jornal DCI 06/03/2012 - Bruno de Oliveira
Após a expansão geográfica em mercados como Argentina, Chile, Colômbia e
Estados Unidos, a brasileira Bematech, fornecedora de equipamentos e software
para os setores varejista e hoteleiro, e rival da gigante americana Micros
Systems, estuda propostas de negócios no Leste Europeu, mais precisamente na
Ucrânia. "É uma região que terá de passar por mudanças significativas na
estrutura de arrecadação fiscal no curto prazo, além de possuir uma demanda
crescente por automação comercial no varejo, configurando em uma oportunidade
importante para a empresa", disse Cleber Morais, presidente da Bematech.
Hoje, a operação internacional da empresa responde por 8% do seu faturamento.
O executivo acredita que o mercado de varejo está se profissionalizando
cada vez mais nos países emergentes do continente europeu. "Até mesmo as
empresas de pequeno porte, seja na Hungria ou na Croácia, se vêem obrigados a
procurar diferenciais que os tornem mais competitivos diante dos grandes
conglomerados. Muitas vezes, as empresas encontram em novos softwares o
diferencial que estavam procurando", explica Morais.
Para disputar este mercado com as grandes empresas de software do mercado
global, como a alemã SAP e a norte-americana Oracle, a Bematech vai apostar em
sua experiência no mercado brasileiro de pequenas e médias empresas varejistas.
"Se analisar o mercado, vai perceber que estas empresas grandes vêm
encontrando dificuldades para competir conosco nesta base segmentada na qual
somos líderes no mercado brasileiro", conta o executivo.
Morais aponta que a Bematech possui cerca de 20% da fatia do mercado de
tecnologia voltado para o varejo nacional, volume este que a torna líder do
mercado no País. Em 2010, a empresa faturou cerca de R$ 326,4 milhões e, desde
2007, já investiu R$ 260 milhões em aquisições de sete empresas de software. A
última foi a CMNet, desenvolvedora de sistemas para hotéis. Com a transação, a
fabricante de sistemas de automação comercial passa a deter 100% do capital
social da companhia, da qual já detinha 51% de participação desde 2009. Para
adquirir os 49% restantes, a Bematech vai desembolsar R$ 50 milhões.
Sistemas
Sob a gestão de Morais desde abril de 2011, a companhia espera que em três
anos o segmento de software seja responsável por metade da receita. No primeiro
trimestre de 2011, o percentual do faturamento vindo da área de software e
serviços foi de 23%, totalizando R$ 16 milhões, enquanto há um ano o percentual
era de 14%. Segundo aponta Morais, o mercado de varejo está passando por uma
fase de amadurecimento e se profissionalizando.
"A onda de consolidações tem acelerado a adoção de software pois
estimula os concorrentes a usarem certos sistemas para tentar se diferenciar e
enfrentar a concorrência dos grandes grupos varejistas" afirma Morais, que
não descarta continuar fazendo aquisições para reforçar a área.
Além das compras, a empresa também investe em pesquisa para criar novos
softwares que possibilitem o crescimento da receita na área. Uma das apostas da
Bematech é o sistema que liga os iPads utilizados para captar o pedido dos
clientes diretamente às cozinhas dos restaurantes, além de outras soluções para
dispositivos móveis. O investimento total em desenvolvimento de produtos em
2010 foi de R$ 19 milhões.
Hardware
Apesar do crescimento da receita vinda da área de software, que foi de
13,7% no primeiro trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2010,
o faturamento total da empresa em hardware não tem apresentado os mesmo índices
positivos.
De janeiro a março, foi contabilizada uma queda de 14,4% sobre o ano
anterior. Apesar dos resultados, o presidente da Bematech diz que os
equipamentos ainda são importantes para a empresa, uma vez que estão embarcados
nos serviços prestados.
"Quando o cliente adquire um serviço da empresa, geralmente ele compra
também uma impressora fiscal, um leitor de código de barras, etc. Não somos
mais uma empresa dependente da receita do hardware, mas ainda é algo muito
importante nos números da empresa", diz Morais.
O lucro também foi negativo, com queda de 28,9% no período, números que
mostram motivos para que a empresa invista na diminuição da dependência da
companhia do setor de hardware para varejo. "O ano de 2011 foi um período
de consolidação dos negócios da empresa depois das várias aquisições que
realizamos. Esperamos que o desempenho seja melhor daqui pra frente", diz
o executivo.
A empresa tem clientes como Leroy Merlin, Subway e O Boticário. A empresa
concentra sua produção em fábricas na China e na cidade de Curitiba, no Estado
do Paraná.
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