9 de abr. de 2012

SUA PRÓXIMA CARTEIRA


jornal Folha de S. Paulo 05/03/2012 – Roberto Dias

Deixe em casa os cartões de crédito e débito, as notas e moedas e o talão de cheques. Pegue apenas o celular.

A próxima revolução da telefonia deve mudar a forma como pagamos as contas.

Uma corrida frenética une fabricantes de aparelhos, teles, bancos, operadoras de cartão e desenvolvedoras de chips para fazer do celular (também) a sua carteira.

Esse foi um tema central do Mobile World Congress, maior evento do setor de telefonia, realizado na última semana em Barcelona.

Diferentes tecnologias impulsionam a corrida. A estrela, já não tão nova, se chama NFC ("near field communication", na sigla em inglês).

É uma transmissão de dados sem fio que funciona ao aproximar o celular do terminal de cobrança. Um processo parecido com o que ocorre hoje com os cartões, mas não é necessário contato.

As novidades nesse front se acumulam.

No mês que vem, a Vodafone, gigante global da telefonia, vai oferecer serviços de cobrança com NFC em cinco países europeus, numa parceria com a Visa.

A Visa que, por sua vez, se uniu à Samsung para colocar nas ruas de Londres, nos Jogos Olímpicos deste ano, um sistema de pagamento via celular que vai funcionar até no transporte público.

Nos EUA, o Google lançou, em setembro passado, a Google Wallet, no celular Nexus S, da Samsung, com cartões da MasterCard. Em breve, modelos da LG terão o serviço.

Ainda no mercado americano, um grupo chamado Isis, união das operadoras AT&T, Verizon e T-Mobile, lançará neste ano sua própria carteira para celular.

Com tantos atores de áreas tão diferentes para agrupar, fica fácil entender por que a revolução demorou a deslanchar -já se vão mais de seis anos desde que a revista "Economist" publicou reportagem sobre o NFC sob o título "Num futuro muito em breve".

A GSMA, associação de operadoras e fabricantes de celulares, acredita que o "muito em breve" chegou.

Estima que nos próximos três anos será vendido 1,5 bilhão de celulares com tecnologia NFC, o que equivale a um quarto do total de linhas existentes hoje no mundo.

E O BRASIL?

As empresas veem uma chance clara de lançar no Brasil celulares capazes de substituir os cartões e enxergam também um grande caminho de inclusão bancária, já que 40% da população não tem conta corrente. A Visa diz conversar com teles brasileiras para implementar a tecnologia, mas não dá prazo.

A vantagem é que já há uma base grande instalada de aparelhos e cartões com chip. "Dar o passo para o celular é mais fácil a partir daí", diz Rodrigo Meirelles, diretor da Visa para pagamentos móveis na América Latina.

O xadrez passa pelo governo. O Ministério das Comunicações defende que o dinheiro que girar nos celulares esteja atrelado a uma conta bancária -algo que será discutido com o Banco Central ainda neste mês.

SEU CELULAR, SUA CARTEIRA

Entenda a tecnologia que transforma o telefone em dinheiro

O chip
O consumidor possui um celular que tem dentro um chip de tecnologia NFC ("near field communication")

O terminal de cobrança
O vendedor também possui um aparelho com essa tecnologia, no qual é introduzido o valor da cobrança

Opções de pagamento
O usuário escolhe como quer pagar a conta. Há várias possibilidades, como:
débito: o celular pode estar vinculado à conta corrente de um banco
crédito: vários cartões podem estar armazenados dentro do celular; basta o consumidor escolher qual quer usar
fidelidade: cartões que acumulam pontos por relacionamento também podem ser usados

No sensor
Na hora de pagar a conta, o consumidor aproxima seu celular do aparelho da loja a no máximo 2,5 centímetros de distância

Segurança
O cartão com tecnologia NFC recebe energia e é "ligado", acionando uma parte protegida do SIM card do celular, onde ficam os dados financeiros. O consumidor digita no celular a senha de seu cartão

Finalizando
Ele aproxima novamente o celular do aparelho da loja, e a transação é concluída



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