jornal Brasil Econômico 15/03/2012 – Flávia Furlan e Jiane
Carvalho
“Somos uma empresa de tecnologia, que por um acaso tem um
cartão.” Com a frase bem humorada, o presidente da MasterCard para a América
Latina e o Caribe, Richard Hartzell, descreve o atual cenário de competição no
mundo dos meios eletrônicos de pagamento. Em entrevista exclusiva ao BRASIL
ECONÔMICO, ele destaca que a bandeira tem investido cada vez mais em tecnologia
para se manter competitiva.
A abertura do mercado de credenciamento de bandeiras em
junho de 2010, que permitiu a aceitação dos cartões MasterCard, já processados
pela Redecard, também pela Cielo, antes exclusiva da Visa, reforçou esta visão.
“Este processo foi importante e todos ganharam com a ampliação da rede de
estabelecimentos que aceitam várias bandeiras. Com isso, o diferencial
tecnológico, as funcionalidades oferecidas passam a ser fundamentais na
conquista de mercado”, diz Hartzell.
A aposta mais recente da MasterCard para o mercado
brasileiro é uma plataforma que permite ao portador do plástico determinar
como, onde e quando as compras podem acontecer, tanto para o cartão titular
quanto para os adicionais.
“Com a nossa plataforma, o cliente pode dizer que o cartão
não deve ser usado em certa loja e, por exemplo, depois das 10 horas da noite”,
explica o presidente da companhia. Chamada de in Control, a plataforma web e
integrada à rede da bandeira permite ao portador criar parâmetros e controles
das transações antes de elas serem realizadas, por meio de restrições ou alertas.
A ferramenta está disponível nos Estados Unidos desde 2007,
quando a MasterCard, que hoje é capaz de realizar 160 milhões de transações em
média por hora no mundo, uniu forças com a irlandesa Orbiscom, prestadora de
serviços em pagamentos.
Bancos como Citi e Bank of the West, nos Estados Unidos, e o
Barclays, no Reino Unido, disponibilizam o serviço aos clientes. Agora a
bandeira já está trabalhando com emissores no Brasil para implementação da
plataforma, o que está em fase de testes.
De acordo com João Pedro Paro Neto, vice-presidente
comercial da MasterCard Brasil, a plataforma inControl também pode ser usada
pelos cartões corporativos, limitando os gastos apenas a hotéis, por exemplo.
“O mercado corporativo para cartões no Brasil é ainda virgem e soluções como
esta podem ajudar.” Hoje, cartões para pessoas jurídicas têm menos de 5% de
representatividade na indústria.
Outras duas tecnologias em que a MasterCard investe são o
pagamento por celular e os chamados “sem contato”—com leitura que dispensa as
tradicionais maquininhas e tem tíquete baixo para uso em estacionamento, por
exemplo. “O uso do celular ainda é pequeno porque os acordos com operadoras são
difíceis, mas acredito no potencial do produto, que pode ajudar na inclusão
bancária”, afirma Hartzell, lembrando que no Brasil há mais celulares do que pessoas
bancarizadas.
Além disso, em relação às operadoras, o executivo conta que
demorou para elas se despertarem para a necessidade de fazer alianças com
outros agentes do mercado, como os bancos e as bandeiras. “Esta fase já passou.
Hoje as operadoras entenderam que precisamos fazer este mercado avançar juntos,
em parceria.”
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