jornal Valor Econômico 01/03/2012 - Natalia Viri e Aline
Lima
O Rothschild & Sons foi o banco escolhido pelos
acionistas da Redecard para elaborar o laudo de avaliação do preço da ação da
empresa de cartões, a ser feito com base em seu valor econômico. O documento
servirá de referência para a oferta pública de aquisição (OPA) de ações para o
fechamento de capital da credenciadora.
Fontes que compareceram ontem à assembleia disseram que a
escolha ocorreu sem percalços e sem manifestações oficiais por parte dos
acionistas presentes. Um grande número de investidores se absteve do voto e,
dentre os votantes, o nome do Rothschild foi aprovado com ampla maioria.
As outras duas instituições financeiras concorrentes,
recomendadas pelo conselho de administração da Redecard, eram o Credit Suisse e
o Bank of America Merrill Lynch (BofA). Ambos têm uma cobertura sistemática das
ações da Redecard, sendo o preço-alvo definido pelo BofA para os próximos 12
meses de R$ 34,5 por ação, e o do Credit Suisse, de R$ 35. O Itaú Unibanco,
controlador da Redecard, propôs o pagamento máximo de R$ 35 por ação para
fechar o capital da credenciadora.
Os acionistas ouvidos pelo Valor se dividiram em relação à
aprovação. A maioria preferiu a escolha do Rothschild, uma vez que a avaliação
das divisões de análise das outras duas instituições apontam preço próximo ao
oferecido pelo controlador.
O Rothschild promete também ser mais rápido na entrega do
laudo de avaliação. No edital de convocação, o prazo proposto pelo Rothschild
para apresentar a primeira minuta do laudo é de duas semanas, ao passo que o
BofA pedia 20 dias corridos e o Credit, 30 dias. Entre as três propostas, não
havia diferença quanto ao preço a ser cobrado pela elaboração do laudo. Todos
os bancos exigiram R$ 2 milhões pela prestação do serviço.
Após a divulgação do laudo de avaliação, a discussão em
relação ao preço a ser oferecido pelo fechamento de capital da Redecard deve
ganhar contornos mais tensos. A maioria dos analistas de mercado aprovou o valor
oferecido pelo Itaú e recomendou adesão à oferta. Mas, entre os investidores,
há quem acredite que o preço justo dos papéis possa girar em torno dos R$ 50.
A percepção do mercado, por ora, é de que a oferta do Itaú
não chegará a esse preço. No entanto, cresce o coro dos investidores que
acreditam que o controlador possa oferecer um prêmio sobre os R$ 35
inicialmente propostos para levar adiante o fechamento de capital da
subsidiária. "Não me surpreenderia se a oferta chegar nos R$ 40", afirmou
o gestor de um fundo com grande posição em Redecard.
Para fechar o capital da empresa, o Itaú precisa que
acionistas representantes de pelo menos dois terços das ações em circulação
aceitem o preço e vendam seus papéis. Se minoritários representantes de pelo
menos 10% dos papéis em circulação da companhia não concordarem com o laudo
elaborado pelo Rothschild, podem convocar uma assembleia de acionistas para
deliberar sobre a elaboração de uma nova avaliação.
Na ata da assembleia divulgada pela Redecard, a empresa não
informou o percentual de acionistas que compareceram à reunião. O Valor apurou
que investidores representantes de cerca de 80% das ações em circulação estavam
presentes. O percentual mínimo exigido pela regulação do Novo Mercado é de 20%.
(Colaborou Ana Paula Ragazzi)
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