Jornal do Comércio 24/02/2012
O uso de terminais móveis que fazem transações com cartões
de crédito, débito e tíquetes alimentação e refeição dobrou no ano passado. A
previsão é de manter o ritmo nos próximos anos. Os números de Cielo e Redecard,
as duas maiores credenciadoras de lojistas para bandeiras de cartões do País,
como Mastercard e Visa, mostram que, depois de se espalharem por bares e
restaurantes, essas maquininhas começam a chegar a outros tipos de comércio,
como supermercados, feiras de rua, vendedores porta a porta, entregadores e até
salões de beleza. Para crescer nesse negócio, juntas as duas empresas que
concentram esse mercado prometem investimentos de R$ 800 milhões em 2012.
A invasão das máquinas móveis no comércio brasileiro é
motivada pelo crescimento dos pagamentos com cartões de crédito e débito nos
últimos anos, roubando espaço do cheque e dinheiro. Dados do Banco Central
mostram que as transações com cartões de crédito e débito saltaram 137% entre
2005 e 2010, somando 6,2 bilhões de operações em 2010, segundo os números mais
recentes. Já o uso de cheques caiu 34% no mesmo período, para 1,6 bilhão de
operações.
Com o avanço dos pagamentos por meios eletrônicos, as
empresas de cartões descobriram que podem ganhar uma receita extra criando um
terminal móvel (ou POS, de terminal de ponto de venda, na sigla em inglês), com
maior valor agregado, capaz de ser levado até o cliente. Os executivos das
credenciadoras não falam em valores, mas lojistas relatam que um POS móvel é em
torno de 30% mais caro que um aparelho comum, mas a diferença é compensada pelo
fato de não se precisar pagar a ligação telefônica para efetuar a transação,
além de facilitar a vida dos clientes, que não precisam mais ir ao caixa.
Na Cielo, a participação dos terminais sem fio chegou a 30%
da base total de aparelhos. Já são quase 400 mil maquininhas móveis instaladas
nos estabelecimentos. “Esse número vem crescendo a cada trimestre e vai
aumentar mais”, afirma o presidente da empresa, Rômulo de Mello Dias,
destacando que a Cielo vai destinar R$ 300 milhões em 2012 para modernizar seu
parque tecnológico, investindo em mobilidade e novas tecnologias.
O executivo cita que, além da vantagem da mobilidade para o
lojista e o cliente, esse terminal tem outro atrativo. Quem paga a conta de
telefone para a captura das transações é a Cielo, que negocia os preços
diretamente com as operadoras de telefonia. Por isso, mesmo que o terminal
custe mais para o lojista, esse preço maior é compensado na economia com a
conta de telefone.
Na Redecard, 100 mil novos terminais móveis foram instalados
em 2011. No final de 2010, esses aparelhos eram responsáveis por 10% da base
total de equipamentos para captura de transações com cartões da empresa, de
1,066 milhão de aparelhos. Em dezembro último, o percentual saltou para 19% da
base.
“Esse terminal virou item de desejo para alguns
estabelecimentos”, destaca o presidente da Redecard, Cláudio Yamaguti. Clientes
que não tinham um terminal móvel estão pedindo o aparelho à empresa, como
salões de beleza e redes de varejo. “O lojista percebe maior valor agregado no
terminal sem fio e o que nos permite cobrar mais pelo aparelho.”
Para 2012, a Redecard deve continuar investindo em POS sem
fio e na expansão e melhoria tecnológica do seu parque de terminais. Para isso,
vai investir R$ 500 milhões, mais que o dobro de 2011. Uma das novidades
criadas pela empresa é um POS com tela sensível ao toque.
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