jornal Folha de S. Paulo 05/03/2012 – Roberto Dias
Deixe em casa os cartões de crédito e débito, as notas e
moedas e o talão de cheques. Pegue apenas o celular.
A próxima revolução da telefonia deve mudar a forma como pagamos
as contas.
Uma corrida frenética une fabricantes de aparelhos, teles,
bancos, operadoras de cartão e desenvolvedoras de chips para fazer do celular
(também) a sua carteira.
Esse foi um tema central do Mobile World Congress, maior
evento do setor de telefonia, realizado na última semana em Barcelona.
Diferentes tecnologias impulsionam a corrida. A estrela, já
não tão nova, se chama NFC ("near field communication", na sigla em
inglês).
É uma transmissão de dados sem fio que funciona ao aproximar
o celular do terminal de cobrança. Um processo parecido com o que ocorre hoje
com os cartões, mas não é necessário contato.
As novidades nesse front se acumulam.
No mês que vem, a Vodafone, gigante global da telefonia, vai
oferecer serviços de cobrança com NFC em cinco países europeus, numa parceria
com a Visa.
A Visa que, por sua vez, se uniu à Samsung para colocar nas
ruas de Londres, nos Jogos Olímpicos deste ano, um sistema de pagamento via
celular que vai funcionar até no transporte público.
Nos EUA, o Google lançou, em setembro passado, a Google
Wallet, no celular Nexus S, da Samsung, com cartões da MasterCard. Em breve,
modelos da LG terão o serviço.
Ainda no mercado americano, um grupo chamado Isis, união das
operadoras AT&T, Verizon e T-Mobile, lançará neste ano sua própria carteira
para celular.
Com tantos atores de áreas tão diferentes para agrupar, fica
fácil entender por que a revolução demorou a deslanchar -já se vão mais de seis
anos desde que a revista "Economist" publicou reportagem sobre o NFC
sob o título "Num futuro muito em breve".
A GSMA, associação de operadoras e fabricantes de celulares,
acredita que o "muito em breve" chegou.
Estima que nos próximos três anos será vendido 1,5 bilhão de
celulares com tecnologia NFC, o que equivale a um quarto do total de linhas
existentes hoje no mundo.
E O BRASIL?
As empresas veem uma chance clara de lançar no Brasil
celulares capazes de substituir os cartões e enxergam também um grande caminho
de inclusão bancária, já que 40% da população não tem conta corrente. A Visa
diz conversar com teles brasileiras para implementar a tecnologia, mas não dá
prazo.
A vantagem é que já há uma base grande instalada de
aparelhos e cartões com chip. "Dar o passo para o celular é mais fácil a
partir daí", diz Rodrigo Meirelles, diretor da Visa para pagamentos móveis
na América Latina.
O xadrez passa pelo governo. O Ministério das Comunicações
defende que o dinheiro que girar nos celulares esteja atrelado a uma conta
bancária -algo que será discutido com o Banco Central ainda neste mês.
SEU CELULAR, SUA CARTEIRA
Entenda a tecnologia que transforma o telefone em dinheiro
O chip
O consumidor possui um celular que tem dentro um chip de
tecnologia NFC ("near field communication")
O terminal de cobrança
O vendedor também possui um aparelho com essa tecnologia, no
qual é introduzido o valor da cobrança
Opções de pagamento
O usuário escolhe como quer pagar a conta. Há várias
possibilidades, como:
débito: o celular pode estar vinculado à conta corrente de
um banco
crédito: vários cartões podem estar armazenados dentro do
celular; basta o consumidor escolher qual quer usar
fidelidade: cartões que acumulam pontos por relacionamento
também podem ser usados
No sensor
Na hora de pagar a conta, o consumidor aproxima seu celular
do aparelho da loja a no máximo 2,5 centímetros de distância
Segurança
O cartão com tecnologia NFC recebe energia e é
"ligado", acionando uma parte protegida do SIM card do celular, onde
ficam os dados financeiros. O consumidor digita no celular a senha de seu
cartão
Finalizando
Ele aproxima novamente o celular do aparelho da loja, e a
transação é concluída
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