30 de set. de 2010

CREDICARD VAI EMITIR CARTÕES PARA CLIENTES DA SULAMÉRICA

jornal Valor Econômico 30/09/2010 - Adriana Cotias

A Credicard venceu disputa com oito instituições financeiras para ser a emissora de cartões de crédito para os clientes da SulAmérica Seguros e Previdência. O acordo nasce no ramo de automóveis, área em que a seguradora tem 1,23 milhão de clientes, mas pode evoluir para outros segmentos, como o de saúde, com 1,8 milhão de clientes ativos, já no primeiro semestre de 2011. No seu portfólio geral, a SulAmérica tem 6 milhões de segurados. Em três anos, a previsão é ter 500 mil plásticos emitidos com a bandeira MasterCard, gerando em cinco anos uma movimentação de R$ 4 bilhões - em prêmios de seguros e compras em estabelecimentos comerciais.

As empresas não revelaram como vão se remunerar mutuamente, mas para o lado da SulAmérica a estimativa é de que a parceria gere uma sinergia de R$ 100 milhões num intervalo de 10 anos, segundo o presidente, Thomaz Cabral de Menezes. Nessa conta estão a redução no índice de cancelamento de apólices de auto, de uma taxa de 5% para 2% - já que o segurado pode se refinanciar num momento de aperto de fluxo de caixa -, oportunidades para oferta cruzada de outros seguros, bem como a economia com emissão de boletos e postagem de cobrança bancária. De acordo com Sérgio Borriello, vice-presidente de Controle e Operações Financeiras da empresa, a média de produtos por cliente hoje é baixa, de 1,2, podendo dobrar com esse tipo de oferta.

Para a Credicard, que não tem uma rede própria relevante, com pouco mais de 100 filiais, o principal acréscimo é na distribuição dos cartões por meio dos 28 mil corretores que atuam em nome da SulAmérica, diz o presidente da empresa, Leonel Andrade. Essa força representa 85% das vendas da seguradora. Se a meta de 500 mil cartões em três anos for atingida, isso representará 5% da base da Credicard, que deve fechar o ano com 7 milhões de plásticos.

A aliança permitirá a inclusão de um movimento extra com prêmios de autos, nas faturas mensais da Credicard, segmento que ainda não constava no seu portfólio e que tem um tíquete médio alto. Para se ter uma ideia, só no primeiro semestre, a SulAmérica gerou prêmios de mais de R$ 900 milhões em apólice de autos.

Numa segunda etapa, a venda do cartão será estendida aos 200 mil clientes do ramo saúde, da carteira remanescente de planos individuais - hoje a oferta está restrita ao segmento corporativo. Os acordos da Credicard com outras seguradoras, à medida que vençam, também poderão ser transferidos para a SulAmérica, diz Andrade. No ramo vida, a empresa tem um contrato de exclusividade com a MetLife, fruto da aquisição das operações Citi Insurance, mas que estaria em vias de expirar. Já a modalidade de perda e roubo está nas mãos da Chubb, mas essa é uma área em que a SulAmérica ainda não atua.

As conversações entre as duas empresas começaram há cerca de oito meses. Segundo Menezes, a estreia no segmento de cartões de crédito foi uma demanda dos próprios corretores. Em alguma medida, a seguradora também sentiu a pressão concorrencial da rival direta, a Porto Seguro, que criou o seu cartão próprio em 2007 e hoje tem uma base de 700 mil plásticos com a bandeira Visa. No balanço de 2009, a carteira de ativo oriunda dos cartões da somava quase R$ 725 milhões.

Para o segurado, o principal apelo estará na ampliação do prazo de pagamento das apólices de 4 para 6 meses, financiamento da franquia em caso de sinistro e um sistema de pontuação que pode virar dinheiro na compra de um veículo zero quilômetro.

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