal – que já compartilha seus terminais com BB – em juntar-se ao grupo. Com mais esse concorrente de peso, a TecBan terá de abrir mais o guarda-chuva para manter-se competitiva e crescer.

Uma hipótese em estudo é entrar no mercado de distribuição de valores, com a marca TBFort. “A empresa não pode ficar parada e precisa se movimentar para não perder o seu espaço”, diz o consultor Boanerges Ramos Freire.

Recasens não confirma essa estratégia e diz não estar preocupado com os grandes bancos. “O compartilhamento é bem-visto, será um ganho de custo. Como pertencemos aos bancos, estamos aqui para apoiá-los”, diz o executivo.

A TecBan quer se diferenciar montando lojas próprias, ou seja, espaços pequenos onde três ou quatro máquinas funcionem dia e noite. Hoje, a maior parte dos terminais está dentro de estabelecimentos comerciais que não funcionam 24 horas, como supermercados e farmácias.

Além disso, a TecBan precisa colocar mais ímpeto em seu processo de expansão geográfica. Hoje, o eixo Rio de Janeiro-São Paulo concentra mais de 60% das máquinas de dinheiro vivo. E, cada vez mais, o Brasil cresce forte fora dos grandes centros.

Um comentário:

David disse...

O duro é que a movimentação de dinheiro está diminuindo, é claro que ainda vai demorar muito para ele reduzir a circulacao, mas o modelo de negócio da Tecban pode ser melhor se abrirem também para outras empresas que não são bancos, como a DAP Brasil que administra o PagTotal (pagamento via celular), serviço que veio para ficar.

David