jornal Valor Econômico 17/02/2012 - Aline Lima e Thais
Folego
Regis Filho/Valor
Lima, da Braspag: parceria para a compra de passagem aérea por estrangeiro |
Com quase R$ 20 bilhões em vendas e cerca de 8 milhões de
novos clientes só em 2011, o segmento de comércio eletrônico no país começa a
ser disputado pelas empresas de cartões. Cresce a competição, principalmente,
no segmento chamado de "gateway" - responsável pela captura e
processamento dos pagamentos das vendas on-line. O Valor apurou que a Redecard,
ainda fora desse segmento, está em negociações para a aquisição de uma empresa
do ramo. A Braspag, que pertence à sua principal concorrente, Cielo, acaba de
fechar parceria com a americana SafetyPay.
Os chamados gateways de pagamentos fazem o link entre os
clientes e os varejistas on-line, oferecendo diversas formas de liquidação de
compras e serviços, como cartão de crédito, débito em conta corrente e boleto
bancário. Com essa ferramenta, as empresas de cartões conseguem colocar à disposição
do comércio eletrônico a cadeia completa de pagamentos.
O acordo fechado pela Braspag com a SafetyPay permitirá a
aceitação de pagamentos de pessoas não residentes no Brasil, importantíssimo
para impulsionar as vendas do setor de aviação, por exemplo, um dos mais ativos
nas vendas pela web. Com a realização da Copa do Mundo em 2014, muitos
estrangeiros terão de comprar passagens para destinos domésticos.
E não são apenas as credenciadoras como Redecard e Cielo que
estão de olho nesse filão. As bandeiras internacionais Visa e Mastercard também
se mexem para -entrar na disputa. A Visa trouxe no ano passado para o Brasil a
operação da CyberSource, gateway mundial adquirida por US$ 2 bilhões em abril
de 2010. Entre seus clientes estão Louis Vuitton, Google, Microsoft e as aéreas
LAN, Air Canada, British Airways e Turkish Airlines.
Além do serviço de pagamento, a CyberSource atua na área de
segurança do pagamento (armazenamento dos dados do consumidor) e de prevenção a
fraudes. Foi o serviço de prevenção a fraudes, aliás, que serviu de porta de
entrada para a companhia no Brasil, sendo oferecido há cerca de cinco meses.
"Nos próximos meses, lançaremos também o serviço de gateway local",
avisa Fernando Marques de Souza, diretor-geral da CyberSource no Brasil.
A Mastercard, que em agosto de 2010 adquiriu a britânica
DataCash por US$ 520 milhões, espera fechar seu primeiro contrato com uma
varejista no Brasil até a metade deste ano, diz o vice-presidente de vendas
Luiz Guilherme Roncatto. O prazo para o sistema ser implementado e entrar em
funcionamento seria um pouco mais longo, até o fim de 2012.
Para a Mastercard, além da oferta de soluções de tecnologia
para pagamentos on-line converter-se em mais uma fonte de receita, ter uma
empresa de gateway ajuda também a acelerar o desenvolvimento de soluções para
pagamentos por meio do telefone celular ("mobile payment") e,
futuramente, da TV digital. "Não quero depender de um integrador que faça
a ponte com a gestão do fluxo de caixa e de estoque do estabelecimento, por
exemplo, para colocar essas soluções no mercado", diz Roncatto.
Enquanto Visa, Mastercard e Redecard se movimentam para
começar a disputar o mercado de gateway, a Braspag busca consolidar sua
liderança. Ao fechar parceria com a SafetyPay, a empresa de soluções de
pagamentos on-line da Cielo tenta reforçar sua presença nos setores de aviação
e turismo, de olho na horda de turistas que devem chegar ao Brasil para a Copa
do Mundo e Olimpíada. A Braspag, que tem hoje a TAM como cliente, está em
negociações com outras aéreas. "Nosso plano estratégico para 2012 está
bastante focado nesses setores" afirma Luis Lima, diretor comercial da
Braspag.
A parceria com a SafetyPay pode dar um empurrãozinho nessas
negociações. A solução da empresa americana permite que consumidores
estrangeiros façam compras em sites brasileiros (e vice-versa), uma vez que o
pagamento é debitado diretamente da conta corrente do comprador - desde que ele
seja um usuário do canal de internet banking, ambiente no qual a transação é processada.
O sistema difere das demais soluções existentes no mercado brasileiro, baseadas
quase que exclusivamente na compra por meio de cartões de crédito emitidos por
bancos locais.
A SafetyPay tem acordos com 37 bancos no mundo, sendo 2 no
Brasil - HSBC e Banrisul. "Estamos também para fechar contrato com dois
dos maiores bancos privados", diz Ronald Wieselberg, vice-presidente de
desenvolvimento de negócios da SafetyPay. O custo do serviço para o lojista
depende do volume de transações proporcionado pelo estabelecimento, mas a
comissão (taxa de desconto) varia, em média, de 3% a 3,5% do valor de cada
pagamento efetuado.
De acordo com a Câmara Brasileira do Comércio Eletrônico
(camara-e.net), o e-commerce nacional deve fechar 2011 com R$ 18,7 bilhões em vendas,
crescimento de 26% em relação a 2010.
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